Agora que se aproxima o último capítulo dessa novela de horror, dois raciocínios conflitantes continuam gerando dúvidas, sobrevindo um impossível xeque-mate imposto pelos dois contendores a um só tempo: Dilma Rousseff não cometeu crime de responsabilidade, não agrediu a Constituição e não podia nem merecia ser afastada da presidência da República. Dilma Rousseff está sendo punida porque a maioria do país rejeitou o seu governo. O impeachment é o mecanismo que sobrou para afastá-la do poder por incompetência.
DUAS VERDADES – Do confronto entre essas duas verdades o Congresso decidiu-se pela segunda. O cumprimento estrito da lei perde para o sentimento nacional. Uma presidente é punida apesar de honesta e de não haver descumprido a Constituição, mas, se permanecesse no governo, o Brasil mergulharia no caos.
Evitar a queda não seria dever de deputados e senadores? Quem quiser que faça a opção. Qualquer das duas deixa mal os responsáveis pelo desfecho, mas havia uma terceira solução? O julgamento de Madame é tanto político quanto jurídico. Há menos de um ano ela foi reeleita com 54 milhões de votos, mas qual seria sua votação caso as eleições fossem hoje?
Concluem uns ser insuficiente não gostar de um governo para depô-lo. Outros falam da preservação das instituições postas em frangalhos.
A CRISE VAI AUMENTAR – Terá havido desvio de responsabilidade da presidente na origem de seu afastamento? Afastá-la do poder por incompetência? Onde se lê tal dispositivo em nossa lei maior?
Longe de arrefecer, a crise só fará aumentar. Importa pouco lembrar que o impeachment começou como um ato de vingança praticado pelo então presidente da Câmara dos Deputados. Ou que muitos senadores estão votando por interesse pessoal. Como também não esquecer que Dilma Rousseff imaginou-se acima do bem e do mal, detentora de todas as verdades absolutas, sem contas a prestar às instituições nacionais.
Em suma, um xeque-mate num tabuleiro sem peças…
29 de agosto de 2016
Carlos Chagas
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