Seis das instituições superiores de ensino classificadas até o 10º lugar entre as mais qualificadas da América Latina são brasileiras. Duas delas estão empatadas na 10ª colocação: as universidade federais de Minas Gerais (UFMG) e do Rio Grande do Sul (UFRGS). Entre as 20 primeiras, 10 são do Brasil, sendo que a Universidade de Brasília (UnB) ficou em 17º, subindo quatro posições em relação a 2013.
Até aqui, parece que estamos bem no ranking internacional. Não é verdade. Primeiro, a Universidade de São Paulo (USP), no topo, havia três anos, caiu para a segunda colocação, superada pela Pontificia Universidad Católica (PUC) de Chile. Segundo, que, aberto o leque da pesquisa até cobrir o mundo inteiro, não temos nenhuma instituição do gênero nem sequer entre as 200 melhores.
Tanto o estudo que cobre apenas a América Latina quanto o universal foram produzidos por instituições britânicas. O latino-americano, feito pela consultoria Quacquarelli Symonds (QS), foi divulgado na última terça-feira. O mundial, da publicação Times Higher Education, saiu em outubro do ano passado. Por essa última, a USP, que antes figurava em 158º lugar, passou a ser situada entre a 226ª e a 250ª posições. Já a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), terceira do subcontinente, não ficou nem entre as 300 primeiras do mundo.
Isso posto, vê-se quão longo é o caminho até que o Brasil consiga fazer da educação um motor para o desenvolvimento e a inserção no Primeiro Mundo. E o retrato pode ser ainda pior. É só constatar, por exemplo, que, além do ensino superior ser ruim, poucos conseguem alcançá-lo neste país. É o que expressa outro ranking, este do Fórum Econômico Mundial de 2013, pelo qual a taxa brasileira de matrícula no 3º grau é apenas a 76ª entre as de 122 nações. Aliás, o ensino nacional como um todo mereceu o 88º lugar nesse estudo.
Como essas avaliações adotam critérios diversos, vale dizer que a situação é feia por qualquer ângulo que seja examinada. Bom, no 3º grau, pode-se afirmar que é ainda pior vista a partir do setor privado. No ranking da consultoria QS, das 10 instituições superiores brasileiras classificadas até a 20ª colocação na América Latina, nove são públicas. Ou seja, salva-se apenas uma particular, a PUC do Rio de Janeiro, com a proeza de um 13º lugar. Note-se que a chilena primeiríssima colocada é também uma Pontifícia Universidade Católica.
Se ainda faltasse argumento para definir o quadro como preocupante, bastaria atentar para o que ocorre em nossa melhor universidade. Justo neste momento, a USP, que acaba de perder o pódio latino-americano, está metida numa crise financeira, com funcionários e professores de braços cruzados por melhorias salariais. E assim segue a educação brasileira. Até quando?
30 de maio de 2014
Editorial Correio Braziliense
Até aqui, parece que estamos bem no ranking internacional. Não é verdade. Primeiro, a Universidade de São Paulo (USP), no topo, havia três anos, caiu para a segunda colocação, superada pela Pontificia Universidad Católica (PUC) de Chile. Segundo, que, aberto o leque da pesquisa até cobrir o mundo inteiro, não temos nenhuma instituição do gênero nem sequer entre as 200 melhores.
Tanto o estudo que cobre apenas a América Latina quanto o universal foram produzidos por instituições britânicas. O latino-americano, feito pela consultoria Quacquarelli Symonds (QS), foi divulgado na última terça-feira. O mundial, da publicação Times Higher Education, saiu em outubro do ano passado. Por essa última, a USP, que antes figurava em 158º lugar, passou a ser situada entre a 226ª e a 250ª posições. Já a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), terceira do subcontinente, não ficou nem entre as 300 primeiras do mundo.
Isso posto, vê-se quão longo é o caminho até que o Brasil consiga fazer da educação um motor para o desenvolvimento e a inserção no Primeiro Mundo. E o retrato pode ser ainda pior. É só constatar, por exemplo, que, além do ensino superior ser ruim, poucos conseguem alcançá-lo neste país. É o que expressa outro ranking, este do Fórum Econômico Mundial de 2013, pelo qual a taxa brasileira de matrícula no 3º grau é apenas a 76ª entre as de 122 nações. Aliás, o ensino nacional como um todo mereceu o 88º lugar nesse estudo.
Como essas avaliações adotam critérios diversos, vale dizer que a situação é feia por qualquer ângulo que seja examinada. Bom, no 3º grau, pode-se afirmar que é ainda pior vista a partir do setor privado. No ranking da consultoria QS, das 10 instituições superiores brasileiras classificadas até a 20ª colocação na América Latina, nove são públicas. Ou seja, salva-se apenas uma particular, a PUC do Rio de Janeiro, com a proeza de um 13º lugar. Note-se que a chilena primeiríssima colocada é também uma Pontifícia Universidade Católica.
Se ainda faltasse argumento para definir o quadro como preocupante, bastaria atentar para o que ocorre em nossa melhor universidade. Justo neste momento, a USP, que acaba de perder o pódio latino-americano, está metida numa crise financeira, com funcionários e professores de braços cruzados por melhorias salariais. E assim segue a educação brasileira. Até quando?
30 de maio de 2014
Editorial Correio Braziliense
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