Governador do Piauí gasta R$ 16,6 mil em chicletes e pastilhas de hortelã
Faltou óleo de peroba nessas fuças |
O governo do Piauí publicou um edital de licitação este mês em que se propõe a pagar, com dinheiro público, até R$ 6.398.337,96 a empresas que forneçam à residência oficial do governador Wilson Nunes Martins (PSB) produtos como carnes, frios, bolos e salgados, frutas e verduras, bebidas, além de produtos de higiene, cosméticos e material de limpeza.
Entre os itens relacionados, estão produtos pessoais como reparador de pontas de cabelo, hidratante para o corpo, gel esfoliante para o rosto, aparelho de barbear e filtro solar, entre outros.
Já na lista de alimentos constam camarões, lagosta, picanha e até macarrão instantâneo, chicletes e rapadura.
A licitação, para o fornecimento desses produtos durante um ano, seria realizada nesta segunda-feira.
Mas, após ser procurado pelo Globo, o governador Wilson Martins informou, por meio da Secretaria de Comunicação, que cancelou o processo e que um novo edital será lançado em breve, sem alguns itens.
Terceiro estado com pior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) em 2010, atrás apenas de Maranhão e Alagoas, o Piauí estava disposto a pagar R$ 101,2 mil pelo fornecimento anual de quatro tipos de camarão, R$ 65,5 mil pela picanha e R$ 16,6 mil pela aquisição de chicletes e pastilhas de hortelã para o ano todo.
Na parte de higiene pessoal, o governo pagaria até R$ 85,41 por 500ml de shampoo e R$ 143,92 por 500 ml de máscara para cabelo, ambos da marca L’Oreal. Para o reparador de pontas, o valor estimado era de R$ 113,87 por unidade. Pelo fornecimento desses três produtos durante um ano, a administração estadual pagaria com dinheiro público até R$ 32,9 mil. A Secretaria de Comunicação do Piauí alegou ter havido um “equívoco” e uma lista de três anos atrás foi repetida nesta licitação.
“Diante das frequentes reuniões e eventos promovidos na residência oficial do governador do estado do Piauí, bem como o abastecimento da mesma, não se esquecendo, obviamente, das atividades corriqueiras no Palácio de Karnak (sede oficial do governo) decorrentes do cumprimento de agenda oficial do excelentíssimo senhor governador do estado do Piauí, é imprescindível, portanto, o adequado fornecimento do aludido objeto para fazer frente às necessidades de consumo desses materiais”, informa a parte do texto da licitação em que o governo justifica por que estava fazendo as aquisições.
O texto pontua ainda que a supervisão sobre o cumprimento do futuro contrato ficaria a cargo da Diretoria da Unidade de Serviço do Gabinete Militar, responsável pela licitação. A concorrência seria feita em sete lotes e, para cada um deles, o governo piauiense estimou o preço pelo fornecimento anual dos produtos. O mais caro era o lote de gêneros alimentícios (o que inclui chicletes, temperos, biscoitos etc.), no valor de R$ 1.721.529,24. O mais barato era o de bolos e salgados (R$ 177.410,64).
Este mês, o governador do Ceará, Cid Gomes — que, assim como Wilson Martins, é do PSB —, também se viu no centro de uma polêmica semelhante.
O governo do Ceará publicou no Diário Oficial do estado a contratação de um buffet, no valor de R$ 3,4 milhões, para abastecer a cozinha da residência oficial e o gabinete de Cid Gomes com iguarias como caviar, ostras, salmão e camarão. Mesmo reclamando de demagogia na denúncia, feita por um parlamentar de oposição, o governador afirmou que retiraria todos os itens com nome estrangeiro do cardápio.
27 de agosto de 2013
Deu no Globo
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