Tivesse sido aplicada na saúde ou na educação, a megalomania de alguns políticos brasileiros seria mais louvável. As 12 arenas que sediarão os jogos da Copa do Mundo custarão pelo menos US$ 8,9 bilhões - um quarto da verba anual destinada ao Ministério da Educação e 20% do que será alocado em recursos na pasta da Saúde em 2014. Com hospitais e escolas públicas sucateados, além de médicos e professores mal remunerados, é difícil entender o porquê de aplicar rios de dinheiro em evento esportivo.
O fim da Copa dará lugar à ressaca moral e à pergunta de difícil resposta: "O que fazer com tantos elefantes brancos?" As autoridades terão percebido que os bilhões escoaram pelo ralo. Estádios modernos e pomposos construídos em Brasília, em Cuiabá e em Manaus terão como única utilidade servir de cenário de fundo para fotografias de turistas e de palco para shows esporádicos. Os governantes também vão constatar que pouco - ou nada - mudou na situação econômica do Brasil.
Um país que deixa os doentes morrerem à míngua dentro de hospitais públicos lotados e abandona os idosos à própria sorte não pode se gabar de ser superpotência emergente. Uma nação que corteja ditadores latino-americanos se rotula de democrática e sugere punir manifestantes com até 30 anos de prisão está mergulhada na controvérsia. Uma pátria-mãe que mantém os filhos na mira de marginais e se omite em garantir segurança. Nosso Brasil mal conseguiu cumprir prazos para a realização da Copa e chegou a ser alvo de chacota da todo-poderosa Fifa. Os projetos de mobilidade urbana e acessibilidade não saíram no papel e ali continuarão. O Mundial no Brasil, assim como sua mascote, Fuleco, ou sua bola, Brazuca, não terão passado de produto de marketing político.
Enquanto isso, engravatados terão enchido os bolsos de dinheiro e farão do Mundial uma escada para suas ambições de poder. A imensa maioria da população, depois de passado o efeito do ópio do futebol, seguirá na dura rotina de sempre, tentando driblar a inflação e o alto custo de vida, fazendo mágica para alimentar os filhos e se acostumando com as mazelas na saúde e na educação. Nossos políticos merecem o título de campeões do desperdício. Nós, de heróis da resistência.
19 de fevereiro de 2014
Rodrigo Craveiro
Correio Braziliense
O fim da Copa dará lugar à ressaca moral e à pergunta de difícil resposta: "O que fazer com tantos elefantes brancos?" As autoridades terão percebido que os bilhões escoaram pelo ralo. Estádios modernos e pomposos construídos em Brasília, em Cuiabá e em Manaus terão como única utilidade servir de cenário de fundo para fotografias de turistas e de palco para shows esporádicos. Os governantes também vão constatar que pouco - ou nada - mudou na situação econômica do Brasil.
Um país que deixa os doentes morrerem à míngua dentro de hospitais públicos lotados e abandona os idosos à própria sorte não pode se gabar de ser superpotência emergente. Uma nação que corteja ditadores latino-americanos se rotula de democrática e sugere punir manifestantes com até 30 anos de prisão está mergulhada na controvérsia. Uma pátria-mãe que mantém os filhos na mira de marginais e se omite em garantir segurança. Nosso Brasil mal conseguiu cumprir prazos para a realização da Copa e chegou a ser alvo de chacota da todo-poderosa Fifa. Os projetos de mobilidade urbana e acessibilidade não saíram no papel e ali continuarão. O Mundial no Brasil, assim como sua mascote, Fuleco, ou sua bola, Brazuca, não terão passado de produto de marketing político.
Enquanto isso, engravatados terão enchido os bolsos de dinheiro e farão do Mundial uma escada para suas ambições de poder. A imensa maioria da população, depois de passado o efeito do ópio do futebol, seguirá na dura rotina de sempre, tentando driblar a inflação e o alto custo de vida, fazendo mágica para alimentar os filhos e se acostumando com as mazelas na saúde e na educação. Nossos políticos merecem o título de campeões do desperdício. Nós, de heróis da resistência.
19 de fevereiro de 2014
Rodrigo Craveiro
Correio Braziliense
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