Caros amigos: Acabo de ler o artigo do Sr Clóvis Rossi, publicado na Folha de São Paulo e apresso-me a dizer-lhes que, aparentemente, estamos diante da obra de mais um intelectual orgânico, antecipando sua contribuição para a acomodação da verdade aos interesses do intelectual coletivo.
Ao referir-se ao cinquentenário da contra revolução de 1964, fala de “trevas, nunca mais”, enquanto sabe que seria mais honesto clamar por “terrorismo, nunca mais” ou, melhor ainda, já que o passado pertence à história, deveria aproveitar para abrir os olhos de seus leitores para a baderna, a roubalheira e o desmando que, às claras, já dura 28 anos!
Uma sequência de frivolidades emolduram o texto do Sr Clóvis, a começar pela incoerência de denunciar um “golpe” militar, restritivo da liberdade, mas que lhe permitiu cobrir seu momentos mais críticos, sem restrições de acesso ou movimento, no DKW de seu pai.
Trabalhava para o jornal Correio da Manhã, um dos órgãos de imprensa que mais se esforçaram para que o contra golpe acontecesse, no entanto, confessa, mal sabia o que estava a ocorrer. Um homem de imprensa mal informado desde então!
É coerente ao dizer que o Brasil mudou e que esteve melhor nestes cinquenta anos. É como se tivéssemos escalado o Pão de Açúcar por um lado e descido pelo outro, ou seja já estivemos no alto, com esforço, mas acabamos por voltar ao nível da partida.
Confessa ter se comportado qual uma vivandeira dos quarteis, transformando a rotina militar de promoções e movimentações em notícia de jornal, ou seja, estava a bajular os Generais, tentando decodificar o Almanaque do Exército, algo que só ao Exército interessa, como se daí pudesse tirar ilações políticas.
Confessa também sua conivência com os desmandos dos últimos governos ao negar o interesse, o empenho e o investimento do “Partido” para controlar a mídia, comprando-lhe a consciência e a alma. Fernando Gabeira, personagem importante dessa história cinquentenária, certa feita, comparando o período em que esteve preso com o que militou no PT, publicou que muitos militares diziam que o respeitavam porque deixara um bom emprego para combatê-los com risco de vida, e acrescentou: “Jamais imaginei que seria grato aos torturadores por não me pedirem a alma. Não sabia que dias tão cinzentos ainda viriam pela frente”.
Tem razão, no entanto, o Sr Rossi ao dizer que na democracia petista quem quer grita pelo pedreiro Amarildo, mas ninguém tem coragem de gritar “quem mandou matar Celso Daniel”, ou, “quem matou Antônio da Costa Santos, o Toninho do PT”!
Tem razão também o jornalista Clóvis ao dizer que encerrado o ciclo militar ainda não se chegou à verdade sobre a guerra ocorrida no período, visto que, só um lado tem compromisso com ela, o outro, o que comprou a alma e a consciência de homens como o Sr Rossi, não tem nem quer qualquer proximidade com ela!
Se nas décadas de 60 e 70 houve uma onda de governos sob mando de militares na América Latina, isto se deve à divisão do mundo, à época, em dois blocos antagônicos. Não havia meio termo, as nações eram alinhadas a um ou outro bloco. Era o período da Guerra Fria, ao qual o mundo deve a sua sobrevivência e a liberdade que, deturpada em nosso País, é desfrutada em nossos dias apenas pela bandidagem, pelos corruptos e pelos oportunistas.
Esta é a “santa rotina” que nos faz penar como cidadãos e ver mudarem, a cada eleição, apenas as moscas que se reproduzem no esterco em que se transformou a política no Brasil.
05 de janeiro de 2014
Paulo Chagas, cidadão brasileiro, dono de sua alma, é General na Reserva!
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