Na semana passada foi a vez do Roger. A patrulha ideológica, com sua percepção assimétrica e distorcida da realidade, promoveu mais um episódio lamentável de atentado a reputações.
Para quem não ouviu falar do caso, o Roger Moreira, do Ultraje a Rigor, foi perseguido na internet por militantes do PT (os MAVs, militantes em ambiente virtual) por estar "ganhando dinheiro" de um governo que ele critica.
Ele participou de um show em São Paulo organizado pelo Ministério da Cultura e pelo Banco do Brasil.
Isso também ocorreu comigo no ano passado, por ocasião da Virada Cultural de São Paulo.
Tive de fazer um esforço inaudito, auxiliado por uma campanha nas redes sociais, para furar o bloqueio ao meu nome — e conseguir intimidar com o clamor popular os curadores da Secretaria de Cultura municipal, que só assim me incluíram no evento.
Logo em seguida, começaram a pipocar na rede as mesmas críticas vindas desse mesmo grupo, que dizia ser uma contradição um oposicionista ferrenho como eu aceitar tocar em um show promovido pela prefeitura do PT.
Imaginem que surreal seria termos os holofotes e as atenções voltados exclusivamente para artistas filiados ao PT, que sobem no palanque do partido e recebem uma grana preta para fazer campanha publicitária dos órgãos públicos. Como seria se a gente só pudesse assistir a filmes, peças teatrais e minisséries com temas "customizados", destinados a favorecer a imagem do governo? E que tal se fôssemos obrigados a engolir só o que passa pelo filtro ideológico do PT?
Pois então vamos acabar com essa palhaçada de uma vez por todas: os órgãos públicos que porventura sejam patrocinadores de eventos culturais não podem coibir, filtrar nem excluir vertente alguma de expressão artística, credo ou pensamento político discordantes ou mesmo contrários aos da administração vigente, pois dessa forma estarão lidando com a coisa pública como se fosse privativa de um partido, o que é inconstitucional. Simples assim.
Os palcos dos festivais financiados com o dinheiro do contribuinte estão abertos a todos, são espaços públicos — eventualmente sob a administração desse ou daquele partido político.
O fato de o PT não entender isso não deve ser tolerado pela população que paga seus impostos. Ela tem o direito de exigir acesso a qualquer tipo de manifestação cultural e artística, inclusive as de que o PT não gosta. E o governo não pode substituir a pluralidade cultural pelo seu monopólio ideológico.
Antes de o partido chegar ao poder, alguém se lembra de ver patrulha linchar artista porque ele tocava na gestão Maluf? Ou Jânio? Ou Serra?
Mas o ideário petista, assim como a mentira, tem pernas curtas e, por mais truculenta que seja a atitude desses militantes que forçam a barra numa tentativa de fazer terrorismo ideológico, essa presepada não prevalecerá.
Assim como não prevalecerão a cantilena ideológica de terceira categoria, o ódio plantado entre as classes e esse deficit intelectual de proporções politibúricas que exala das universidades e dos órgãos dominados por essa gente dodói. Primeiro porque a população não vai deixar e depois porque esses carinhas não possuem a força que pensam ter.
Imaginem que surreal seria termos os holofotes e as atenções voltados exclusivamente para artistas filiados ao PT, que sobem no palanque do partido e recebem uma grana preta para fazer campanha publicitária dos órgãos públicos em TVs, rádios, outdoors, jornais e revistas. Como seria se a gente só pudesse assistir a filmes, peças teatrais e minisséries com temas "customizados", destinados a favorecer a imagem do governo? E que tal se fôssemos obrigados a engolir só o que passa pelo filtro ideológico do PT?
Teríamos uma cultura monomaníaca, cinza e medíocre, feita por puxa-sacos de alma coloidal que transformariam em caricatura a cultura nacional, travestindo a história com mentiras canastronas e mamando descaradamente no Erário. Escrevo no condicional porque esse jogo não está ganho. Vamos virá-lo, como já estamos fazendo.
Então, para concluir: palco não é palanque, público não é privado, ideia não é ideologia e nem traseiro de pinto é escovinha, como dizia o meu pai.
