"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

domingo, 6 de outubro de 2013

É PRECISO TER PACIÊNCIA ATÉ O ESTADÃO PARAR DE CHORAR PELO SERRA

É preciso ter paciência até o Estadão parar de chorar pelo Serra.
Hoje Aécio Neves (PSDB-MG) dá entrevista ao Estadão e em mais da metade da mesma é o velho jornal paulistano tentando colocar José Serra (PSDB-SP) como candidato no jogo presidencial . O Estadão pratica o serrismo com devoção e, por isso, devemos ter paciência até passar o luto. Leiam, abaixo, a entrevista. E tentem encontrar propósito para, com tanta coisa a perguntar a um presidenciável, o repórter insistir tanto em colocar o Serra no centro da entrevista. Por isso, a entrevista merece o selo da nossa série...
 
 
A PARTE SERRA DA ENTREVISTA ESTÁ EM ITÁLICO

O senador Aécio Neves (MG), presidente do PSDB, reconhece ter apoio majoritário de sua legenda para enfrentar nas urnas a presidente Dilma Rousseff e planeja para o ex-governador José Serra a função de ajudar a coordenar o programa de governo tucano e de pensar "o novo discurso do PSDB".

Mas repete, várias vezes, que Serra ainda pode ser o escolhido para representar os tucanos na disputa de 2014. O discurso faz parte do acordo que levou meses para ser costurado e que garantiu a permanência do ex-governador no partido. A conciliação entre Aécio e Serra foi negociada em nome da batalha contra o PT.

Como o senhor e o ex-governador avaliaram a repercussão da permanência dele no PSDB?

Nunca concebi o PSDB sem o Serra porque acredito nas coisas lógicas e o lógico é estarmos juntos. O Serra é, sim, um nome para ser examinado no momento certo. Pode haver hoje uma posição majoritária em torno do meu nome? É uma possibilidade. Mas não tive e não tenho, independentemente da presidência do partido, interesse em antecipar a decisão de candidatura. Eu tenho que ter hoje a mobilidade necessária para andar pelo País, como presidente do PSDB, construindo essa nova agenda.

Mas o senhor sai na frente porque o cargo de presidente da sigla, para correr o Brasil, é um só.

Mas sou presidente do partido porque o partido me escolheu e não porque pedi para ser. E estou cumprindo o meu papel, como o Serra cumpriu quando foi também presidente do partido, né? Mas o que há hoje é uma consciência muito clara de que a nossa unidade é o instrumento mais valioso para enfrentarmos o PT. E se nós temos diferenças de pensamento sobre isso ou aquilo, não temos no essencial. Queremos que esse ciclo de governo se encerre porque ele fracassou.

Qual será o papel de Serra na campanha eleitoral?

Ponto um: o Serra sempre será um nome a ser avaliado pelo PSDB para qualquer cargo, inclusive para a candidatura presidencial, não temos porque antecipar esse jogo. Ponto. Se eventualmente não for o candidato, ele tem, pelo capital político, pelo capital eleitoral e pela formação pessoal, condição de nos ajudar a coordenar essa agenda. Pode ser uma figura exponencial na construção do novo discurso do PSDB. A agenda em curso hoje no Brasil foi a proposta por nós há 20 anos. Não tem agenda nova.

Ele ajudaria a propor uma agenda nova?

Não só para o próximo governo, mas para os próximos 20 anos, com novas políticas sociais, uma nova relação com o setor privado, não essa canhestra que se faz aí agora.

O senhor se vê em um palanque pedindo voto para o Serra ou ele pedindo voto para o senhor?

Sempre, até porque já me vi várias vezes e está gravado. Nós fizemos duas campanhas ao lado do Serra em Minas e tenho certeza de que ele fará ao meu lado. Ele fará campanha para o candidato do PSDB, assim como eu farei campanha para o candidato do PSDB. O que nos une é nossa repulsa a tudo isso que está acontecendo.

