Um dia após sua condenação em segunda instância na Operação Lava Jato, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse, nesta quinta (25), que os desembargadores do TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região) formaram um “cartel” em seu julgamento. Lula foi condenado por 3 votos a 0. “Eles construíram um cartel para dar uma sentença unânime para evitar o tal do embargo infringente”, disse em São Paulo, onde participou de uma reunião da Executiva Nacional do PT que reafirmou a pré-candidatura de Lula à Presidência.
“Foi para apressar a possibilidade de que o PT não tenha um candidato a presidente, ou evitar que a gente vença a eleição”, afirmou o petista.
CANDIDATURA – Lula disse aceitar ser o candidato do PT, mas chegou a dizer que o partido precisa manter uma candidatura mesmo que “uma coisa indesejável” aconteça, sem deixar claro ao que se referia.
“Eu espero que essa candidatura não dependa do Lula. Essa candidatura só tem sentido se vocês fossem capazes de fazê-la mesmo que aconteça uma coisa indesejável”, disse ele.
Sempre manifestando indignação com a decisão do tribunal, Lula disse não poder “aceitar que um canalha qualquer nesse país” o chame de ladrão. Lula disse ainda que não pode “respeitar” tal decisão judicial, que considerou política. Mas afirmou acreditar na Justiça. “Nós vamos recorrer onde for necessário recorrer. Vamos batalhar até o final.”
“MINHA INOCÊNCIA” – Apesar de declarar que já esperava a condenação por unanimidade, o ex-presidente disse mais uma vez estar tranquilo mesmo após a condenação, que pode tirá-lo da próxima eleição e até mesmo levá-lo à prisão. “Eu sei o que eu fiz, eu tenho coragem de olhar na cara dos meus netos, dos meus filhos e de cada um de vocês”, afirmou. “A única coisa que eu posso oferecer a vocês é a minha inocência.”
Para Lula, sua condenação foi, na verdade, uma tentativa de punir “uma parcela do povo brasileiro que vê uma possibilidade de esse país voltar a ser respeitado”. “É uma briga política e nós vamos tomar uma decisão política.”
Lula disse ainda que não quer ser candidato para se “proteger”. “A minha proteção é a minha inocência. Se eu for candidato, não é para me inocentar. É para governar decentemente esse país.”
26 de janeiro de 2018
Bernardo Barbosa
Do UOL, em São Paulo
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