Depois os olavetes ficam chateados quando notamos que muitos deles (salvo algumas exceções) são uma vergonha em termos de guerra política.
Acontece que a Polícia Civil de São Paulo solicitou à justiça a decretação da prisão de Patrícia Lélis por denunciação caluniosa. Ela acusou o deputado Marco Feliciano de estupro, a partir de um caudal de mentiras.
Eis que o olavete Paulo Eneas escreve um show de besteiras, no qual cita este que vos escreve. Leia algumas partes:
A Polícia Civil de São Paulo solicitou à justiça a decretação da prisão de Patrícia Lélis, acusada da prática de extorsão contra assessor do deputado federal Marco Feliciano e por denunciação caluniosa. Se a justiça acatar o pedido, Patrícia Lélis ficará presa preventivamente no decorrer das investigações. Segundo o delegado que conduziu as investigações, pesa contra a acusada o precedente de ela já ter tentado anteriormente incriminar uma pessoa inocente de Brasília por suposta tentativa de estupro.
Desde o seu início, o episódio envolvendo Patrícia Lélis e sua acusação mentirosa contra o deputado Marco Feliciano estava eivado de contradições e ambiguidades. O caráter falacioso e premeditado do episódio ficou ainda mais evidenciado nos dias seguintes à falsa denúncia, quando Patrícia Lélis, aproveitando-se da super exposição instantânea obtida nos meio de comunicação, procurava dar conteúdo político-ideológico ao evento, procurando atribuir à direita a responsabilidade e a culpa pela suposta agressão que ela teria sofrido e pela suposta falta de apoio. Nesse sentido, o encontro da meliante com a deputada petista Maria do Rosário foi o coroamento da farsa.
Era também evidente desde o início o caráter de armação envolvendo o episódio, motivada por razões políticas e aparentes anomalias comportamentais da agora acusada. Mas isso não impediu que libertários e pseudo direitistas tentassem se valer do ocorrido, sem qualquer preocupação com a apuração da verdade, com o objetivo único de atacar a direita brasileira. O blog O Reacionário, que tem entre seus editores integrantes vinculados ao MBL, deu ampla cobertura e respaldo à denúncia de Patrícia Lélis. O mesmo fez um certo blog de nome Modo Espartano, cuja abordagem só não foi mais obscura do que o próprio nome.
Mas quem mais se esmerou em participar da farsa de assassinato de reputações foi um certo blogueiro fake já bastante conhecido na internet, e que acredita religiosamente entender de alguma coisa de guerra política. Esse blogueiro, para quem existe uma coisa chamada direita true (uma definição que só faz sentido em seu universo paralelo no qual o política se confunde com role play game) havia afirmado no dia da primeira votação do impeachment na Câmara dos Deputados que a esquerda havia dado um show de frames e de guerra política e humilhado a direita, enquanto no mundo real esquerdistas estavam apenas rosnando e cuspindo. Esse mesmo blogueiro fake anunciou em seu blog o “fim da carreira política” de Marco Feliciano, e ainda procurou lhe dar lições sobre como fazer luta política.
Esta aí um exemplo de como o olavismo “frita” o cérebro de alguns discípulos.
Vou comentar a parte que me cabe, que é o último parágrafo.
Quanto a ser “blogueiro” fake, o Sr. Paulo Eneas não tem moral alguma para falar, uma vez que ele contribuiu para o site Critica Politica, do qual eu era editor. Desde aquela época ele já estava ciente de que eu preferia a discrição. Logo, se ele só mudou de ideia quanto ao fato de eu ser “fake” agora, é sinal de que tem um senso moral seletivo, tal como fazem os petistas. Se ele conseguir demonstrar manifestações de raiva contra o fato de eu “ser fake” antes de divergir taticamente de mim, poderei levar seu ataque a sério.
Em relação ao termo “direita true”, não adianta ele choramingar. Existe uma direita purista ao ponto da comicidade (e ele faz parte desta direita) que não é diferente da tropa true metal, competentíssima em nos fornecer matéria prima para muitas gargalhadas.
Quanto aos massacres de rótulos que os republicanos (e não a direita, como ele erradamente escreveu) tomaram dos bolivarianos, são os fatos. Eles estão neste post. Na verdade, pessoas como Eneas são sempre criancinhas diante da extrema-esquerda, apanhando na rotulagem de forma humilhante. Aliás, ele usa o termo “esquerda” enquanto seus opositores o definem como “extrema-direita”. Um sujeito assim quer competir na rotulagem? Patético.
Mas a parte mais curiosa é quando ele cita minha afirmação falando da “morte política” de Feliciano e, como antítese, apresenta o fato: “Lélis vai para a cadeia”. Essa análise é de uma infantilidade dolorida. Já escrevi sobre isso no passado. Primeiro aqui:
Com tantos erros cognitivos cometidos pela direita mais negacionista na análise desta instância da guerra política fica difícil apontar um principal, mas já podemos pensar em elencar um sério candidato ao lapso mental do momento: a incapacidade de entender onde está o adversário. Para piorar, esse é o tipo de erro mental mais devastador, uma vez que não existe uma luta adequada sem o entendimento de quem é o oponente no combate.
Nota-se que muitos direitistas parecem um pouco “vingados” após a polícia ter decidido enquadrar a acusadora de Marco Feliciano, Patrícia Lélis, por falsa acusação e extorsão. Exposto no dia de ontem, um vídeo gravado desmascara várias mentiras de Patrícia, muito provavelmente uma pessoa infiltrada nos meios direitistas pela extrema-esquerda. Porém, Feliciano está tendo sua imagem desconstruída. Patrícia Lélis é uma Joanna-Ninguém. A desconstrução de Feliciano é um ataque ao protocolador da CPI da UNE. E Patricia Lélis? Nem deputada de extrema-esquerda ela é.
