"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sexta-feira, 30 de agosto de 2013

HISTÓRIAS DO JORNALISTA SEBASTIÃO NERY

Um governador sem máscara



Miguel Arraes governador de Pernambuco, Seixas Dória governador de Sergipe, Mário Lima deputado federal do PSB  e presidente do Sindicato dos Petroleiros da Bahia, e  tantos outros, foram deportados para Fernando de Noronha logo depois do macabro golpe militar de 1964.

Arraes no palácio em Recife, Seixas no palácio em Aracaju, Mario Lima no Palácio em Salvador, foram intimados a renunciar a seus  mandatos sob pena de serem presos. Não renunciaram. Foram presos.

O governador do território, comandante da Base Militar, era o coronel Costa e Silva, que não era parente do então Ministro do Exército.

O coronel conversava muito com Arraes e Seixas Dória. Perguntou-lhes:
- De que é que os senhores sentem mais falta?
Arraes e Mario ficaram calados. Seixas brincou:
- De um chope gelado, coronel.

ARRAES
 
Algum tempo depois, o coronel apareceu à meia-noite no alojamento dos três e convidou-os para um chope no cassino dos oficiais. E explicou:

- Chamei-os só agora, a esta hora da noite, porque chegou hoje de Recife um coronel para fazer uma inspeção, pois um jornal pernambucano disse ontem que os senhores não estão presos mas veraneando aqui.

E ficaram bebendo o chope e conversando coisas. De repente, empurram a porta, entra o coronel inspetor. Todo mundo em silêncio, ele se dirige ao coronel Costa e Silva:
- Coronel, estou constatando a veracidade da informação do jornal do Recife de que os governadores estão aqui veraneando.

O coronel Costa e Silva levantou-se:
- Coronel, fico satisfeito com seu depoimento, porque se amanhã o senhor for preso, certamente pedirá para vir para Fernando de Noronha, pois sabe que aqui há um comandante que respeita a dignidade humana.

Os coronéis saíram e os três continuaram a tomar o chope.

EDUARDO
 
Eram três homens sem máscara. Como outros pelo pais a fora (eu inclusive), Arraes, Seixas, Mario, preferirem honrar os mandatos que receberam do povo em vez de negociá-los por uma humilhante liberdade.

Os homens públicos se definem assim. Na hora da decisão, têm que ter a coragem de ficar sem mascara. Para cobrar dos outros que fiquem também.
O governador Eduardo Campos, de Pernambuco, mais uma vez honrou o legado de Arraes e mostrou que “quem puxa aos seus não degenera”.
O país não entendia como 27 governadores estavam acuados por esse punhado de fascistazinhos dos Black Blocs, filhinhos de papai de caras cobertas e roupas negras, aterrorizando e quebrando monumentos  de centenas de anos, palácios, joias da arquitetura como o Itamaraty.

BLACK BLOCS
 
Jornais e TVs, grupos alegres da OAB, ONGs vadias, sem coragem de combater os criminosos, exigem que a policia “só aja no flagrante”, na e depois da quebradeira e a acusam de usar bombas, sprays, balas de borracha, “não ter limites”. 
Às vezes não têm. É preciso denunciar. Mas como enfrentar  vândalos encapuçados, drogados, estipendiados, pedras e molotovs nas mochilas, barras de ferros nas mãos? Com beijinhos na boca?
O país agradece ao governador Eduardo Campos a lição de decisão, transparência e cidadania. Passeatas, marchas, protestos, são da democracia. Mas esconder-se atrás de mascaras para vandalizar vitrines e cidades, não.
Ainda bem que o Brasil tem um governador sem máscara. Ao menos um.
 
PETROBRAS
 
A revista “Fortune” coloca a Petrobrás em 25º lugar entre as 500 maiores companhias do mundo em faturamento. Era a 23. A desvalorização vem da insustentável defasagem dos preços imposta pelo governo, obrigada a subsidiar a gasolina e o diesel, estrangulando-se financeiramente.

Hoje a defasagem de preços para a gasolina está em 22% e 24% para o diesel.
A importação de gasolina e diesel chegou a  783 mil barris diários.
A Petrobras importa o derivado a um preço, por exemplo, de 100 dólares o barril e entrega ao consumidor a 80 dólares. Paga em dólares, a preços internacionais, o combustível que importa e é obrigada a vender no mercado brasileiro em reais, a preço artificialmente menor.

30 de agosto de 2013
Sebastião Nery

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