Bilionário usou o próprio dinheiro para despesas quando foi prefeito de Nova York
Depois de governar a cidade de Nova York por 12 anos, o bilionário Michael Bloomberg pegou o metrô e foi para casa. Além de uma grande administração, deixou um exemplo. Durante o tempo em que ocupou a prefeitura gastou US$ 650 milhões do próprio bolso.Sabia-se que voava em jatinhos e helicópteros de sua propriedade (alô, Sérgio Cabral). Sabe-se agora que seu gosto por aquários no gabinete custou-lhe US$ 62.400. O café da manhã e almoços frugais para a equipe saíram por US$ 890 mil. Uma viagem ao exterior custou US$ 500 mil (alô, Cid Gomes). Seu salário na prefeitura era de um dólar por ano.
Com uma fortuna avaliada em US$ 31 bilhões, Bloomberg gasta como quer. Já deu um bilhão à universidade onde estudou. (No ano seguinte à sua formatura, quando era um duro, deu cinco dólares.) Começou a vida no papelório, deixou a Salomon Brothers com US$ 10 milhões e fundou o império de meios de comunicação que leva seu nome.
Para quem gosta de depreciar o Brasil, ele seria um exemplo de políticos que faltam por aqui. É verdade, mas o casal Clinton está milionário e suas origens são semelhantes às de Bloomberg, sem que tenham produzido um só parafuso. Lyndon Johnson endinheirou-se na política e seus mensalões fariam corar ao comissariado petista.
A diferença entre o serviço público americano e o brasileiro está no exemplo. Indo-se para o século XIX, Dolley Madison, mulher do presidente James Madison, a primeira locomotiva social de Washington, morreu em absoluta pobreza, eventualmente ajudada por um escravo liberto que trabalhara para ela na Casa Branca.
Em 1979, quando Paul Volcker foi nomeado presidente do Federal Reserve Bank, perdeu 50% de sua receita e foi morar numa quitinete de estudante em Washington. Sua mulher ficou em Nova York e equilibrou as contas alugando um quarto de seu apartamento.
No Brasil foram muitos os milionários que passaram por governos. Nenhum soltou a bolsa da Viúva. Em muitos casos as fortunas foram acumuladas por inexplicáveis multiplicações ocorridas durante o exercício dos cargos. Exemplo como o de Bloomberg, nem pensar.
Casa Civil
Está dura a competição dentro do comissariado pela substituição de Gleisi Hoffmann na chefia da Casa Civil.
A doutora Dilma tem dois nomes sobre a mesa: Carlos Gabas, ministro interino da Previdência Social, e Aloizio Mercadante, titular da Educação.
Um ascendeu dentro da máquina do serviço público para a qual entrou em 1985, por concurso. O outro emergiu do aparelho partidário, tendo sido fundador do PT, elegendo-se deputado e senador.
Se um dos dois for escolhido, a decisão terá dado o tom de um eventual segundo mandato da doutora Dilma.
O pente de Renan
O senador Renan Calheiros pagou R$ 27,4 mil à FAB pelo uso indevido do jatinho que o levou de Brasília a Recife para um implante de 10.118 fios de cabelo. Isso dá R$ 2,5 por cada fio, deixando-se de lado os serviços médicos do procedimento. Toda vez que o doutor ajeitar a cabeleira, deverá contar os tufos que saírem no pente. Cada 26 fios corresponderão a um salário mínimo.
Infraero invicta
A Infraero é invencível. Em dezembro de 2012, os aeroportos do Rio viraram saunas, ela dizia que o sistema de ar refrigerado seria consertado no dia seguinte.
Agora que o Galeão passou pelo mesmo problema, ela informou que o ar refrigerado funcionava normalmente, salvo nas áreas onde há obras, pois lá ele está desligado.
Tem solução. Basta desligar a refrigeração do presidente da Infraero quando há passageiros que pagam suas taxas no calor.
No muro
A entrada do PSDB no governo de Eduardo Campos é um fato maior do que parece. O tucanato pernambucano é liderado por Sérgio Guerra, ex-presidente do partido, e há algum desconforto no PSDB nordestino com a disposição mostrada por Aécio Neves em relação a sua candidatura.
Tarso Xiaoping
O comissário Tarso Genro produziu um interessante artigo intitulado “Uma Perspectiva de Esquerda para o Quinto Lugar”. É uma reflexão em torno da sua visão para o futuro do Brasil, com ambiciosas referências ao modelo político e econômico da China. Espremendo, resulta no seguinte:
“O ‘levantar âncoras’ poderá ser uma nova Assembleia Nacional Constituinte”, no bojo de um amplo movimento político — por dentro e por fora do Parlamento — inspirado pelas jornadas de junho: com partidos à frente sem aceitar a manipulação dos cronistas do neoliberalismo, abrigados na grande mídia.”
O doutor diz que “se quiséssemos enquadrar nas categorias do marxismo tradicional o que ocorreu na China após os anos sessenta, poder-se-ia dizer que a Revolução Cultural como forma específica de revolução política ‘permanente’, foi sucedida por uma ‘Nova Política Econômica’ (a NEP leninista), de longo prazo, que tende a se tornar economia ‘permanente’”.
Comparar a revolução do companheiro Deng Xiaoping com a NEP de Lênin é uma licença poética. Uma, houve. A outra, teria havido. Lênin lançou-a em 1921, sofreu o primeiro derrame em maio de 1922, saiu do ar sete meses depois e morreu em 1924. Em 1928, a NEP foi abandonada e o estado leninista marchou para a “revolução cultural” de Stalin.
05 de janeiro de 2014
Elio Gaspari
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