Cascais, Portugal - Deixei a poeira abaixar para não escrever no calor dos acontecimentos e cometer alguma injustiça com palavras impróprias aos fatos. Mas, agora, depois que o Lula já apresentou sua defesa em petit comitê para uma turma de militantes, muitos dos quais também envolvidos nos escândalos de corrupção da Lava Jato, permitam-me uma análise do que penso sobre a denúncia dos procuradores e a identificação de que Lula é, realmente, o chefe da organização criminosa, o capo di tutti capi brasileiro. Em princípio, acho que os procuradores estão certos ao pedir a denúncia do Lula. Preocupa-me, porém, a espetacularização do episódio.
Lula está envolvido em escândalos desde que iniciou o primeiro mandato, quando o Valdomiro, principal assessor de Zé Dirceu, foi flagrado achacando o bicheiro Carlinhos Cachoeira. De lá pra cá, as maracutaias petistas sempre estiveram na ordem do dia até culminar com a condenação de vários mensaleiros, alguns deles, reincidentes, ainda na cadeia. Pois é, Lula não pode negar agora que não conhecia ou não sabia que os cofres públicos estavam sendo arrombados, com a sua cumplicidade, por seus parceiros, desde que o STF apontou o dedo para Zé Dirceu como o chefe da quadrilha. Aliás, o que não falta nas fileiras do PT são os capus di capus da coisa nostra.
Os antecedentes condenam Lula e a quadrilha criada por ele para saquear o dinheiro das empresas estatais, principalmente o da Petrobrás.
As investigações são contundentes contra o ex-presidente. Ele é apontado por quase todos os delatores como o lobista de luxo internacional das grandes empreiteiras nos processos de corrupção da Lava Jato. Os depoimentos acusatórios estão lá nos autos. Dizem que Lula enriqueceu depois que montou o Instituto Lula, uma lavanderia sofisticada que tinha como finalidade lavar dinheiro da corrupção da Petrobrás simulando palestras do ex-presidente no exterior. O tríplex e o sítio, transformados em residências sofisticadas de Lula, também estão no pacote das denúncias. Os indícios apontam Lula e a sua mulher Marisa como beneficiários dos favores das empreiteiras. Os procuradores atestam que Lula foi citado 136 vezes pelos delatores como o personagem que sempre atuou nos bastidores na manipulação do desvio de dinheiro das empresas públicas, a exemplo da Petrobrás.
Tudo isso, porém, ainda não é suficiente para prender o Lula. Fazer isso é vitimizá-lo, como ele inteligentemente está fazendo. E o choro de um líder popular, diga-se, comove. Comove principalmente os cegos que teimam em não enxergar os fatos escabrosos descobertos pela Lava Jato. As lágrimas dramáticas derramadas pelo líder têm endereço certo: os militantes, os fanáticos ideológicos e os miseráveis do Bolsa Família crentes de que o benefício sai do bolso do seu mestre e não do estado como programa de governo.
Mesmo assim, como diz um senador de oposição, sereno na sua análise: “Ainda não encontraram efetivamente o batom na cueca” para uma acusação frontal e indiscutível sobre os malfeitos do ex-presidente. O que parece existir sutilmente é uma disputa jurídica nos bastidores entre os advogados do Lula e os procuradores. Magoados com a acusação de que estão criando factoides para justificar a prisão de Lula, os procuradores do Ministério Público partiram para um confronto em um show desmedido. E a justiça, cega como se diz, não pode se expor nem se confrontar com defensores de réus. Corre o risco de parcialidade e de perder o jogo diante dos artifícios mentirosos e levianos que normalmente o PT se utiliza para distorcer os fatos a seu bel prazer.
O trabalho dos procuradores e do juiz Sergio Moro é notável. Nunca, no Brasil, uma investigação chegou tão longe, prendeu tanta gente importante e ressarciu o erário com tanto dinheiro. Mas uma investigação como a que envolve o ex-presidente não pode deixar dúvidas quanto a sua responsabilidade nos crimes. Portanto, creio que houve precipitação na conclusão do inquérito. O Lula poderia ter sido intimado por Moro para depor, responder e se defender das acusações que lhe imputam. Daí quem sabe, teríamos um Lula vacilante diante das provas robustas e irrefutáveis do seu envolvimento nos crimes.