AGORA A PARTE NÃO SERRA DA ENTREVISTA:

Como o quê, por exemplo?
Na construção política, por exemplo, que é hoje um verdadeiro "vale-tudo". É dinheiro público sustentando a base, porque agora coopta-se parlamentares oferecendo emendas, oferecendo dinheiro público. O gravíssimo e vergonhoso aparelhamento de programas sociais do governo como o Minha Casa, Minha Vida pelas associações ligadas ao PT que tem que ser denunciado à Justiça, como o PSDB está fazendo. O PT perdeu o limite do que é público e do que é privado

Acha que pode haver uso da máquina pública para tentar eleger como governador de São Paulo o ministro Alexandre Padilha?

Acho que já está se fazendo no Brasil. Inclusive a presidente anunciou que "na eleição a gente faz o diabo". E começou já a fazer o diabo. Essa bilionária propaganda querendo vender um País que não é real, como um País que acabou com a pobreza. Eu convido a presidente a descer do "aerodilma", da sua segurança que em cada lugar é mais ostensiva, que impede o contato pessoal com as pessoas, né? Então que ela pegue aí uma motocicleta, se ela gosta mesmo de andar de motocicleta... Eu posso até dar uma carona para ela conhecer o Brasil real. O Brasil real está desanimado, desalentado, não recebe investimentos, isso é perceptível e não se consegue mascarar a realidade durante muito tempo. E a campanha é o momento de nós desnudarmos o mau governo do PT.

E o que o PSDB está fazendo?

Nossa preocupação é consolidar o PSDB como a principal alternativa de oposição. Nossa primeira preocupação era manter a unidade do partido. Fizemos um enorme esforço para consolidar essa unidade e ela é expressada hoje com a presença do Serra e do (senador) Álvaro Dias (PSDB-PR). Paralelamente, meu esforço tem sido construir o discurso do PSDB. Reaproximar a legenda de setores dos quais já estivemos próximos e nos distanciamos.

Quais setores?

Jovens, profissionais liberais, jovens empreendedores e nosso programa foi muito focado nessa construção, resgatando um pouco a ideia de que quem muda o mundo são as pessoas que estudam, que trabalham, que buscam crescer na vida e não através do Estado. Porque é com isso que vamos nos contrapor à visão atrasada e equivocada do governo de que a transferência de renda feita pelo Estado é que vai te permitir ter uma vida melhor. Quando criticamos a política econômica é porque deixamos de gerar empregos de boa qualidade.

Uma das bandeiras do PT em 2014 será divulgar programas de financiamento estudantil, de capacitação profissional. O vice-presidente Michel Temer falou que o governo tem tantas bandeiras que a oposição está sem bandeira.

Eu acho o contrário. O PT se apropriou das bandeiras do PSDB. O PT abdicou do seu projeto conceitual de País para incorporar as bandeiras do PSDB, como a da estabilidade econômica, da Lei de Responsabilidade Fiscal, das políticas de transferência de renda, da concessão de serviços públicos. A agenda que está em curso hoje no Brasil é a agenda construída pelo PSDB. Nós temos um software pirata no Brasil, porque o original é nosso.

Não vai ficar repetitivo?

Não, por isso precisamos retomar, porque ele está mal conduzido. Mesmo essas políticas tidas como de alcance social mostraram seu esgotamento. Voltamos a ter crescimento do analfabetismo, porque o PT se contenta com a administração da pobreza. Para nós o essencial é a superação da pobreza. A pobreza tem que ser vista em três dimensões: privação da renda, privação de serviços e a privação de oportunidades. O governo apostou exclusivamente no crescimento pelo consumo e a partir da oferta de crédito farto, que foi importante, mas jamais poderia ter sido a única aposta. Hoje, mais de 60% das famílias estão endividadas e isso era previsível.

06 de outubro de 2013
in coroneLeaks

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