"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

terça-feira, 10 de março de 2015

PSOL, LINHA AUXILIAR DO PT



No dia 27 de fevereiro de 2015, debati com a vereadora Fernanda Melchionna (PSOL, Porto Alegre), no programa Ciranda da Cidade, apresentado pelo Diego Casagrande, na Rádio Bandeirantes AM 640. Nessa oportunidade, expliquei como funciona o papel de linha auxiliar que o PSOL desempenha em relação ao PT, e o fiz apoiado em anotações minhas. 
A vereadora, acostumada a repetir os mesmos clichês esquerdistas de sempre, a papagaiar os mesmos discursos que todo esquerdista profere em mesas de bar, em jantares de família e em assembléias estudantis, estranhou que alguém se preparasse para um debate e desdenhou de minha fala. Pois me comprometi com disponibilizar, na íntegra, o texto de apoio à minha fala.

Ei-lo; com acréscimos e edições de imagem importantes.
Já nos primeiros dias de 2015 e de novo Governo Dilma, Marta Suplicy [1] repetiu Olívio Dutra [2], Eduardo Suplicy [3] e outros petistas ilustres: fez duras críticas ao PT. Nossa reação primeira é de entender isso como um bom sinal; sinal de que inclusive os petistas estão percebendo os problemas desse governo.

Por outro lado, mais recentemente, o PSOL se comprometeu publicamente a não lutar pelo impeachment do governo mais corrupto que o Brasil já teve.

As críticas de petistas a seu governo e o apoio da extrema-esquerda à mesma gestão têm muito em comum. Nesse contexto, críticas e apoio andam juntas; e revelam uma tática de dois focos, típica na esquerda mundial desde a Revolução Russa.

Após chegar ao poder, a esquerda começa a dividir-se, a fim de multiplicar-se, tal qual as células de um câncer – que é, afinal, o que é o socialismo, metafórica e (Por que não?) factualmente. Divide-se para conquistar, pois, com isso, a esquerda cria ao mesmo tempo uma oposição de faz-de-conta (a chamada linha auxiliar [4]) e ainda reserva um grupo imaculado para os casos emergenciais.

Então, em primeiro lugar, temos o teatro, o faz-de-conta.

Ao dividir-se, a esquerda acaba por expandir-se. Militantes constrangidos com os pragmatismos dos companheiros que estão no poder se unem em outros grupos e partidos, ficando à vontade para posar de puras donzelas, enquanto, na verdade, fazem um jogo duplo. 
Essa suposta oposição, em primeiro lugar pode levantar as bandeiras mais radicais, preparando o terreno e a opinião pública para a ação legislativa e executiva dos companheiros que governam (que não poderiam, eles mesmos, sustentar tais posições, sob pena de perder os parceiros fisiológicos). Em segundo lugar, quando a situação começa a ficar insustentável, essa “oposição à esquerda” apresenta-se como “oposição responsável”, contrapondo-se aos “golpistas” e “reacionários”.

É precisamente esse o papel do PSOL e mesmo de setores ideológicos de partidos como PSDB, do PSB e do PPS. O PSOL é um importante ator nesse teatro. Boa parte de seus militantes não sabe e seus quadros importantes (como a vereadora Fernanda Melchionna) dirão que isso não é verdade, mas basta olhar para a história da esquerda para ver que isso é verdade. 
Aliás, basta olhar para os votos dos deputados do PSOL em casos capitais, como o do calote de Dilma, aprovado no fim de 2014, para perceber que esse partido não passa de linha auxiliar do PT. Aliás, proponho que o PSOL passe a chamar-se PSOLA: Partido Somos Linha Auxiliar.

Esses dias mesmo, a cúpula do PSOL convocou a imprensa para mais um ato de sua peça, com o ator principal, oBBB Jean Wyllys, dizendo que o partido faria “oposição à esquerda”, de forma responsável.


