"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sexta-feira, 30 de maio de 2014

O IMPÉRIO DAS MENTIRAS - PARTE II: A MENTIRA NOS ALICERCES DA DIREITA ATUAL

Artigos - Globalismo

Para um agente de influência guiar políticos e analistas rumo à direção “correta”, basta que se use corretamente as fraquezas humanas.
A contínua e fracassada tentativa direitista de conter a onda socialista que divide politicamente a própria direita em subgrupos antagonistas é indício do fato de que os agentes foram enviados há muito tempo para essa operação de infiltração ― e eles já cumpriram a missão.

Você talvez já tenha tentando imaginar por qual razão a União Soviética e a Internacional Comunista nunca pensaram em se infiltrar na direita americana. Mas, e se eles já fizeram isso? Com efeito, eles já devem ter feito isso, pois os comunistas sempre se infiltram e pervertem seus inimigos, e a direita americana é o coração do lado capitalista. Sendo assim, é inconcebível que eles não tenham se infiltrado na direita. Isso significa que eles estão aqui e agora no meio de nós (dado que os comunistas nunca foram embora, a despeito do que aconteceu entre 1989 e 1990). Esta última afirmação não deve ser feita em uma sociedade de pessoas melindradas, tendo em vista que poucos estão informados o bastante para saber o quão válida ela é. Noventa e nove por cento das pessoas preferem acreditar que tudo isso seja uma mentira, da mesma forma que um ex-primeiro ministro disse ao alcance dos meus ouvidos: “Reagan e Thatcher salvaram o Ocidente do socialismo”. Mas eis que um russo e ex-coronel da GRU, que sentado próximo a mim, sussurra em meu ouvido: “Mas a América é o paraíso marxista”.

No império da mentiras, o conservadorismo tornou-se uma província distante que foi há muito colonizada pelo inimigo. A prova disso não está longe do nosso alcance. O “conservador” Kissinger foi à China; o “conservador” Nixon foi à China; e o “conservador” Reagan negociou com a China; agora a China destruiu nossas exportações, nossas indústrias e agora nossa moeda. A isso os conservadores deram o nome de “livre comércio”. Citaram Milton Friedman. Mas aqui neste pequeno blog sabemos que a Guerra Fria nunca acabou e que Milton Friedman estava errado. Sabemos que a China adotou uma estratégia a qual Deng Xiaoping disse: “os capitalistas não sabem nada”. Podemos dar o nosso testemunho, se ninguém mais se atrever, e dizer que os “conservadores” ajudaram os comunistas russos e chineses mais do que qualquer outro grupo ou pessoa. E se o mundo pensar que somos loucos ao dizer isso, podemos responder dizendo que o próprio mundo também é louco. Enquanto isso, não vi um único artigo sobre a infiltração comunista na direita. Ninguém se atreveu a falar publicamente sobre esse assunto. É um não-assunto ao qual ressoa um silêncio ensurdecedor.

A quê devemos esse silêncio? A subversão tem sua própria sociologia do conhecimento onde as vítimas da subversão preferem o silêncio. Eles preferem não saber. O silêncio faz sentido neste caso, e homens públicos agarrar-se-ão a ele quando a alternativa for desagradável. Ridículo, você diria? Senso comum, respondo eu. No regime de shopping center ao qual vivemos, a conveniência impera e a subversão é um tópico assaz inconveniente. Todos nós somos diariamente sugestionados a tomar essa posição. O dever de perguntar certas coisas e ir atrás de checar certas afirmações não está mais habitando a nossa vontade. Estamos demasiadamente ocupados se divertindo. Também sabemos que há um risco pessoal se cutucarmos a colmeia com vara curta. O Senador Joseph McCarthy se atreveu e foi condenado.

O inimigo, por outro lado, tem um trabalho bem mais fácil. Tendências recentes indicam um favorecimento à subversão e à corrupção. Para um agente de influência guiar políticos e analistas rumo à direção “correta”, basta que se use corretamente as fraquezas humanas. O staff de elite da KGB já está pronto e tem orientação profissional. Já aqueles que querem combater a subversão simplesmente não têm os recursos ou a vantagem sociológica. A própria direita jamais adivinhará o que está acontecendo, pois continuará a acreditar que só os liberais [N.T.: a esquerda americana] estão suscetíveis a esse tipo de coisa.

