
Charge sem assinatura, reproduzida do Arquivo Google
As pesquisas destacam que cerca de 20 por cento dos eleitores das duas principais cidades do país, se estivessem agora diante das urnas, anulariam o voto ou votariam em branco.
Este índice é normal no início das campanhas políticas, sabendo-se que em quase todos os pleitos, de 1945 para cá, a taxa de nulos e brancos quase sempre oscilou na escala de 10 por cento. Se o processo mais uma vez se repetir, no decorrer da campanha as taxas de hoje descerão até o nível constante de sempre. Mas esta é outra questão.
REJEIÇÃO – Essencial é considerar-se a presença de uma rejeição clássica que, no passar dos dias, inevitavelmente será substituída pela emoção dos embates. Começam sempre frios, assinalados por uma sensação de desânimo e desconfiança. Terminam esquentados pela emoção, à medida que as disputas vão assumindo o caráter de competições esportivas.
Política é esperança, me disse um dia o ex-presidente Juscelino Kubitschek numa entrevista para o Correio da Manhã, grande jornal que ficou na névoa do passado. A Esperança pode ser acionada por vários motivos, mas estará sempre presente nos embates eleitorais.
Milhares de eleitores e eleitoras queixam-se do nível dos candidatos e da fragilidade de suas promessas e dos compromissos que assumem. Têm razão. Porém, devemos levar em conta que alguns terão de administrar o país, os estados, os municípios.
DOIS CAMINHOS – Alguém terá de exercer o poder e preencher os postos legislativos. Para isso, só existem dois caminhos: o do voto ou o das armas. Vamos optar pelo primeiro, que é, no frigir dos ovos, democrático. Portanto, na minha opinião, de nada vale anular o sufrágio ou votar em branco. Tal atitude contribui para manter nos postos exatamente aqueles que a opinião pública deseja substituir. Porque os eleitores deles não anulam e tampouco votam em branco.
Voto nulo ou em branco só causam como reflexo, nas disputas proporcionais, a diminuição dos quocientes eleitorais. Pois o número de cadeiras permanece o mesmo. Para os cargos majoritários, representam omissão em torno do que se pretende seja um futuro melhor do que o presente.
SEM DOAÇÕES – No pleito deste ano, inclusive, a disposição do eleitorado pesa mais do pesou em 2014, por exemplo. Simplesmente porque a legislação atual proíbe as doações financeiras por parte de empresas, o que significava uma fortíssima fonte de corrupção, já que ninguém se dispõe a meter a mão no bolso sem perspectiva de recompensa material, geralmente muitas vezes maior do que a doação original.
O voto, assim, ganha mais legitimidade em sua essência. Problemas vão continar acontecendo, porém, neste ano, em escala mil vezes menor. Haverá candidatos despreparados, mas a cabe a todos nós, donos de nossos votos, saber escolher os melhores. Pelo menos este rumo se encontra ao nosso alcance. Ou seja, escolher o caminho do voto ou o rumo da desesperança só depende de nós
29 de agosto de 2016
Pedro do Coutto
Nenhum comentário:
Postar um comentário