"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quarta-feira, 3 de agosto de 2016

DONO DO AVIÃO OPERAVA AS PROPINAS DE EDUARDO CAMPOS E DE SENADOR DO PSB


Bezerra e Campos participavam do mesmo esquema de propinas









Na Operação Turbulência da Polícia Federal, o empresário João Carlos Lyra Pessoa de Melo Filho é apontado pela Polícia Federal como o líder de um grupo criminoso e o encarregado de entregar propina da empreiteira Camargo Corrêa ao ex-governador do Pernambuco Eduardo Campos, morto em agosto de 2014 em um acidente aéreo. Lyra assinou o Termo de Intenção de Compra e se apresentou formalmente como o único comprador do Cessna Citation PR-AFA, o avião que caiu na cidade de Santos, no litoral paulista, em 2014.
O senador Fernando Coelho Bezerra (PSB-PE) também teria recebido a propina. Ele é pai de Fernando Filho, ministro das Minas e Energia do presidente interino Michel Temer (PMDB). A PF indiciou 20 investigados na Operação Turbulência, que iniciou investigação sobre distribuição de propina após a queda do avião usado pelo então candidato à Presidência PSB, Eduardo Campos.
Segundo a PF, os valores entregues por Lyra seriam provenientes das obras da Refinaria Abreu e Lima, executadas pela Petrobras em Pernambuco. A refinaria também é alvo da Operação Lava Jato.
CONTRATO FICTÍCIO – Os detalhes da atuação de Lyra foram informados pelos ex-funcionários da Camargo Corrêa Gilmar Pereira Campos e Wilson da Costa à delegada Andrea Pinto Albuquerque. Eles disseram que  a empreiteira realizou um contrato fictício com a Construtora Master para viabilizar o pagamento, contrato cujo objetivo era realizar a terraplanagem na obra da refinaria de Abreu, serviço que nunca foi realizado.
A PF alega que as quantias arrecadadas com os contratos fraudulentos eram repassadas a João Carlos Lyra em entregas de dinheiro vivo e também via depósitos em contas de grupo de empresas de fachadas que estavam em nome de laranjas vinculados ao líder do grupo criminoso.
A Operação Turbulência investiga uma organização criminosa responsável pela criação e manutenção de uma série de empresas de fachadas utilizadas para, segundo a PF, efetuar a circulação de “recursos de origem espúria” de maneira a ocultar os remetentes e destinatários desses valores.
LARANJA MORREU NO MOTEL – A delegada Andrea Pinho compartilhou informações com a força-tarefa da Lava Jato em Curitiba e com o grupo de investigadores da Procuradoria-Geral da República, ainda que a investigação tenha tido origem na queda do avião Cessna Citation.
O laranja que se dizia dono do jatinho apareceu morto por envenenamento num quarto de motel em Olinda, no dia em que foi realizada a Operação Turbulência.
Na busca pelos reais proprietários do jatinho, os investigadores da Polícia Federal mapearam uma teia de empresas de fachada utilizadas para lavar e supostamente escoar dinheiro oriundo de obras públicas para campanhas políticas. A PF mira repasses da Camargo Corrêa e da OAS que seriam provenientes de desvios praticados em obras da Petrobras realizadas no Estado e na transposição do Rio de São Francisco.
EMPRESAS DE FACHADA – Segundo a PF, Lyra também teria utilizado as contas de empresas de fachada operadas por ele para escoar valores provenientes da OAS, além de ser o entregador de propina da Camargo Corrêa. De acordo com a PF, entre 2010 e 2014, foram registradas ao menos 90 transações entre a construtora e as empresas ligadas a Lyra, que somaram um total de R$ 14 milhões.
“Inegável, ainda, que ele (Lyra) teria utilizado tais contas para aportar recursos provenientes de contratos superfaturados executados pela OAS, em troca da entrega de dinheiro em espécie que serviria de pagamento de propina a políticos e funcionários públicos devidos por aquela empreiteira, dissimulando a natureza criminosa dos valores recebidos”, sustenta a delegada da PF.
DEFESAS – Em nota, a defesa de João Lyra negou que ele tenha praticado qualquer irregularidade. “Todos os esclarecimentos serão dados nos autos do processo”, afirma. Por meio de sua assessoria, o senador Fernando Bezerra Coelho disse que “não é investigado na Operação Turbulência” e informou que nunca coordenou “nenhuma campanha de Eduardo Campos”.
Questionado em nome do então candidato à Presidência da República pelo PSB, o partido reafirmou que reitera a sua confiança na “conduta sempre íntegra do ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos e o apoio incondicional ao trabalho de investigação da Polícia Federal e do Ministério Público, esperando que resulte no pleno esclarecimento dos fatos”.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – A podridão da política brasileira é impressionante. Vamos aguardar para ver se o ministro Fernando Bezerra Filho, que representa o PSB no governo Temer, pede demissão, será demitido ou fica tudo como dantes no quartel de Abranches, como se dizia antigamente. (C.N.)
03 de agosto de 2016
Deu no iG São Paulo

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