"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quarta-feira, 3 de agosto de 2016

O SEGUNDO DIA DE EHRENBURG: STALIN DETESTA DOSTOIEVSKY OU O MITO DA EDUCAÇÃO SOCIALISTA


Diziam que o Armênio Mikoyan, um dos diletos assessores prediletos de Stalin, era capaz de andar debaixo da chuva sem se molhar, tamanho a mineirice de sua falta de caráter. Ehrenburg era uma espécie de Mikoyan dos escritores soviéticos. Deveria ter sido fuzilado umas 15 vezes ou condenado a passar o resto da vida num Gulag. 
Mas, ninguém sabe como, sobreviveu.

Um dos maiores e mais persistentes mitos inventados pelos comunistas é que os regimes socialistas criam, promovem e executam um excelente regime educacional. 
Ehrenburg destrói essa mentira mostrando que a educação soviética é apenas doutrinação rasteira, padrão Paulo Freire. Tomem como exemplo a seguinte passagem de seu livro 'O Segundo Dia da Criação' [em inglês Out of Chaos]:

“O velho explicou que os atuais habitantes eram os netos de um deportado, e que esse deportado fora amigo de Dostoievski. Passavam as noites a discutir. Os alemães olharam para os meninos: eram dois rapazinhos de 13 ou 14 anos. Estavam instalados junto daquela mesma janela diante da qual Dostoievski escrevera os seus romances. 
Também eles escreviam: estavam a preparar as suas lições. Um alemão que sabia russo pegou no caderno e leu: “Na América há um automóvel para cada sete habitantes, mas no fim do Segundo plano quinquenal nós teremos certamente ultrapassado os Americanos…”

Perguntou aos meninos: - vocês leram livros de Dostoievski?

Os garotos responderam: - Não

De escritores não conheciam senão Puchkin, Gorki e Bezymenski.”

É evidente que o livro foi rejeitado para publicação pelos censores soviéticos. 
Ehrenburg que bebia um biotônico Fontoura de óleo de peroba não se deu por rogado e mandou uma cópia do livro diretamente para Stalin que o mandou publicar.


03 de agosto de 2016
in selva brasilis

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