Lula da Silva, o operário que virou presidente de um dos cinco maiores países e encantou o mundo, poderia ser lembrado como Nelson Mandela, um dos principais ídolos da Era Moderna. Mas não teve grandeza nem dignidade. Pelo contrário, fez questão de usar o poder para enriquecer ilicitamente toda a família, que agora está sendo minuciosamente investigada na fase atual da Lava Jato. Na verdade, Lula se tornou apenas uma pálida lembrança do combativo líder que em 2002 conduziu a oposição brasileira ao poder. Está completamente liquidado politicamente e seus direitos políticos serão suspensos por oito anos. Além disso, ele ainda responde a seis processos e duas denúncias. Ou seja, a punição tende a se estender, ele não conseguirá mais disputar eleições.
Ao que parece, a ficha ainda não caiu, porque Lula continua se comportando como se continuasse a estar acima da lei e da ordem, mas isto não é mais realidade. O problema é que seus assessores e aliados não têm coragem de lhe contar a verdade, ficam inventando que ele poderá usar o recurso A ou B para disputar a eleição e se livrar da condenação, e ele acredita, embora seja tudo ilusão.
MARKETING – É preciso entender que Lula é um produto de marketing, não tem base cultural e se move exclusivamente pela intuição. Embora tenha se tornado um extraordinário fenômeno político, continua a ser um ignorante trilateral – de pai, mãe e vizinhança. Cientes dessa situação, Luiz Carlos Prestes e Leonel Brizola até tentaram fazer com que Lula se preparasse para o poder, mas ele não deu atenção a esses conselhos e continuou se orgulhando de jamais ter lido um livro.
Em 2013, Lula surpreendeu a opinião pública, ao afirmar que passara a ler livros e gostara muito da biografia de Abraham Lincoln, escrita por Doris Kearns Goodwin. Até citou uma passagem interessante, em que o presidente americano aguardava uma mensagem num posto de telégrafo, que Lula chamou de “telex”.
Mas era mentira. Lula não lera o livro, apenas assistira ao filme de Steven Spielberg. A passagem do “telex” mencionada por Lula não existe no livro, foi enxertada no filme pelo genial roteirista Tony Kushner.
RECURSOS – Agora, após a condenação que significa a impugnação de sua candidatura, é deprimente constatar que os assessores e dirigentes petistas continuam a iludir Lula, ao lhe informarem que existem recursos capazes de garantir que ele dispute a eleição.
O mais incrível é que esse tipo de enganação seja incentivado pelo ex-ministro da Justiça e ex-procurador federal Eugênio Aragão, que nos últimos anos assessora juridicamente a cúpula do PT. Diz ele que a defesa de Lula pode entrar com um recurso especial ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) e tem a opção de tentar uma medida cautelar, um pedido de habeas corpus ou uma reclamação no Supremo Tribunal Federal (STF).
Além disso, o ex-ministro de Dilma afirma que é pacífica a jurisprudência de que, quando o condenado entra com recurso, se consegue atribuir um efeito suspensivo, o que também suspende a inelegibilidade.
CONVERSA FIADA – Tudo isso que o douto e experiente Aragão afirmou é verdade. Mas esqueceu de ressalvar que os recursos mencionados se referem exclusivamente à esfera criminal, nada têm a ver com a candidatura de Lula. Há apenas uma exceção, a cautelar ao STJ, mas precisa ter “plausibilidade”, como condenação discutível, com resultado de 2 a 1. E a 5ª Turma do STJ, presidida pelo ministro Félix Fischer, está fechada com a Lava Jato e não é de brincadeira.
Propositadamente ou não, o ex-ministro da Justiça não esclareceu que, no caso da impugnação da candidatura de Lula, caberá recurso apenas ao Tribunal Superior Eleitoral, e somente poderá ser apresentado depois do dia 20 de agosto. Quanto aos tais recursos ao Supremo, somente poderão ser apresentados após o trâmite do processo no TSE, que deve terminar a 12 de setembro.
Como esses supostos recursos ao Supremo não têm efeito suspensivo, o nome de Lula não estará na urna eletrônica entre os presidenciáveis. A não ser que o STF adie a votação para incluir o nome de Lula, numa decisão que será a Superpiada do Ano, sem a menor chance aos concorrentes.
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P.S. 1 – Eugênio Aragão sabe tudo isso. Mas apresenta ao PT esta tese salvadora e irreal, inventando até uma jurisprudência que não existe. Os candidatos de ficha suja que disputaram eleição, como Jáder Barbalho e Paulo Rocha, por exemplo, tinham esse direito porque suas condenações ocorreram antes da entrada em vigor da Lei da Ficha Limpa. Na verdade, não existe e jamais existirá essa “jurisprudência” citada pelo ex-ministro Aragão.
P.S. 1 – Eugênio Aragão sabe tudo isso. Mas apresenta ao PT esta tese salvadora e irreal, inventando até uma jurisprudência que não existe. Os candidatos de ficha suja que disputaram eleição, como Jáder Barbalho e Paulo Rocha, por exemplo, tinham esse direito porque suas condenações ocorreram antes da entrada em vigor da Lei da Ficha Limpa. Na verdade, não existe e jamais existirá essa “jurisprudência” citada pelo ex-ministro Aragão.
P.S. 2 – Sem ter noção sobre o que está realmente acontecendo, Lula se comporta como um abestado, acreditando que vai se livrar de tudo isso, disputar e vencer a eleição.
P.S. 3 – A apreensão do passaporte de Lula foi apenas o primeiro capítulo. Outros se seguirão. (C.N.)
26 de janeiro de 2018
Carlos Newton
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