A surpreendente aliança de Eduardo Campos com Marina Silva ainda precisará ser "metabolizada", para usar um termo do marinês, mas o fato é que deve ter provocado uma tremenda indigestão em Dilma Rousseff e Lula.
Aliás, este pareceu ser o objetivo inconfesso de uma Marina "bolada", embora segura, que lançou mão de um sarcasmo até então ausente de suas falas e culpou o PT, seu antigo partido, por "aviltar" a democracia ao supostamente agir contra a Rede.
Campos fez jus à fama de bom articulador político e, enxergando a oportunidade, soube dizer exatamente o que Marina queria ouvir: que a Rede existe e é "legítima".
Aos aliados que se espantaram com o fato de aceitar até ser vice, mesmo tendo o triplo das intenções de voto do aliado, Marina mostrou pragmatismo: quem tem partido e máquina é ele. Se as condições mais adiante vão levar a uma mudança de planos, é algo que partidários de Campos não discutem agora.
Uma chapa com os dois seria forte pelo simbolismo: são ex-ministros de Lula, ambos com trajetória de esquerda. Seria mais difícil para o PT fazer o discurso do bem contra o mal das últimas eleições.
O fim da polarização afeta também Aécio Neves. Para se contrapor à nova força que surge e pode ocupar o espaço de oposição, o tucano terá de ir atrás de aliados que sobraram no tabuleiro, como o PPS de Roberto Freire.
06 de outubro de 2013
VERA MAGALHÃES - Folha de São Paulo
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