O Ministro do Turismo, Sr. Vinícius Lage, em recente entrevista à BBC-Brasil, sugere que o país está a sofrer as consequências de um bombardeamento da mídia nacional e internacional, às vésperas da Copa do Mundo, por ostentar, segundo ele, um quadro de "economia que cresce e incomoda" no cenário internacional.
Trata-se de uma declaração que intriga qualquer cidadão com capacidade mediana de observação, pois o índice de crescimento do PIB está abaixo de pífios 2% há pelo menos dois períodos anuais consecutivos, índice bem inferior até em relação a vizinhos latino-americanos.
É difícil, portanto, admitir que o crescimento por aqui incomoda o mundo.
Seria mais lógico especular o contrário, que o mundo é que incomoda o Brasil na medida em que, com a interdependência global que prevalece na economia atual, uma deterioração econômica duradoura, num país com a importância geopolítica do nosso, trará repercussões graves para o sistema.
Logo adiante, na mesma entrevista, o Ministro destaca a ampliação da infraestrutura turística nas últimas décadas, as petistas, naturalmente, dado que contrasta com o constrangedor fato dando conta de que o viajante brasileiro vem batendo recordes sobre recordes de gastos no exterior .
Ao afirmar também que o governo investe consideravelmente em setores básicos, esquece-se que o país está pessimamente classificado em educação, com número desconfortável de analfabetos, e que a rede de escoamento da produção é deficiente, o que prejudica a sua competitividade, ao mesmo tempo que constrói portos em outras terras e perdoa misteriosas dívidas com países cujo nome o cidadão mal conhece.
Por outro lado, poderá ser qualificado de bombardeamento a divulgação do fato de que o número de homicídios no país tenha aumentado consideravelmente nos últimos anos e o nível de segurança pública oferecida ao cidadão está abaixo do aceitável?
Por tudo isso, são preocupantes sim os gastos e os desdobramentos dessa copa oferecida à FIFA pelo Brasil num rompante de populismo e oportunismo político.
Assim, recomenda-se ao Ministro e a outras autoridades oficiais que venham a se manifestar, mais comedimento em suas análises e que se abstenham de formular relativações inúteis como, por exemplo, a lembrada na entrevista, dando conta de que também ocorreram manifestações e repressões em Londres.
Paulo Roberto Gotaç é Capitão de Mar e Guerra, reformado.
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