Após ter sido alvo de panelaços e buzinaços na noite deste domingo (8) enquanto fazia um pronunciamento na televisão e no rádio pelo Dia da Mulher, a presidente Dilma Rousseff pediu que o país tenha estabilidade e minimizou as críticas nesta segunda-feira (9) ao defender o direito de qualquer cidadão de se manifestar. Dilma, no entanto, afirmou que os protestos não podem ser violentos e disse que um “terceiro turno” não é motivo para um pedido de impeachment do seu mandato, o que causaria uma “ruptura democrática” no país.
“Acredito que o Brasil tem uma característica que eu julgo muito importante e todos nós temos que valorizar que é o fato de que aqui as pessoas podem se manifestar, tem espaço para isso e tem direito a isso. Chegamos à democracia e temos de conviver com a diferença. O que não podemos aceitar é a violência. Mas manifestações pacíficas são da regra democrática”, afirmou após a cerimônia no Palácio do Planalto em que sancionou a lei que torna o feminicídio crime hediondo.
EM DOZE CAPITAIS…
Durante o pronunciamento, houve buzinaço, panelaço e vaias em ao menos 12 capitais: São Paulo, Brasília, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Vitória, Curitiba, Porto Alegre, Goiânia, Belém, Recife, Maceió e Fortaleza. Nas janelas dos prédios, moradores batiam panelas e xingavam a presidente, enquanto piscavam as luzes dos apartamentos. “Não acredito que brasileiros são a favor do quanto pior, melhor. Os que são a favor do quanto pior, melhor, não tem compromisso com o país”, disse.
Questionada se considera o movimento que pede seu impeachment como legítimo, Dilma afirmou que não há razões para o pedido, principalmente, o que ela classificou como um terceiro turno, a exemplo dos panelaços e buzinaços de domingo.
TERCEIRO TURNO
“Eu acho que há que caracterizar razões para o impeachment e não o terceiro turno das eleições. O que não é possível no Brasil é a gente não aceitar a regra do jogo democrático. A eleição acabou, houve primeiro e segundo turno. Terceiro turno das eleições para qualquer cidadão brasileiro não pode ocorrer a não ser que se queira uma ruptura democrática”, disse.
Dilma também afirmou que as manifestações convocadas para o próximo dia 15 em várias cidades do país não têm legitimidade para pedir seu impeachment. “Quem convocar, convoque do jeito que quiser. Ninguém controla o jeito que convoca. Ela [manifestação] vai ter as características que tiver seus convocadores. Agora, ela em si não representa nem a legalidade e nem a legitimidade de pedidos que rompem com a democracia”, afirmou.
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NOTA DA REDAÇÃO – Dilma Rousseff é primária, não entende nada de política. Ela jamais poderia tocar no assunto do impeachment. Ao fazê-lo, provoca o acirramento da discussão sobre essa possibilidade, cada vez mais crescente e provável. Como se dizia antigamente, peixe morre pela boca... (C.N.)
10 de março de 2015
Mariana Haubert
Folha
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