"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

AS BATALHAS DE DILMA PARA MANTER SEU FAVORITISMO RUMO À REELEIÇÃO


No amanhecer de 2014, Dilma Rousseff parece lutador de videogame: cercado de muitos adversários e tendo que combater todos ao mesmo tempo.

A lista de seus incômodos adversários é grande e de tipos variados. Existem adversários internos e externos ao seu governo. Existem adversários conjunturais, políticos e midiáticos. Vamos fazer um inventário.

Comecemos pelos adversários internos. Dilma luta contra quatro tipos de adversários: aqueles no PT que querem a volta de Lula; os dissidentes da base governista em geral e, em especial, no PMDB, que está rachado e deve marchar para a campanha assim; e, por fim, a própria incompetência do governo em entregar resultados e/ou fazer trapalhadas.

O PMDB é o que mais preocupa pelo fato de ter uma das melhores estruturas partidárias do país.

No âmbito externo, Dilma enfrenta os dois polos da oposição: PSDB e PSB; a má vontade de setores da grande imprensa; a má vontade dos empresários; e a desconfiança do mercado financeiro.

Para piorar, enfrenta uma conjuntura adversa com incertezas nos campos econômico e social. Em particular, no que se relaciona com o crescimento econômico, o câmbio, o emprego e a inflação, além das incertezas da Copa do Mundo.

Olhando o quadro estadual, as dificuldades de Dilma são muitas. No Rio Grande do Sul, Tarso Genro (PT) terá uma campanha difícil. Mesmo que a senadora Ana Amélia Lemos (PP) venha a apoiar Dilma (hipótese pouco provável), não deverá ser um apoio forte e apaixonado.

A partir do Paraná e até o Pará, passando por São Paulo, Minas Gerais, Goiás e Tocantins, o PSDB terá estruturas de campanha fortes. No Rio de Janeiro, onde Dilma foi muito forte, a situação já não é tão boa. Em Pernambuco também, onde Eduardo Campos pontifica.

Na Bahia e no Ceará, Dilma pode enfrentar dificuldades. Na Bahia, o candidato do governo Jaques Wagner (PT), Rui Costa (PT), terá pela frente o candidato da aliança DEM, PSDB e PMDB, que poderá ser o ex-governador Paulo Souto (DEM) ou então o ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB).

No Ceará, por conta da resistência do PT a apoiar a candidatura do senador Eunício Oliveira (PMDB) a governador, pode ocorrer um entendimento entre PMDB e PSDB. Os tucanos poderiam apoiar Eunício em troca do apoio do PMDB à candidatura de Tasso Jereissati (PSDB) ao Senado.

Além dos problemas políticos dos palanques estaduais, Dilma terá que conviver com a ameaça de um racionamento energético. O governo, que antes havia descartado a possibilidade de apagão, agora já admite essa possibilidade, mesmo dizendo que ela é “baixíssima”. Sem falar nos problemas de infraestrutura (aeroportos, portos, estradas), que poderão se tornar mais visíveis em função da Copa.

Com tantos adversários e dificuldades, Dilma será exigida ao máximo para manter o seu favoritismo rumo à reeleição. Não será o passeio que muitos, inclusive de seu time, achavam.

Dilma terá muitas frentes e adversários para combater. Considerando a qualidade inconsistente de seu grupo, a dificuldade de dialogar e o fato de que o PT anda dividido com relação à direção da campanha, não será tarefa fácil.

Em especial, porque uma campanha necessita de vetores de agregação, e não de confronto. Parece que o PT está se orientando na direção oposta aos rumos tomados para a construção do “lulismo”. Parece, também, que Dilma percebe isso, mas não reage como deveria para se estabelecer como líder inconteste do atual momento político do país.

 
19 de fevereiro de 2014
Murillo de Aragão, O Tempo (MG)

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