"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sexta-feira, 26 de janeiro de 2018

PROCURADORES REBATEM CRÍTICAS E DIZEM QUE JULGAMENTO COMPROVA CRITÉRIOS TÉCNICOS


Dallagnol e Santos Lima, autores da denúncia de Lula
Os dois principais autores da denúncia que resultou na confirmação da condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nesta quarta-feira, dia 24, se manifestaram publicamente sobre o julgamento e procuraram afastar as críticas de que o processo foi político, como sustenta o petista. A mesma linha de defesa foi adotada pelo juiz Marcelo Bretas, responsável pela Operação Lava Jato no Rio de Janeiro.
Acusados pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de formularem uma denúncia sem provas, os procuradores Deltan Dallagnol e Carlos Fernando dos Santos Lima, da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba (PR), afirmaram que o julgamento do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) comprova que o processo obedeceu a critérios técnicos. 
IMPARCIALIDADE – Na noite desta quarta-feira, Deltan Dallagnol disse que a atuação do procurador Maurício Gotardo Gerum e dos magistrados que confirmaram a condenação de Lula foi técnica. “Deixo o meu reconhecimento pela atuação firme, imparcial e de alta qualidade técnica do procurador e dos desembargadores”, escreveu Dallagnol, no Facebook. 
“No Ministério Público, como no Judiciário, cada procurador segue a Constituição, a lei e a sua consciência”, destacou Dallagnol, que no dia 14 de setembro de 2016 anunciou a primeira denúncia contra Lula na Lava Jato, com uma apresentação de PowerPoint e colocando o petista como peça central e “comandante máximo” no esquema de corrupção na Petrobras.
TROPA DE CHOQUE – Na publicação, Deltan Dallagnol compartilhou um vídeo com a sustentação oral de Gerum durante o julgamento e pediu aos internautas para que se concentrassem nos cinco primeiros minutos da fala, tempo em que o procurador rebateu as críticas de que o processo é político, e não jurídico. “Uma tropa de choque com atuação nos mais diversos espectros foi criada para garantir a perpetuação de um projeto político pessoal que não admite outra solução nesse processo que não seja a absolvição”, discursou.
Já Carlos Lima, mentor das delações premiadas da operação, publicou um artigo na edição desta quinta-feira, dia 25, do jornal Folha de São Paulo afirmando que “ao final prevaleceram os fatos” no julgamento de Lula. “Não se julgou a figura histórica de Luiz Inácio Lula da Silva ou a sua possibilidade de se candidatar à Presidência da República nas próximas eleições”, escreveu. 
Em seu artigo, Lima defendeu que o julgamento do petista precisa ser analisado sem considerar os efeitos eleitorais. “A justiça foi feita. Que venham recursos sobre questões de direito e que sejam julgados devidamente. Quanto às próximas eleições, que Deus nos dê sabedoria”, afirmou.
BRETAS – Longe dos processos que envolvem Lula, e responsável pela Lava Jato no Rio e pela prisão de outros políticos notáveis, como o ex-governador Sérgio Cabral (MDB), o juiz Marcelo Bretas usou seu perfil no Twitter para defender o resultado do julgamento que, além de manter a condenação, aumentou a pena de Lula. Bretas disse que o mais importante é que a Justiça é “transparente” e “imparcial” em suas decisões, “sujeitas ainda a vários recursos.”
O juiz classificou as discordâncias com o resultado da sentença como “inconformismo”. “Eventual reclamação pública é, apenas, inconformismo de quem tem seu interesse contrariado”, escreveu.

26 de janeiro de 2018
Daniel Weterman
Estadão

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