"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

terça-feira, 27 de agosto de 2013

BRASIL TORRA R$ 10 BILHÕES COM IMPORTAÇÃO DE GASOLINA EM 3 ANOS. E A AUTOSUFICIÊNCIA?

Brasil gastou R$ 10 bi com importação de gasolina em 3 anos, mostram dados da ANP
  • Em 2009, compras internacionais ficaram zeradas; em 2012, foram recorde histórico
  • Combustível puro, adquirido no exterior, é usado para produzir a gasolina C, vendida nos postos, com adição de álcool
  • Compras externas diminuíram até 40%, diz Petrobras


Frentista abastece carro em posto no Rio: capacidade de refino do petróleo não acompanhou a evolução da produção
Foto: Dado Galdieri/Bloomberg News
Frentista abastece carro em posto no Rio: capacidade de refino do petróleo não acompanhou a evolução da produção Dado Galdieri/Bloomberg News
 
De um volume de importação de gasolina igual a zero em 2009, em apenas três anos, o Brasil passou para um recorde histórico de 3,8 bilhões de litros trazidos do exterior em 2012. Neste período, foram gastos cerca de R$ 10 bilhões (US$ 4,931 bilhões) com as compras internacionais da gasolina A (que não contém álcool), enquanto a receita com a exportação do combustível rendeu aproximadamente R$ 1,3 bilhão (US$ 662 milhões), segundo dados da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
Nos últimos dez anos, a capacidade de refino do petróleo não acompanhou a evolução da produção, favorecendo a dependência do combustível comprado no exterior. Das 16 refinarias do país, sete ficaram com a produção estagnada e uma, a Refinaria Landulpho Alves (RLAM), na Bahia, registrou queda de 43 mil barris/dia (13%). Duas delas – Univen, de São Paulo, e Dax Oil, da Bahia – ainda não existiam em 2003.
 
As que mais avançaram na capacidade absoluta, neste período, foram a Refinaria Potiguar Clara Camarão, no Rio Grande do Norte, que passou de 10,8 mil barris/dia para 37,7 mil barris/dia (247%) e Refinaria do Planalto Paulista (Replan), em São Paulo, de 364,8 mil barris/dia para 415,1 (13,8%).
 
Para o diretor do Centro de Estratégias em Recursos Naturais e Energia (Cerne), Jean-Paul Prates, existe uma "clara adaptação" do parque de refino para aumentar a produção de gasolina.
 
— A refinaria em Guamaré (RPCC) é um exemplo disto. Mas o incremento de produção foi muito grande, e o acompanhamento disto no parque de refino é demorado. Um bloco pode demorar dois anos para produzir, mas uma refinaria chega a cinco ou seis anos – disse ele, referindo-se à unidade que teve o maior crescimento percentual na capacidade.
 
Flexibilidade do parque de refino
 
De acordo com a Petrobras, a gasolina representa cerca de 20% do total de derivados que a empresa produz. Com a "otimização" da utilização das refinarias, a estatal conseguiu aumentar em 150 mil barris por dia (o equivalente a 7,5% do total do país) a capacidade de processamento do óleo neste ano.
 
"A projeção anterior apontava uma expectativa de importação de gasolina de aproximadamente 90 mil barris diários em 2013. Porém, graças aos esforços de otimização do parque de refino e à elevação do teor de álcool anidro na gasolina, esta projeção foi reduzida em 30% a 40% em relação à média de 2012, ficando entre 50 e 60 mil barris diários", informou a estatal, por meio de sua assessoria.
 
Para o engenheiro químico Alexandre Szklo, professor do Departamento de Planejamento Energético da Coppe-UFRJ, o país poderia aproveitar mais a "flexibilidade do parque de refino", reduzindo a produção de diesel e aumentando a de gasolina em até 15%. A manobra, no entanto, pressionaria o mercado de diesel.
 
— Existe uma flexibilidade na produção, que não é gigantesca. Uma refinaria é uma estrutura "multiproduto", e as condições de operação de algumas unidades poderiam ser ajustadas. Se houvesse excesso de diesel, seria mais fácil.

27 de agosto de 2013
Márcio Beck - O Globo

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