O papel executado por Patrícia neste jogo é bem óbvio: ela é a “bola” no meio de um jogo de futebol. Será cuspida pela extrema-esquerda com facilidade, mas somente depois de ter causado o dano necessário ao oponente. Decerto ela deve ser punida por qualquer acusação falsa, mas o principal adversário a ser desconstruído está em outro lugar: naqueles da extrema-esquerda que se aliaram à Patrícia. Por exemplo, deputadas da extrema-esquerda representaram contra Feliciano. Logo, cadê a representação contra elas? Feliciano foi acusado por vários meios. Cadê o ataque a esses meios? Enfim, isso é apenas para começar o questionamento em relação aos alvos.
Não estou dizendo que Patrícia Lelis deva ser ignorada. Ela deve ser desconstruída e punida pelas mentiras propagadas. Mas se contentar com isso e achar que “a justiça foi feita” é simplesmente se contentar em brigar com a bola, e não com seu real adversário, que é aquele que está chutando a bola na tua rede. Como se viu nos vídeos, o objetivo de Patricia Lélis tinha a vem com um retorno financeiro até medíocre em comparação com o benefício da UNE, de não ser investigada pelo recebimento de muitos e muitos milhões de verba federal indevida.
E especialmente aqui, antecipando a prisão de Lélis há algumas semanas (quer dizer: enquanto Eneas vem com o milho, eu já tinha feito várias porções de fubá faz tempo):
Agora ao que parece Lélis vai para detrás das grades.
Mas a direita não pode cair no engano de achar que, com sua prisão, “a justiça terá sido feita”. Na verdade, Patricia foiapenas “a bola” deste jogo. É preciso ir atrás daqueles que instrumentalizaram as narrativas mitômanas da jovem.
Uma pista: descubram quem são os verdadeiros inimigos de Marco Feliciano. Descubram os nomes que querem barrar a CPI da UNE. Descubram os nomes de parlamentares que são “inimigos naturais” do deputado acusado por Lelis. Após essa averiguação, descubram que tipo de ataque contundente pode ser feito contra essas pessoas para “pagar” o que fizeram com Feliciano na instrumentalização das narrativas de Lélis.
Não foque apenas na “bola” do jogo. Foque no time adversário, que está chutando a bola.
Mas o mais importante, sobre o assunto, eu havia escrito em 20 de agosto:
Ficar se conformando com “Lélis está presa, justiça foi feita” é o mesmo que esperar o jogo acabar (depois de você ter tomado uma goleada) e dar vários socos ou chutes na bola, quando teu objetivo deveria ser vencer o próximo jogo contra o adversário que fez vários gols contra você. É como ver seu exército ser quase dizimado, não reagir, pegar várias balas disparadas ao adversário (coletadas no chão), usar um martelo e bater nas balas: “toma isso, bala feia, bala malvada”. Não, seu objetivo deveria ser causar o mesmo dano ao exército adversário (utilizando-se, aí sim, do mesmo tipo de arsenal) no próximo combate. Se não quer utilizar uma denúncia falsa de estupro (o que não recomendo), no mínimo deve ser utilizado um ataque com mesmo grau de dano.
Resumo da ópera: parece até coisa de maluco, depois de tudo isso que eu escrevi, ver o tal do Eneas escrevendo “Lelis vai para a cadeia, então o Ayan está errado”, quando na verdade minha análise era toda feita considerando que ela iria para a cadeia mesmo, e que isso não ajudava em nada o Feliciano.
Aliás, Eneas também errou ao dizer que eu “dava dicas ao Feliciano”. Nem de longe. Eu explicava aos meus leitores para aprenderem com o desastre em relação ao Feliciano. Se algum dia o Feliciano quiser dicas, me procure. Não foi o caso.
Quem teve a imagem manchada neste caso foi Feliciano. Seus adversários da extrema-esquerda morreram de rir. Como Horowitz explicou: “as denúncias são levantadas em público, mas descartadas em privado”. Evidentemente, as notícias da prisão de Lelis ganharão dez vezes menos repercussão que as acusações feitas por ela na época do escândalo. Os deputados que representaram contra Feliciano poderão fazê-lo perder tempo. Enquanto isso, Feliciano não representou contra eles. Muitas pessoas que ouviram a história vão continuar acreditando que ou ele é estuprador ou ao menos que “aí tem… alguma coias”. Outras tantas vão poder se fingir de desentendidas. Ao mesmo tempo, nenhum dano foi causado a quem capitalizou contra Feliciano. E, é claro, ele já teve que se afastar da CPI da UNE. Alguns dos adversários de Feliciano tiveram de se afastar de alguma CPI nessa batalha? Não.
Essa é a dura verdade. Se Eneas resolver “vibrar” apenas com a prisão de Lelis – que deve ir para a cadeia sim, mas ela é apenas a “bola” neste jogo -, ficará igual aquele sujeito cujo pelotão foi encurralado pelo exército adversário, sem conseguir causar uma baixa sequer no oponente. Depois do adversário ter ido embora, ele iria dar umas marteladas em algumas balas espalhadas pelo chão, achando que está revidando.
Sim, Lelis está indo para a cadeia. Mas basta observar os lados que estão disputando espaço nesta instância da guerra política – inclusive na questão da CPI da UNE – para notar que a prisão da garota não significa nada. Por não ter percebido isso (que estava tão claramente explicado em meus textos anteriores, cá citados), Eneas fica abaixo da crítica política.
Dá até dó.
20 de setembro de 2016
ceticismo político
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