DEU NA BLOOMBERG
Custo para proteger dívida da Petrobras por 5 anos usando CDS quase dobrou neste ano para 280 pontos-base, maior nível entre 20 petrolíferas integradas no mundo, segundo dados da CMA.
Dívida líquida/Ebitda de 3x é a maior entre petrolíferas com valor de mercado acima de US$ 50 bi, segundo dados compilados pela Bloomberg.
“Nós vemos o CDS como provavelmente o comentário mais em tempo real sobre como os credores estão vendo o risco”, diz Thomas Coleman, analista da Moody’s Investors Service, por telefone de Nova York. “Há muita pressão sobre o rating. O momentum é mais negativo agora”.
Petrobras preferiu não comentar sobre o aumento de seus gastos e dívida ou sobre a percepção de risco dos investidores e seu rating.
NOTA: Moody’s tem rating A3 para Petrobras com perspectiva negativa para possível rebaixamento.
NOTA: Fitch disse semana passada que contratos indicam rating BB+, um nível abaixo do grau de investimento e 2 abaixo da nota BBB da Petrobras.
Apertando a tecla SAP para os mais leigos em linguajar de mercado financeiro: O CDS (Credit Default Swap) mede o risco de default dos títulos emitidos pela empresa. Ele é uma espécie de seguro que investidores compram, e bancos vendem, para o caso de algum evento de crédito no futuro.
Se a empresa deixar de efetuar um pagamento em seus títulos, quem comprou o CDS se protege em parte, ou quem apenas especulou, apostando no pior sem ter os papéis, coleta um bom lucro. Foi o que fez John Paulson ganhar bilhões na crise de 2008.
O CDS, portanto, é um bom indicador da percepção de risco de um ativo por parte dos investidores. Se ele começa a subir muito, ou seja, se o prêmio para contratar esse seguro ou apostar na catástrofe fica mais caro, isso é sinal de que há muito nervosismo entre os investidores. Quanto maior o prêmio do seguro, maior a percepção de risco de sinistro.
A Petrobras perde credibilidade perante os investidores, tanto de renda fixa como variável, dia após dia. A empresa sofre forte ingerência política, não tem liberdade para praticar preços de mercado, não consegue crescer sua produção, e ainda tem um gigantesco programa de investimentos à frente. O endividamento sobe sem parar.
Os riscos são grandes e crescentes. É o que mostra o termômetro do CDS. Ou a Petrobras muda o rumo de sua gestão e o governo libera o preço do combustível, ou as chances de um problema no pagamento de seus títulos serão cada vez maiores.
27 de agosto de 2013
Rodrigo Constantino - Veja
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