Sob o título “A nata da malandragem!”, o artigo a seguir é de autoria de Edison Vicentini Barroso, desembargador do Tribunal de Justiça de São Paulo.
Há estórias que definem a história. O Brasil passa por crise ético/moral nunca antes revelada. Seus escândalos já podem ser tidos como os maiores do planeta, pela ousadia de seus agentes e pelo ineditismo das estratégias de saque dos cofres do País. A vítima, o povo brasileiro.
Agora, vem à luz nomes duma série de políticos, alguns de alto escalão, suspeitos de comprometimento no monumental escândalo da Petrobras. Mesmo tratando-se da ponta de iceberg, pois que muito mais há a investigar e revelar, já se vislumbra uma como que elite da malandragem.
De ações furtivas e requintadas, o estonteante rol inicial dos carrascos do povo traduz a percepção de que o Brasil, desafortunadamente, vem se constituindo – duns anos para cá – no paraíso dos malfeitos e no oásis da impunidade. Daí a razão desse estado de coisas acaçapante, a entremostrar do baixo nível de muitos dos chamados representantes do povo.
De fato, o Supremo Tribunal Federal (STF) autorizou a abertura de inquérito sobre 34 parlamentares suspeitos de envolvimento no esquema de corrupção da Petrobras. As investigações atingem 22 deputados e 12 senadores de seis partidos, incluídos os presidentes da Câmara e do Senado.
É a nova face de gigantesco esquema corrupto e corruptor, entre políticos e grandes empreiteiras. E o povo, que se dane! No passado, neste País, se deste quadro se imaginasse, não passaria de estória de ficção, a gerar incredulidade e servir de piada, própria do anedotário tupiniquim.
Mas a coisa é séria. Do que se vê, houve esquema montado para enriquecimento fácil e despercebido, à custa do desmonte financeiro da Nação, aproveitando-se da ingenuidade e despreparo da população brasileira.
Não fosse a operação Lava Jato, a sangria dos cofres públicos haver-se-ia de perenizar, tendo por pano de fundo os pagadores de impostos do País, inscientes do sucedido e a sustentarem a conta da corrupção. Assim, provável haja mais, muito mais, oculto nos porões da República.
Porém, mais importante que a elucidação dos fatos e a natural punição de quem de direito, é a conscientização da população sobre quem é quem, levando-a a escolhas mais equilibradas e justas – de forma a fazer-se representar, doravante, por pessoas efetivamente dignas de seu voto de confiança.
Aparentemente, o que aí está reflete um conjunto de marginais do Poder (na expressão do ministro Celso de Mello, do STF, quando do julgamento do mensalão), comprometidos com projeto que em nada beneficia a Nação. São sanguessugas do povo, a se ufanarem de sua suposta inteligência e esperteza.
É a lama! E derramada desde o Congresso Nacional, pelo que até agora nos dado a conhecer. Ou seja, “lama oficial” – institucionalizada. Daí se vê do inequívoco risco aos princípios democráticos de Direito, pois que a ostentar vício de origem, por condizente a pelo menos um dos Poderes da República.
Como dito por Chico Buarque, na música “Homenagem ao Malandro”, ‘Agora já não é normal o que dá de malandro regular, profissional, malandro com aparato de malandro oficial, malandro candidato a malandro federal, malandro com retrato na coluna social, malandro com contrato, com gravata e capital, que nunca se dá mal’.
Definitivamente, a situação aqui enfocada retrata a nata da malandragem, do que de pior há no País. Cabe esperar pelo que há de vir, torcendo para que, ao contrário da letra da música acima referida, esses malandros acabem se dando muito mal.
10 de março de 2015
in blog interesse público
Agora, vem à luz nomes duma série de políticos, alguns de alto escalão, suspeitos de comprometimento no monumental escândalo da Petrobras. Mesmo tratando-se da ponta de iceberg, pois que muito mais há a investigar e revelar, já se vislumbra uma como que elite da malandragem.
De ações furtivas e requintadas, o estonteante rol inicial dos carrascos do povo traduz a percepção de que o Brasil, desafortunadamente, vem se constituindo – duns anos para cá – no paraíso dos malfeitos e no oásis da impunidade. Daí a razão desse estado de coisas acaçapante, a entremostrar do baixo nível de muitos dos chamados representantes do povo.
De fato, o Supremo Tribunal Federal (STF) autorizou a abertura de inquérito sobre 34 parlamentares suspeitos de envolvimento no esquema de corrupção da Petrobras. As investigações atingem 22 deputados e 12 senadores de seis partidos, incluídos os presidentes da Câmara e do Senado.
É a nova face de gigantesco esquema corrupto e corruptor, entre políticos e grandes empreiteiras. E o povo, que se dane! No passado, neste País, se deste quadro se imaginasse, não passaria de estória de ficção, a gerar incredulidade e servir de piada, própria do anedotário tupiniquim.
Mas a coisa é séria. Do que se vê, houve esquema montado para enriquecimento fácil e despercebido, à custa do desmonte financeiro da Nação, aproveitando-se da ingenuidade e despreparo da população brasileira.
Não fosse a operação Lava Jato, a sangria dos cofres públicos haver-se-ia de perenizar, tendo por pano de fundo os pagadores de impostos do País, inscientes do sucedido e a sustentarem a conta da corrupção. Assim, provável haja mais, muito mais, oculto nos porões da República.
Porém, mais importante que a elucidação dos fatos e a natural punição de quem de direito, é a conscientização da população sobre quem é quem, levando-a a escolhas mais equilibradas e justas – de forma a fazer-se representar, doravante, por pessoas efetivamente dignas de seu voto de confiança.
Aparentemente, o que aí está reflete um conjunto de marginais do Poder (na expressão do ministro Celso de Mello, do STF, quando do julgamento do mensalão), comprometidos com projeto que em nada beneficia a Nação. São sanguessugas do povo, a se ufanarem de sua suposta inteligência e esperteza.
É a lama! E derramada desde o Congresso Nacional, pelo que até agora nos dado a conhecer. Ou seja, “lama oficial” – institucionalizada. Daí se vê do inequívoco risco aos princípios democráticos de Direito, pois que a ostentar vício de origem, por condizente a pelo menos um dos Poderes da República.
Como dito por Chico Buarque, na música “Homenagem ao Malandro”, ‘Agora já não é normal o que dá de malandro regular, profissional, malandro com aparato de malandro oficial, malandro candidato a malandro federal, malandro com retrato na coluna social, malandro com contrato, com gravata e capital, que nunca se dá mal’.
Definitivamente, a situação aqui enfocada retrata a nata da malandragem, do que de pior há no País. Cabe esperar pelo que há de vir, torcendo para que, ao contrário da letra da música acima referida, esses malandros acabem se dando muito mal.
10 de março de 2015
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