"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

PROTESTOS, SANGUE E OCLOCRACIA

      
Os vândalos das ruas com suas máscaras não são os agentes ativos dos eventos recentes. Longe disso. São apenas peças úteis nas mãos daqueles que tem uma agenda política perversa.

E eis que a nova forma estética de manifestação contra o sistema fez a sua primeira vítima, o cinegrafista Santiago Ilídio Andrade, da Band, cuja vida foi ceifada pelas mãos de duas marionetes úteis que, como muitas outras que estão por aí, acreditam estar lutando por algo melhor, sem saber ao certo o que será esse algo.

Essas manifestações estéticas contra o sistema foram largamente justificadas, e teorizadas, por uma chusma significativa de intelectuais, e demais hostes de (de)formadores de opinião, que elogiavam, e elogiam, entusiasticamente tais práticas como uma nova linguagem que expressava-se através de gestos de violência simbólica contra as instituições que representam a ordem vigente.
E, como era sabido por todos, mesmo que negado, cedo ou tarde iria dar no que deu: óbito dum inocente seguido dum punhado de desculpas esfarrapadas e justificativas esdrúxulas da parte daqueles que achavam tudo isso uma primavera social.

Entretanto, vale lembrar: os vândalos das ruas com suas máscaras não são os agentes ativos dos eventos recentes. Longe disso. São apenas peças úteis nas mãos daqueles que tem uma agenda política perversa que é desenvolvida de acordo com as variações e possibilidades apresentadas pela conjuntura presente. Os meios variam de acordo com as circunstâncias, não os fins.

Trocando por miúdos: os ditos agentes históricos conscientes não passam de peões num tabuleiro de xadrez viciado. Jogo onde a oposição encontra-se tão confusa e assustada quanto à população.

De mais a mais, o cultivo da instabilidade institucional, o fomento da criminalidade através da virtual impunidade, são ferramentas eficazes na criação duma situação de pânico que pode levar-nos a um quadro de ruptura. Ruptura almejada por muitos, mas não com todas as variáveis controláveis e previstas, naturalmente. E aqueles que desenharam esse cenário sabem muito bem o que estão fazendo. Outra coisa: é claro que tais mudanças não ocorrem da noite para o dia. Elas são paulatinas e, por isso mesmo, eficaz.

E nesse cenário de pânico, coincidentemente, temos a apreciação do projeto de Lei do Senado (PLS 499/2013) que tipifica o crime de terrorismo. Também temos a portaria que regulamenta o uso das forças armadas para conter as manifestações (manual da “Garantia da ordem e da lei” de 20/12/2013) ao lado da nova empreitada para regulamentar o tal uso responsável da mídia. Tudo junto e misturado dá o AI-5 padrão FIFA, conforme as palavras do Correio Brasiliense.

Resumindo o entrevero: o circo brasiliano está pegando fogo, o carro dos bombeiros está cheio de gasolina e os senhores do espetáculo estão mui satisfeitos com os rumos de toda a instável alegoria deste rubro carnaval que canta: olha a cubanização aí gente!

19 de fevereiro de 2014
Dartagnan da Silva Zanela

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