"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quinta-feira, 19 de março de 2015

PRESIDENTE SITIADA




O PT perdeu o controle das ruas, não tem mais o monopólio da mobilização das massas

Superou todas as expectativas: cerca de dois milhões de brasileiros foram às ruas em várias cidades do país para protestar contra o governo Dilma e o PT. São Paulo liderou, com metade deste montante. Em todo lugar, foi um ambiente de muita revolta e indignação, mas pacífico e familiar. Em Copacabana, levei minha filha e vi várias crianças e adolescentes. Os mascarados infiltrados não tiveram vez.

O contraste fica evidente: na sexta-feira 13, pelegos da CUT e “soldados” do “exército de Stédile” colocaram alguns gatos pingados nas ruas, a maioria em troca de mortadela e R$ 35. Havia ali até imigrantes que nem falam português. Foram apenas pelo dinheiro. Um “protesto” chapa-branca esquizofrênico, contra o governo, mas a favor de Dilma.

O PT perdeu o controle das ruas, não tem mais o monopólio da mobilização das massas. Fala em nome dos trabalhadores, mas os esfola com a inflação elevada e os impostos crescentes. Precisa pagar para reunir algumas pessoas em defesa da presidente, e faz isso em dia de semana, pois os “trabalhadores” ali presentes não trabalham: querem somente esmolas estatais.

Já no domingo os verdadeiros trabalhadores trocaram o dia de descanso pelo dever cívico de se manifestar contra um governo mentiroso, incompetente e corrupto. Sem organização partidária, foi um protesto totalmente espontâneo da parcela da população que não aguenta mais tanta roubalheira e cinismo. Essas pessoas querem um país melhor, desejam resgatar o direito de sonhar com o futuro, manter a esperança usurpada pelo governo.

A reação do PT e de seus militantes virtuais foi a pior possível, o que só joga mais lenha na fogueira. Primeiro, acusaram os manifestantes de “golpistas da elite”, como se fosse algum golpe gritar “fora Dilma” nas ruas, e como se fosse apenas a elite por trás dessa manifestação. Mesmo o impeachment, que era parte da agenda de alguns manifestantes, é um instrumento constitucional que foi usado contra Collor pelos próprios petistas. E naquele tempo não era “golpismo”.

Depois, quando viram o tamanho da coisa, resolveram repetir que só tinha eleitor do Aécio nas ruas, e que o governo Dilma é muito democrático e tolerante. Dilma escalou dois ministros para dar seu recado, mas o tiro saiu pela culatra. Cardozo, ministro da Justiça, insistiu na abertura ao diálogo do governo, o que todos sabem ser um mito. E ainda posou de grande defensor da democracia, um sujeito que já palestrou no Foro de São Paulo a favor de Cuba e Venezuela. É como Suzane von Richthofen enaltecendo o amor aos pais!

Para piorar a situação, Cardozo puxou da cartola a “reforma política”, que o PT tem tratado como panaceia para o problema da corrupção. Repetiu a importância de se adotar o financiamento público de campanha, como se a culpa do petrolão fosse das empreiteiras apenas, e não dos corruptos do PT. Não cola.

Essa não era a pauta das manifestações. A voz das ruas não pede reforma política; deseja mudança de governo!

Enquanto os ministros defendiam o governo Dilma, novo “panelaço” ecoou pelo país. O governo continua negando a realidade, tratando os brasileiros como uma cambada de idiotas. Dilma sequer teve a coragem de falar diretamente com a população. A presidente já não pode circular pelas ruas do Brasil, pois sabe que será alvo de vaias. Agora não consegue nem se dirigir aos telespectadores pela TV. É uma presidente acuada, sitiada. E ainda faltam 45 meses de segundo mandato!

O que vai ser daqui para frente ninguém sabe ao certo. A situação de Dilma parece insustentável. O escancarado estelionato eleitoral em curso retirou qualquer legitimidade da presidente. A tentativa de jogar a culpa sempre para ombros alheios e a incapacidade de admitir erros fizeram de Dilma uma governante fraca, pois uma estadista jamais agiria assim. O PMDB, da base aliada, está cada vez mais afastado e rebelde. A governabilidade não existe mais.

O PT definha, em pânico. Lula, o responsável por isso tudo, ainda vai conseguir destruir o partido que ajudou a criar. Os brasileiros que têm olhos para enxergar já sabem que o único projeto do lulopetismo é se agarrar ao poder para sempre. Inspiram-se nos chavistas. Nunca ligaram para os pobres. Gostam mesmo é da pobreza e da ignorância, pois garantem um mercado cativo para seu populismo.

O Brasil vive uma subversão de valores. Banalizaram e institucionalizaram a corrupção. A ética foi jogada no lixo. Lula achou que era possível comprar todos. Não é. Está chegando a hora do acerto de contas com quem se recusou a se vender por migalhas estatais.

19 de março de 2015
Rodrigo Constantino é Economista e presidente do Instituto Liberal.

Nenhum comentário:

Postar um comentário