Ora, contem outra! Quem conhece o PSOL sabe que responsabilidade lhe é tão escassa quanto o papel higiênico é escasso na Venezuela. Não nos esqueçamos da invasão da Câmara de Vereadores de Porto Alegre, em 2013, quando proto-terroristas do Bloco de Lutas, de forma absolutamente truculenta, vandalizaram tudo que puderam na casa parlamentar, gerando grande prejuízo aos cofres públicos (e, por conseguinte, aos porto-alegrenses pagadores de impostos). 
Mascarados, como manda a cartilha da bandidagem, agrediram autoridades, picharam e vandalizaram gabinetes e o plenário, investiram contra símbolos religiosos, usaram drogas e fizeram orgias sexuais. Tudo conforme levantamento posterior da administração. E tudo isso com apoio PSOL. É essa a oposição responsável de que falam Jean Wyllys e sua trupe? A verdade é que agem de forma supostamente responsável quando não está no poder o astro do qual são meros satélites.


psolistas
(fonte: blog do Aluizio Amorim)

A questão fundamental, a base dessas estratégias, é o fato de que o esquerdismo tende ao totalitarismo; e o socialismo é totalitário. Ou seja, é da essência da esquerda trabalhar para ocupar todos os espaços. 
Então, para simular a existência de uma oposição, brigam entre si, rompem e criam novos partidos. E, nesse processo, são bastante criativos, chegando ao ponto de criar o partido-oxímoro, chamado Socialismo E Liberdade, algo tão possível quanto um quadrado redondo.

Mas essa estratégia também serve de, digamos, vacina.

Essa tática, chamada por Stálin de “estratégia das tesouras”, serve também às situações extremas. Vacinam-se do mal futuro antes mesmo de fazê-lo. Seria algo como: “Em caso de emergência, se tudo der errado, acione aquela suposta oposição.” 
E bem sabemos que com a esquerda, cedo ou tarde, tudo dá errado, pois o socialismo só dura até acabar o dinheiro dos outros. Não há produção de riquezas na esquerda, apenas uma suposta distribuição, mas que é, na verdade, uma apropriação indevida do Estado totalitário sobre os bens dos trabalhadores – seja com desapropriação de terras, seja com tomada de imóveis urbanos ou, ainda, com impostos progressivos. O problema maior é que depois de um tempo sacando do fundo de riquezas produzidas por outrem, a brincadeira termina. Bem o sabem russos, cubanos, cambojanos, venezuelanos e mesmo os europeus estatistas.

Então, quando tudo dá errado, esquerdistas de todo o mundo se unem (finalmente!), escolhem um bode expiatório, colocam toda a culpa nele e partem para a próxima. Foi o que fizeram com o próprio Josef Stálin. Quando ficou impossível de esconder do mundo todo suas atrocidades, incluindo os mais de 50 milhões de assassinatos cometidos em nome da revolução socialista, a esquerda mundial se uniu para colocar a culpa em Stálin, como se fosse possível uma única pessoa fazer tanto mal sozinha. 
A verdade é que o antigo amigo de Hitler contou com uma imensa rede de agentes, militantes e burocratas dispostos a calar qualquer oposição, dispostos a matar dezenas de milhões de pessoas em nome da revolução. Quando tudo deu errado, com sua covardia típica, os socialistas esperaram Stálin morrer, colocaram a culpa nele e retomaram a pose de salvadores do mundo.

É isso. Marta Suplicy, Olívio Dutra, boa parte do PT e todo o PSOL são nossos Kruchevs. Quando o projeto petista nafraugar – e nafraugará, evidentemente – jogarão Dilma Rousseff aos lobos, farão de conta que não têm nada a ver com o negócio e colocar-se-ão à disposição do povo: “Tá bom, tá bom, nós salvaremos vocês.”

10 de março de 2015
 COLOMBO MENDES

Notas:
[2] http://zh.clicrbs.com.br/rs/noticias/noticia/2014/12/pt-caiu-na-vala-comum-dos-demais-partidos-avalia-olivio-dutra-4656630.html

[4] Ainda que a expressão já fizesse parte do imaginário brasileiro (por evidente que é), quem o registrou perante o grande público nacional foi Aécio Neves, durante debate dos presidenciáveis, em setembro de 2014. Aécio foi o primeiro candidato de oposição com chances de derrotar o PT, desde 2002, a portar-se como um verdadeiro representante da insatisfação nacional. Tanto que denunciou a estratégia das tesouras petista, da qual participa o PSOL; em resposta, ouviu de Luciana Genro, candidata do partido do BBB Jean Wyllys uma contraposição típica do partido mais infanto-juvenil do Brasil: “Linha auxiliar do PT, uma ova!”

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