Para mostrar o quão ingênua a direita tem se tornado a respeito do que foi abordado acima, o leitor está convidado a pesquisar no Google “communist infiltration of”. A pesquisa, por sinal, trará escritos acerca da infiltração comunista em praticamente tudo, exceto na direita ou em organizações de direita. Não achamos o equivalente de direita de Alger Hiss ou Harry Dexter White  em lugar algum no lado republicano da ilha. Não obstante, o fato de não se ter descoberto ou não ter aparecido um infiltrador neste caso não é prova que a direita está incorrupta. Na verdade, a contínua e fracassada tentativa direitista de conter a onda socialista que divide politicamente a própria direita em  subgrupos antagonistas é indício do fato de que os agentes foram enviados há muito tempo para essa operação de infiltração ― e eles já cumpriram a missão. Hoje pode-se dizer que a direita está sendo enganada da mesma forma que a administração de Roosevelt foi enganada por agentes soviéticos como Harry Hopkins, Alger Hiss e Harry Dexter White. É assim o método comunista, que já infiltrou e ocupou há muito a esquerda. É, portanto, lógico que o comunismo tenha empreendido um projeto para fazer o mesmo com a direita. Na verdade, temos todas as razões para acreditar que ele será espetacularmente bem sucedido na direita, pois ninguém fez um único murmúrio suspeito ainda.

Há, entretanto, um problema em identificar quem seriam esses agentes de influência. Como os infiltrados na direita tendem a falar e agir como anti-comunistas ― pelo menos até certo grau ― como poderíamos identificá-los como agentes de influência? Mas ao pensar nisso chegamos neste momento já crítico a outro problema igualmente grande: dado que tantos direitistas falam como se fossem de esquerda e efetivamente dão andamento à agenda esquerdista em tantos aspectos, como distinguir os idiotas úteis dos subversivos conscientes?

Imagino que o infiltrado comunista na direita seria um instigador cuja desorientação sutil não teria precedentes. Não estamos falando de um simples sujeito que chegou sem ser convidado. Estamos falando daqueles que aparentemente são os originadores dos temas e políticas mais danosos. Por exemplo, Henry Kissinger e aqueles que foram seus pupilos e cresceram nas barras dele devem ser tidos como os nossos maiores suspeitos; também precisamos incluir aqueles analistas que atualmente adotam uma linha pró-Moscou, ou que apoiam comércio com a China ou que usam o nome de Joseph McCarthy como se fosse uma adjetivação negativa. Mas neste caso a lista incluiria quase todos da direita e, neste caso, isso mostra até que ponto é verdadeira essa infiltração.

Como as coisas chegaram a esse ponto? Como o Império das Mentiras colonizou a direita americana? A seguir, o leitor terá uma lista explorando quais pontos os estrategistas comunistas podem ter usado para que se efetivasse tal infiltração:

(1) Usar a direita para ajudar a esquerda – A infiltração comunista na direita efetivamente proporciona uma infiltração mais profunda e mais bem sucedida na esquerda, pois suaviza as posições da direita em vários assuntos e faz com que ela, a direita, conceda terreno estratégico.


(2) Comprometer e restringir os capitalistas – Estabelecer relações comerciais com países comunistas, especialmente com a China, para que assim efetivamente sejam neutralizadas as correntes da direita anti-comunista e também sejam comprometidos os meios de arrecadação da direita.


(3) Balcanizar a direita – Agentes de influência, colocados dentro da direita, podem efetivamente dividir a direita em pequenos grupos mutuamente hostis. Em vez de conquistar o consenso por meio da síntese ideológica, cada elemento é encorajado a atacar o outro, impossibilitando assim a unidade entre várias partes constituintes e, principalmente, a unidade do todo.


(4) Explorar os neoconservadores no campo do livre comércio – Neoconservadores são idiotas úteis quando se trata de livre comércio, assunto esse que é um elemento de grande importância na estratégia comunista. É importante notar que a posição neoconservadora em relação ao livre comércio torna o Partido Republicado suscetível à aventuras militares estrangeiras instigadas por provocações terroristas.


(5) Tornar os paleoconservadores idiotas úteis de Moscou – Isolados e desmoralizados pela debandada de todas as facções para uma posição mais progressista e pela crescente imoralidade sexual, os paleoconservadores caem inevitavelmente na cínica retórica moscovita pró-cristã e pró-conservadora.


(6) Aliar-se aos libertários para dividir a direita e atacar o complexo militar-industrial americano – Os libertários são o pior tipo de idiotas úteis quando se trata de negociar com os comunistas, mas diferente dos neocons, eles são defensores dos cortes drásticos de gastos. Em termos de guerra cultural, os libertários não têm problemas com a união homossexual ― assunto que pode ser usado para dividir a direita anti-socialista.


(7) Fundir a direita populista com a esquerda revolucionária – Timothy McVeigh disse que a extrema direita e a extrema esquerda deveriam unir-se, porque, no fim das contas, eles estão combatendo o mesmo inimigo (i.e., o governo americano). Uma elite corporativa opositora do livre comércio que criou milhões de empregos no estrangeiro, a direita populista tem boas razões para apoiar uma reforma dos seus ideais. Mas se fizerem isso, estão fadados a encontrar uma sórdida surpresa esperando por eles.


