"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quarta-feira, 3 de agosto de 2016

TEORI LIVROU-SE IMEDIATAMENTE DO ASSESSOR QUE ASSINOU MANIFESTO LULOPETISTA


Teori fez o assessor se demitir e depois elogiou a atuação dele 















Um dia após endossar um manifesto em defesa da decisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de recorrer ao Comitê de Direitos Humanos da ONU (Organização das Nações Unidas) contra o juiz Sergio Moro, Manoel Lauro Volkmer de Castilho pediu exoneração do cargo que ocupava no gabinete do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Teori Zavascki, relator da Lava Jato.
Castilho era assessor técnico do ministro e ocupava cargo comissionado no Supremo desde novembro de 2014. Desembargador aposentado do TRF (Tribunal Regional Federal) da 4a Região, ele é casado com a vice-procuradora-geral da República Ela Wiecko de Castilho.
Teori afirmou que o assessor não atuava na área criminal, portanto, não trabalhava com processos da Lava Jato, mas que é preciso garantir a isenção do gabinete. O ministro reconheceu o desgaste com a participação do assessor no texto que apontou que Lula “é alvo das elites e a oligarquia, inconformadas com a ascensão da esquerda ao poder que iniciaram uma verdadeira caçada ao petista com o apoio da grande mídia”.
ELOGIO AO ASSESSOR – “É uma figura fora de série, um profissional de altíssimo nível, eu compreendo as razões pelas quais ele assinou esse manifesto. Ele foi consultor-geral da União, mas para evitar constrangimento ele tomou a iniciativa de pedir exoneração do cargo e eu aceitei”, explicou o ministro.
“Eu acho que o problema que tem é que não se pode separar a figura das convicções pessoais dele, inclusive tendo servido como consultor-gral da União, com o atual cargo que ele ocupa, trabalhando no Supremo, em gabinete. O conteúdo do documento pode aparentemente fazer com que se façam leituras incompatíveis. Ele percebeu isso e tomou a iniciativa”, emendou.
“Para todos os efeitos, o importante não é só ser, mas parecer”, completou.
NÃO É COMIGO – Teori não quis comentar o teor político do manifesto. “Esse assunto não é comigo. Eu já tenho problemas para resolver. Vou resolver os meus problemas”, afirmou.
O ministro também desconversou sobre a decisão da defesa de Lula de recorrer à ONU. “Eu não vou me manifestar sobre esse assunto, porque realmente acho que é impertinente eu me manifestar. Eu vou continuar seguindo meu modelo de trabalho. Vou procurar resolver os problemas de maneira muito clara. As minhas decisões são decisões que procuro fazer para que todas as pessoas entendam os fundamentos que eu adoto”, disse.
“Vou decidir claramente, de uma maneira aberta. Aquilo que é possível publicar vocês sempre vão ter acesso, como sempre tiveram. Agora sobre outros assuntos eu prefiro não me manifestar porque cada macaco no seu galho”, disse.
APOIO A LULA – A assinatura do assessor de Zavascki se junta a mais de 200 que corroboram a nota direcionada ao presidente do STF, Ricardo Lewandowski.
Entre os apoiadores do documento também estão o ex-ministro da Justiça Eugênio Aragão, o ex-conselheiro do CNJ Marcelo Neves, o deputado Wadih Damous (PT-RJ), ex-presidente da OAB-RJ, e o subprocurador-geral da República Carlos Vasconcelos.
O texto afirma que “embora tenha deixado a Presidência da República há cerca de seis anos, Luiz Inácio Lula da Silva continua sofrendo ataques preconceituosos e discriminatórios. Agora as ofensas estão acompanhadas de uma tentativa vil de criminalizar o ex-presidente”, diz o texto.
Segundo a nota, preconceito e discriminação explicam a perseguição ao petista. “Porque ele é filho da miséria; porque ele é nordestino; porque ele não tem curso superior; porque ele foi sindicalista; porque foi torneiro mecânico; porque é fundador do PT; porque bebe cachaça; porque fez um governo preferencialmente para as classes mais baixas e vulneráveis; porque retirou da invisibilidade milhões de brasileiros etc.”, diz.
“Fosse Luiz Inácio Lula da Silva um homem de posses, sulista, ‘doutor’, poliglota, bebesse vinho e tivesse governado para os poucos que detêm o poder e o capital em detrimento dos que lutam sofregamente para ter o mínimo necessário para uma vida com dignidade, certamente a história seria outra. Grande parte daqueles que rejeitam Lula o fazem pelo que ele representa e pelo que ele simboliza.”
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
 – Como se vê, Lula alega que está sendo perseguido politicamente porque gosta de uma cachaça. Na petição à ONU, Lula deveria ter citado como exemplo o líder russo Boris Yeltsin, que gostava de vodka, vivia mamado, nunca sofreu perseguição política e governou até o final. Quanto a Dilma Rousseff, que não bebe, a perseguição política não tem razão de ser, segundo a teoria de Lula. (C.N.)


03 de agosto de 2016
Márcio Falcão
Folha

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