"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

domingo, 7 de junho de 2015

VIVER É A MELHOR OPÇÃO PARA PREVENIR O SUICÍDIO



O jornalista André Trigueiro é possuído de duas paixões: a causa ambiental e a prevenção do suicídio. No fundo é movido por um único grande amor: o amor pela vida.
O amor pelo ser humano sob risco de suicídio se mostra por sua atuação no Centro de Valorização da Vida (CVV) do Rio de Janeiro e pelo livro “Viver é a Melhor Opção: A prevenção do suicídio no Brasil e no mundo” (Editora Espírita, São Bernardo do Campo 2015). Não conheço na literatura acessível texto mais minucioso, analítico, inspirador e sustentador do amor e da esperança pela vida.
Antes de mais nada, se comporta como um consciencioso jornalista investigador: recolhe, nas fontes mais seguras, os principais dados atinentes ao suicídio no Brasil e no mundo. Em seguida, analisa os fatores e as causas que levam as pessoas a buscarem a própria morte. Por fim, sugere e propõe caminhos de acompanhamento e de superação.
QUEBRANDO O TABU
Primeiramente, quebra o tabu e o silêncio que cercam o fenômeno mundial do suicídio. Prevenção se faz com informação. Mas não basta falar. Trata-se de falar com sumo respeito, imbuído de compreensão e compaixão, evitando qualquer dramatização e espetacularização excessiva.
Os dados nos obrigam a falar do suicídio, pois sua grande ocorrência se transformou num problema de saúde pública, raramente inserido nos planos sanitários dos governos. Os últimos dados acessíveis da OMS são de 2012. São cerca de 804 mil casos por ano no mundo, um suicida a cada 40 segundos e uma tentativa de suicídio a cada dois segundos. No Brasil, são 11.821 casos por ano, especialmente na Amazônia, na Paraíba, na Bahia e no Rio Grande do Sul.
Numa perspectiva global, depois dos acidentes de trânsito, é o suicídio a causa principal de mortalidade, cobrindo todas as idades, mas afetando, principalmente, jovens entre 15 e 29 anos.
DESAFIO AO ENTENDIMENTO
Esse fato desafia a inteligência humana: como é possível que um ser chamado à vida, o dom mais precioso que existe no universo, busque a eliminação da própria vida? Aqui se faz necessária uma realista compreensão da condição humana, feita de luz e sombras, sucessos e fracassos, esperança e desespero. Esse dado não é um defeito de nossa natureza, mas a constituição de nosso próprio ser, mortal, finito, imperfeito e sempre a caminho da perfeição.
Há inúmeros fatores que levam as pessoas a buscar o suicídio: a inundação da dimensão de sombra, transtornos psicológicos, doenças incapacitantes, profundas decepções e prolongadas depressões. Mas, mais que tudo, a perda do sentido da vida que suscita nas pessoas vulneráveis o impulso de desaparecer. Não raro, tirar a própria vida é uma forma de buscar um sentido que lhe é negado nesta vida. Daí nosso respeito face a quem toma tal decisão, não por covardia, mas por amor a uma vida supostamente melhor que esta.
SÃO PREVENÍVEIS
Mas André Trigueiro sustenta a tese de que, “na maioria absoluta dos casos, os suicídios são preveníveis”.
É nesse contexto que detalha os vários caminhos especialmente desenvolvidos pelo grupo Samaritanos, em Londres, e pelo CVV, ambos de origem espírita, mas sem qualquer disposição de conquistar adeptos para esse caminho espiritual. Os valores que inspiram os voluntários dessas instituições são profundamente humanísticos e ético-espirituais: a compreensão, a acolhida, a escuta, a fraternidade, a cooperação, o crescimento interior e o exercício da vida plena.
Só o que reforça a vida pode salvar a vida sob risco. Vale a tese de Trigueiro: “Viver é a melhor opção”.

07 de junho de 2015

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