"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

terça-feira, 10 de março de 2015

CHAMEM O LULA DE VOLTA, ELE É O CULPADO DE TUDO














Se fosse o caso de cobrar responsabilidades pelo imbróglio em que meteram o país, que não se aponte o dedo para parte do eleitorado, destituído de noções básicas sobre o regime democrático e o processo eleitoral, pois o pronunciamento das urnas nas eleições de outubro dificilmente seria outro. Contudo, escolha houve, por mais que se possa criticá-la, no âmbito de uma série de fatos e circunstâncias que se juntaram para induzir uma consequência que se aproxima do desastre, repetida e movida por uma das maiores operações de engodo no segundo turno.
Apesar de longe estar da pretensão de fazer o papel de analista do pronunciamento popular, tenho comigo a convicção de que dois fatores pesaram na catástrofe que se abateu sobre o Brasil. A prova de um mandato inteiro ruinoso já se cumprira, mostrando um lastro de experiência que não deixara dúvidas para o corpo eleitoral. Disparada a bala no primeiro mandato, era mais do que conveniente que se evitasse cometer uma segunda tragédia.
Lula, de um lado, e o marquetismo político desvairado, de outro, cumpriram bem a operação sinistra a que se propuseram realizar. Lula pelo autoritarismo político, primário e ignorante. Falo da velha história do candidato do bolso do colete, invariavelmente danoso e, no campo político, antidemocrático e deseducador. O que me aprofunda a convicção do despreparo do ex-presidente é a incapacidade que deixa escapar de avaliador canhestro das pessoas e do comportamento humano.
DOUTORA DILMA
De fato, chefe de governo por oito anos, teve a acompanhá-lo por esse longo período a doutora Dilma, como ministra de Estado. Na segunda vez, deslocou-a para uma pasta difícil, que exige do titular segura sensibilidade política e um mínimo de intimidade com o presidente da República que permita conhecer, com relativa profundidade, aspectos fundamentais da sua personalidade, da sua maneira de reagir diante de situações de preocupante gravidade, o que é quase o dia a dia do exercício das funções.
Exerci o cargo no governo Aureliano Chaves, claro que no âmbito de atribuições muito mais limitadas, e sei o que implica manter o equilíbrio, a ponderação, tendo em vista as especificidades do fato político vis-à-vis ao fato administrativo.
APENAS GERENTONA
Reações destemperadas, temperamento irascível, impaciência, falta de educação, incontinência jamais são compensadas com eficiência ou com os atributos da “gerentona”, que, ao contrário do anunciado e proclamado pelo dono do colete, nunca chegaram sequer a ser percebidos pelos governados. A razão é simples: o ser enérgico, o saber exercer, sem perder a lhaneza, o princípio da autoridade, é inestimável característica dos estadistas. Churchill foi o maior deles no século XX. Não chegaria a essas alturas se não conseguisse diferenciar o tom e o comportamento para uma conversa reservada de uma declaração pública.
A presidente Dilma está numa encruzilhada da sua vida e do país que dirige. Tem de saber sempre fitar os Andes, mesmo pequena, em sua condição humana.

10 de março de 2015
Márcio Garcia Vilela
O Tempo

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