(8) Usar a direita conspiracionista para desacreditar o anti-comunismo e confundir aqueles que estudam o comunismo e têm nele o nosso atual inimigo – Além de estabelecer uma forma esquizofrênica de anti-comunismo, os teóricos da conspiração estão em constante animosidade com o mesmo inimigo aos quais os comunistas querem destruir, isto é, os próprios capitalistas.


(9) Usar a esquerda para induzir a direita à violência – Conforme cresce cada vez mais a esquerda, e a direita cada vez mais sofre com a incoerência, chegará a hora da grande provocação. Quando chegar essa hora, não há dúvidas sobre qual lado será aniquilado.


(10) Massacrar os macartistas – Não permita que ninguém faça uma investigação que lembre a de McCarthy. Esse tipo de coisa tem de se impedir desde o começo.


(11) Destruir a carreira de qualquer escritor ou político que sair dos propósitos e programas listados acima – Estratégias bem sucedidas sempre buscam limitar as opções dos oponentes. Em termos de guerra de informações, é necessário que também seja limitado o campo de pensamento do inimigo. Não se deve permitir o enraizamento de certas ideias na mente do público; e os escritores devem ser instintivamente condicionados a evitar discutir implicações estratégicas de posições ideológicas.

Os candidatos ideais para infiltrar a direita são aqueles organizadores de esquerda que têm experiência comprovada como escritores, editores, organizadores ou gestores de pessoas. Sendo assim, poderíamos concluir que pessoas que mudaram sua aliança da Esquerda para a Direita seriam, na verdade, suspeitos principais. Com efeito, é lógico que o infiltrador deve começar na esquerda antes de tudo, para que assim ele seja considerado um agente leal. De que outro lugar viria tamanho contingente para ocupar os postos de infiltração?

Evidentemente é sempre possível ganhar agentes por meio de chantagem ou suborno. Há sempre também a possibilidade de recrutamentos de tipo “bandeira falsa” (que têm valor limitado)[1]. Mas para recrutar esses agentes e para empreender chantagens, é necessário que exista uma base de operações, e isso requer, pelo menos em algum grau, o emprego de “ex” esquerdistas infiltrados no campo direito. Eles formarão os alicerces necessários.

Conservadores tendem a assumir que os esquerdistas que desertam para a direita são pessoas honestas que “viram a luz”. Eles também tendem a assumir que poucos mudarão da direita para a esquerda por não existir luz alguma para ver do outro lado, ou seja, acreditam não haver uma razão válida para um direitista virar um esquerdista. Mas pode haver uma explicação mais sinistra sobre o porquê mais esquerdistas mudam de lado do que direitistas. Fato é que as pessoas geralmente não mudam tão facilmente sua ideologia ou religião. Normalmente há um comprometimento para a vida inteira nesses casos. A escassez de deserções da direita para a esquerda sugere que a direita não tem um centro equivalente a Moscou ordenando que agentes da direita mudem suas alianças para a esquerda como parte de uma missão de infiltração. Por uma questão própria da política, a direita não se infiltra. Subversão não está na tradição da direita dos Estados Unidos ou de outros países do Ocidente. Por outro lado, a Rússia e os partidos comunistas ao redor do mundo têm tradição em empreender tais coisas.

A hipótese apresentada aqui é nova. Evidentemente é necessário testá-la para sabermos se há verdade nela. Usando as diretrizes acima expostas, eu desafiaria os pesquisadores a compilarem suas próprias listas de suspeitos e ver o que surgiu dali. Pergunte seriamente a si mesmo: De onde originam os problemas na direita? Qual bagagem carrega seus originadores? Quais escritores de direita estão atacando outros escritores de direita?

Livros que serviram de referência para este ensaio:

Anatoliy Golitsyn – The Prestroika Deception p. 85
Frank A. Capell – Henry Kissinger: Soviet Agent
Diana West – The Rebuttal

[1] N.T.: “bandeira falsa” faz referência a um tipo de operação secreta empreendida com o fim de enganar de tal forma os inimigos que fique parecendo que os perpetradores das ações são parte de um grupo completamente distinto daquele que realmente está agindo. Nesse caso, pode acontecer de os próprios agentes serem enganados pelo alto escalão, para que uma vez descobertos, eles não consigam revelar com exatidão quem eram os verdadeiros mandantes da ação.
 
30 de maio de 2014
Jeffrey Nyquist
Tradução: Leonildo Trombela Junior

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