"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

domingo, 7 de junho de 2015

TRISTE FIM DA REELEIÇÃO NÃO ELIMINA USO DA MÁQUINA








Foi um massacre: por 452 votos a 19, a Câmara aprovou na última quarta o fim da reeleição. O placar dilatado sugere que os partidos discutiram à exaustão e chegaram ao consenso de que o mecanismo é ruim para o país. Na verdade, eles não discutiram quase nada, e a votação durou pouco mais de uma hora. No dia seguinte, muitos deputados criticavam o próprio voto.
“Esse negócio de fim da reeleição é coisa de país atrasado, de democracia atrasada”, afirmou o líder do governo, José Guimarães (PT-CE).
Apesar do discurso, o petista votou “sim”. Como explicar que um político experiente, escolhido para articular em nome do Planalto, mude a Constituição por algo que considera nefasto para a democracia?
“Não tinha saída. Tinha uma onda no plenário”, disse Guimarães, sem se desculpar por ter surfado contra a própria consciência.
A incoerência não foi monopólio dos petistas. O PSDB, que aprovou a reeleição para dar um segundo mandato a Fernando Henrique Cardoso, agora se uniu para proibi-la.
“Eu me arrependo amargamente de ter votado pela reeleição. Reeleição é um instituto para países desenvolvidos, não para um país em construção como o Brasil”, discursou Luiz Carlos Hauly (PSDB-PR). Faltou explicar por que só mudou de ideia agora, depois que o eleitor reelegeu dois presidentes do PT.
A reeleição desequilibra disputas e favorece quem está no cargo, mas é incorreto dizer que sem ela ficaremos livres do uso da máquina nas campanhas. Basta lembrar o que Lula fez para eleger Dilma, em 2010. Ou como Quércia quebrou o finado Banespa para entregar o governo paulista a Fleury, em 1990.
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PS
 – Dias depois de um assassinato brutal na Lagoa, a Scuderie Le Cocq, associada a grupos de extermínio, reapareceu em “panfletagem” no local do crime. O Rio já viu esse filme, e muita gente morre no final.

07 de junho de 2015
Bernardo Mello Franco
Folha

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