Para quem não ouviu falar do caso, o Roger Moreira, do Ultraje a Rigor, foi perseguido na internet por militantes do PT (os MAVs, militantes em ambiente virtual) por estar "ganhando dinheiro" de um governo que ele critica.
Ele participou de um show em São Paulo organizado pelo Ministério da Cultura e pelo Banco do Brasil.
Isso também ocorreu comigo no ano passado, por ocasião da Virada Cultural de São Paulo.
Tive de fazer um esforço inaudito, auxiliado por uma campanha nas redes sociais, para furar o bloqueio ao meu nome — e conseguir intimidar com o clamor popular os curadores da Secretaria de Cultura municipal, que só assim me incluíram no evento.
Logo em seguida, começaram a pipocar na rede as mesmas críticas vindas desse mesmo grupo, que dizia ser uma contradição um oposicionista ferrenho como eu aceitar tocar em um show promovido pela prefeitura do PT.
Imaginem que surreal seria termos os holofotes e as atenções voltados exclusivamente para artistas filiados ao PT, que sobem no palanque do partido e recebem uma grana preta para fazer campanha publicitária dos órgãos públicos. Como seria se a gente só pudesse assistir a filmes, peças teatrais e minisséries com temas "customizados", destinados a favorecer a imagem do governo? E que tal se fôssemos obrigados a engolir só o que passa pelo filtro ideológico do PT?
Pois então vamos acabar com essa palhaçada de uma vez por todas: os órgãos públicos que porventura sejam patrocinadores de eventos culturais não podem coibir, filtrar nem excluir vertente alguma de expressão artística, credo ou pensamento político discordantes ou mesmo contrários aos da administração vigente, pois dessa forma estarão lidando com a coisa pública como se fosse privativa de um partido, o que é inconstitucional. Simples assim.
Os palcos dos festivais financiados com o dinheiro do contribuinte estão abertos a todos, são espaços públicos — eventualmente sob a administração desse ou daquele partido político.
O fato de o PT não entender isso não deve ser tolerado pela população que paga seus impostos. Ela tem o direito de exigir acesso a qualquer tipo de manifestação cultural e artística, inclusive as de que o PT não gosta. E o governo não pode substituir a pluralidade cultural pelo seu monopólio ideológico.
Antes de o partido chegar ao poder, alguém se lembra de ver patrulha linchar artista porque ele tocava na gestão Maluf? Ou Jânio? Ou Serra?
Mas o ideário petista, assim como a mentira, tem pernas curtas e, por mais truculenta que seja a atitude desses militantes que forçam a barra numa tentativa de fazer terrorismo ideológico, essa presepada não prevalecerá.
Assim como não prevalecerão a cantilena ideológica de terceira categoria, o ódio plantado entre as classes e esse deficit intelectual de proporções politibúricas que exala das universidades e dos órgãos dominados por essa gente dodói. Primeiro porque a população não vai deixar e depois porque esses carinhas não possuem a força que pensam ter.
Imaginem que surreal seria termos os holofotes e as atenções voltados exclusivamente para artistas filiados ao PT, que sobem no palanque do partido e recebem uma grana preta para fazer campanha publicitária dos órgãos públicos em TVs, rádios, outdoors, jornais e revistas. Como seria se a gente só pudesse assistir a filmes, peças teatrais e minisséries com temas "customizados", destinados a favorecer a imagem do governo? E que tal se fôssemos obrigados a engolir só o que passa pelo filtro ideológico do PT?
Teríamos uma cultura monomaníaca, cinza e medíocre, feita por puxa-sacos de alma coloidal que transformariam em caricatura a cultura nacional, travestindo a história com mentiras canastronas e mamando descaradamente no Erário. Escrevo no condicional porque esse jogo não está ganho. Vamos virá-lo, como já estamos fazendo.
Então, para concluir: palco não é palanque, público não é privado, ideia não é ideologia e nem traseiro de pinto é escovinha, como dizia o meu pai.
21 de maio de 2014
Lobão, Revista Veja
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