Agora, diante das dúvidas suscitadas pela explanação, cabe aos procuradores tirarem a carta da manga – se é que têm - e convencer os mais incrédulos de que Lula é realmente o chefe da organização criminosa.
21 de setembro de 2016
Jorge Oliveira
Lula está envolvido em escândalos desde que iniciou o primeiro mandato, quando o Valdomiro, principal assessor de Zé Dirceu, foi flagrado achacando o bicheiro Carlinhos Cachoeira. De lá pra cá, as maracutaias petistas sempre estiveram na ordem do dia até culminar com a condenação de vários mensaleiros, alguns deles, reincidentes, ainda na cadeia. Pois é, Lula não pode negar agora que não conhecia ou não sabia que os cofres públicos estavam sendo arrombados, com a sua cumplicidade, por seus parceiros, desde que o STF apontou o dedo para Zé Dirceu como o chefe da quadrilha. Aliás, o que não falta nas fileiras do PT são os capus di capus da coisa nostra.
Os antecedentes condenam Lula e a quadrilha criada por ele para saquear o dinheiro das empresas estatais, principalmente o da Petrobrás.
As investigações são contundentes contra o ex-presidente. Ele é apontado por quase todos os delatores como o lobista de luxo internacional das grandes empreiteiras nos processos de corrupção da Lava Jato. Os depoimentos acusatórios estão lá nos autos. Dizem que Lula enriqueceu depois que montou o Instituto Lula, uma lavanderia sofisticada que tinha como finalidade lavar dinheiro da corrupção da Petrobrás simulando palestras do ex-presidente no exterior. O tríplex e o sítio, transformados em residências sofisticadas de Lula, também estão no pacote das denúncias. Os indícios apontam Lula e a sua mulher Marisa como beneficiários dos favores das empreiteiras. Os procuradores atestam que Lula foi citado 136 vezes pelos delatores como o personagem que sempre atuou nos bastidores na manipulação do desvio de dinheiro das empresas públicas, a exemplo da Petrobrás.
Tudo isso, porém, ainda não é suficiente para prender o Lula. Fazer isso é vitimizá-lo, como ele inteligentemente está fazendo. E o choro de um líder popular, diga-se, comove. Comove principalmente os cegos que teimam em não enxergar os fatos escabrosos descobertos pela Lava Jato. As lágrimas dramáticas derramadas pelo líder têm endereço certo: os militantes, os fanáticos ideológicos e os miseráveis do Bolsa Família crentes de que o benefício sai do bolso do seu mestre e não do estado como programa de governo.
Mesmo assim, como diz um senador de oposição, sereno na sua análise: “Ainda não encontraram efetivamente o batom na cueca” para uma acusação frontal e indiscutível sobre os malfeitos do ex-presidente. O que parece existir sutilmente é uma disputa jurídica nos bastidores entre os advogados do Lula e os procuradores. Magoados com a acusação de que estão criando factoides para justificar a prisão de Lula, os procuradores do Ministério Público partiram para um confronto em um show desmedido. E a justiça, cega como se diz, não pode se expor nem se confrontar com defensores de réus. Corre o risco de parcialidade e de perder o jogo diante dos artifícios mentirosos e levianos que normalmente o PT se utiliza para distorcer os fatos a seu bel prazer.
O trabalho dos procuradores e do juiz Sergio Moro é notável. Nunca, no Brasil, uma investigação chegou tão longe, prendeu tanta gente importante e ressarciu o erário com tanto dinheiro. Mas uma investigação como a que envolve o ex-presidente não pode deixar dúvidas quanto a sua responsabilidade nos crimes. Portanto, creio que houve precipitação na conclusão do inquérito. O Lula poderia ter sido intimado por Moro para depor, responder e se defender das acusações que lhe imputam. Daí quem sabe, teríamos um Lula vacilante diante das provas robustas e irrefutáveis do seu envolvimento nos crimes.
Agora, diante das dúvidas suscitadas pela explanação, cabe aos procuradores tirarem a carta da manga – se é que têm - e convencer os mais incrédulos de que Lula é realmente o chefe da organização criminosa.
21 de setembro de 2016
Jorge Oliveira
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