A mulher de um preso da Penitenciária de Alcaçuz deu entrevista para uma rede de televisão e justificou a situação do marido: “Ninguém escolhe uma vida dessas”.
Se um indivíduo não é responsável pelas próprias escolhas, então quem deve responder pelos seus atos?
Um homem espanca a companheira quase até a morte e ela chega à conclusão de que aquela pessoa violenta não era o sujeito que ela conhecia. Num momento posterior, chega a alegar que, mesmo assim, ele a ama.
Da década de 60 para cá, cresceu a idéia de que a sociedade é a responsável pelos atos do criminoso, que é um produto do meio e não de sua própria consciência.
Por esse prisma, se a sociedade é excludente, injusta, o criminoso é uma vítima e assim deve ser tratada, cuidada e recuperada, para que o seu ser se descontamine e volte a ser imaculado.
Em 1966, Jean-Paul Sartre, na Europa, e Norman Mailer, nos Estados Unidos, retrataram os criminosos como heróis existenciais revoltados contra um mundo sem coração e inautêntico.
O psiquiatra e escritor britânico Theodore Dalrymple, em A vida na sarjeta, observa que Karl Menninger escreveu que o crime “é a tentação de todos. É fácil olhar com orgulho para aquelas pessoas que foram pegas – as estúpidas, as desafortunadas, as ruidosas, mas quem não fica nervoso quando o carro de polícia segue a pessoa de perto? Torcemos as declarações do Imposto de Renda e fazemos uns ajustes. Dizemos ao funcionário da Alfândega que não temos nada a declarar – bem, praticamente nada.
Alguns de nós, que nunca fomos presos por crime, apanhamos mais de dois bilhões de dólares de mercadoria ano passado nas lojas de que somos fregueses. Mais de um bilhão de dólares foram desviados por funcionários ano passado”.
Passa-se a crença de que a prisão e a punição são um azar e não uma retribuição ao ato delituoso praticado.
Sartre disse que o inferno está no outro, então a culpa pelo crime é de alguém e não do criminoso.
Se todos são inocentes, ninguém é culpado, é a conclusão a que chegamos.
O duro, para esses delinqüentes e teóricos, é escolher ser trabalhador. Isto, sim, é dureza.
18 de janeiro de 2017
Miguel Lucena
Se um indivíduo não é responsável pelas próprias escolhas, então quem deve responder pelos seus atos?
Um homem espanca a companheira quase até a morte e ela chega à conclusão de que aquela pessoa violenta não era o sujeito que ela conhecia. Num momento posterior, chega a alegar que, mesmo assim, ele a ama.
Da década de 60 para cá, cresceu a idéia de que a sociedade é a responsável pelos atos do criminoso, que é um produto do meio e não de sua própria consciência.
Por esse prisma, se a sociedade é excludente, injusta, o criminoso é uma vítima e assim deve ser tratada, cuidada e recuperada, para que o seu ser se descontamine e volte a ser imaculado.
Em 1966, Jean-Paul Sartre, na Europa, e Norman Mailer, nos Estados Unidos, retrataram os criminosos como heróis existenciais revoltados contra um mundo sem coração e inautêntico.
O psiquiatra e escritor britânico Theodore Dalrymple, em A vida na sarjeta, observa que Karl Menninger escreveu que o crime “é a tentação de todos. É fácil olhar com orgulho para aquelas pessoas que foram pegas – as estúpidas, as desafortunadas, as ruidosas, mas quem não fica nervoso quando o carro de polícia segue a pessoa de perto? Torcemos as declarações do Imposto de Renda e fazemos uns ajustes. Dizemos ao funcionário da Alfândega que não temos nada a declarar – bem, praticamente nada.
Alguns de nós, que nunca fomos presos por crime, apanhamos mais de dois bilhões de dólares de mercadoria ano passado nas lojas de que somos fregueses. Mais de um bilhão de dólares foram desviados por funcionários ano passado”.
Passa-se a crença de que a prisão e a punição são um azar e não uma retribuição ao ato delituoso praticado.
Sartre disse que o inferno está no outro, então a culpa pelo crime é de alguém e não do criminoso.
Se todos são inocentes, ninguém é culpado, é a conclusão a que chegamos.
O duro, para esses delinqüentes e teóricos, é escolher ser trabalhador. Isto, sim, é dureza.
18 de janeiro de 2017
Miguel Lucena
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