A sociedade está impondo um novo padrão de relacionamento com os dirigentes políticos que estes ainda não perceberam ou fingem ignorar.
Já vão longe os tempos marcados por lideranças definidas com as quais podiam dialogar e barganhar oportunisticamente, sempre de olho nos ganhos de poder.
Com a incrível celeridade das comunicações e a fluidez das redes sociais, qualquer manifestação reivindicatória, principalmente as de média e grande magnitude, como o recente movimento dos caminhoneiros e os protestos do último dia 15/03, não respondem a uma coordenação centralizada mas a um tipo de liderança fragmentada que sabe o que quer sem precisar de sindicatos e falsas representações.
É provável até que tal tendência constitua um prenúncio da extinção do político profissional como o conhecemos hoje e que o exercício da política tenha que se desenvolver segundo novos modelos, mais diretos e sem tanta corretagem.
Não se trata, portanto, de prometer diálogos sem substância ou de assumir falsas atitudes de humildade, mais parecendo conversa de botequim, conforme mostra a aparição da Presidente no dia seguinte aos protestos nacionais, mas de dar exemplos de transparência e coerência, o que não aconteceu durante esses mais de 12 anos de PT, ao longo dos quais foi enfatizada tão somente a construção de um projeto duradouro de poder.
Isso é entender o recado das ruas.
O resto é mais do mesmo.
19 de março de 2015
Paulo Roberto Gotaç é Capitão de Mar e Guerra, reformado.
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