"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

OS TELEJORNAIS E O SENSACIONALISMO


Segundo o dicionário (Michaelis UOL,2008) “Telejornal é um noticiário jornalístico transmitido pela televisão, geralmente acompanhado de cenas cinematográficas dos principais acontecimentos” A criação do tejornalismo deu-se após a popularização do cinema tornando-se atraente filmar notas informativas.
Dias a fio somos bombardeados por uma gama de acontecimentos sensacionalistas, sejam em sites, jornais, revistas e emissoras de televisão, que na grande maioria utilizam com freqüência o sensacionalismo para tirar proveito da morte e das suas conseqüências. Acidentes, assaltos seguidos de morte, catástrofes naturais e barbáries, leitores e telespectadores submetidos a uma carga emocional sem precedentes.
O apelo sensacionalista demonstra a adesão total ao mercado. A imparcialidade foi posta à prova, o compromisso ético foi posto a prova e poucos são os profissionais que assumem a postura passada na sala de aula tornando real a frase de Saramago: "Aprender com a experiência dos outros é menos penoso do que aprender com a própria".

Isto porque pratica um jornalismo miserável, mas segundo eles popular, com notícias e discussões que mostram e afetam a vida das pessoas em camadas da mais baixa renda na sociedade e na capital.
As informações ficam enormes, são manipuladas e reprisadas centenas de vezes, causando uma histeria coletiva levando a sociedade a pensar de uma mesma forma com conseqüências que podem afetar até as famílias dos envolvidos.
Manipular, transformar a noticia em algo parcial ou incompleto apresentando a informação em formato exagerado ou enganador é típico do jornalismo sensacionalista.
Provocar comoção nos ouvintes e telespectadores por causa das formas espalhafatosas de apresentar um jornal por parte dos apresentadores e utilizar imagens fortes e repetitivas aliadas a notícias bizarras para entreter as pessoas causando o aumento da audiência se enquadra no universo sensacionalista.
Caso houvesse uma censura rígida daquilo que deve ou não se falar ou até mesmo do que é mostrado, arrisco dizer que os dispositivos de mídia tenderiam a se especializar, formando cada dia uma forma diferente de usar a desgraça alheia aliada ao falso moralismo.
Seguindo esse pensamento e exemplo, temos os grandes e “famosos” jornais “Brasil Urgente” da TV Band, o “Balanço Geral” e o “Cidade Alerta” da Rede Record, todos campeões na arte de viver das mortes das pessoas e que apelam descaradamente afirmando com a maior cara de pau que naquele canal você está muito bem informado. Esses veículos apelativos têm como características na sua programação o telejornalismo “faca na Caveira”, voltado para as classes de menor poder aquisitivo e torcem para o “circo pegar fogo", afinal isso da ibope, e só para lembrar os comentários televisionados no caso do "Goleiro Bruno"(2010) que nos deixa a impressão que mataram a mesma mulher mais de cem vezes.
O que deve se saber é que devemos gerar a reflexão e o alicerce para que critérios de julgamento sejam interpretados pelos receptores.
Felizmente uma das poucas coisas que confortam é que temos o Observatório da Imprensa que exerce o importante papel junto com a internet de facilitar o acesso á informação, até mesmo usada por jornalistas que o utilizam para desenvolver a até criticar as “funerárias da aurora” que nada mais são do que um somatório de crimes e escândalos.
Assim encontra-se o perfil do noticiário brasileiro. Fazem política e dizem que não fazem; afirmam que a política é tudo de ruim que existe no País e ao mesmo tempo são parte dela, sem assumir-se.
O sensacionalismo não está ligado apenas a uma ideia espalhafatosa de divulgar uma notícia. Segundo Marcondes Angrimani (1994) “sensacionalismo é o grau mais radical de mercantilização da informação, serve como desviante ideológico constituído de nutrientes psíquicos, extraindo do fato, da notícia, a sua carga emotiva e apelativa e a enaltece. Fabrica uma nova notícia que a partir daí passa a se vender por si mesma”.
Não serei hipócrita e chamar todo seu conteúdo de supérfluo, claro que existem semelhanças com a prestação de serviço e a prática nas questões do dia-a-dia.
Sejam questões de interesse publico ou privado, os jornais sem exceção tem aspecto positivo na entrega da informação e pode ajudar muito àqueles que se preparam para mais uma jornada de trabalho.
Previsão do tempo, o transito na cidade, inscrições em concursos e imposto de renda, estão ou estariam entre assuntos pertinentes.
Com o slogan “A caminho da liderança” o jornalismo popular da TV Record se intitula como porta voz da população e tem a marca da linguagem simples e acessível, realizando o papel de “tradutor” da noticia.
É evidente que as classes C,D e E têm certa dificuldade para entender o que está sendo dito nos telejornais tradicionais, porém sabemos que existe a facilidade de distinguir uma boa noticia de uma má.
Em tom irônico ressalto que essa frase não muito diferente daquela que se preocupa com prestação de serviço e a ética, arrisco dar um exemplo, porque não informar como será o tempo na capital o trânsito na cidade e até mesmo porque não falarmos em ecologia! Porque não discutir sobre as políticas implementadas, discutir se o Prouni tem ajudado a população ou não e se o PAC está funcionando como deveria.
Rotulo o “Balanço Geral” como um programa sensacionalista, a imagem séria se perdeu ou nunca houve e o apresentador vira fantoche do ponto eletrônico que fala aos seus ouvidos. Humilhar colegas de trabalho ao vivo vira rotina nesses programas. Possuir trejeitos exagerados torna-se graça na televisão a ponto do apresentador atirar o sapato no chão como forma de indignação, talvez esperando que a sociedade de baixa renda se identifique com ele como espécie de defensor da luta e da igualdade.
Não podemos nos esquecer de citar também destaques a outros programas sensacionalistas e de auditório como: o Super Pop da Redetv, o programa da Sonia Abrão, o Ratinho no SBT e, por que não citar, o Pânico na TV, outra cria da Rede TV, que toma o sensacionalismo carro-chefe das matérias no programa. E, diga-se de passagem, o Pânico chegou a tirar a hegemonia de mais de trinta anos do Fantástico, mesmo que por pouco tempo, por causa do sensacionalismo de suas matérias.
Contudo, nos canais de TV paga a criação e os assuntos são gerados com uma tranqüilidade bem diferente da que estamos acostumados a ver nos canais abertos a noticia é menos apelativa e tem um publico mais especifico.
Já nos auditórios a TV paga busca sempre programas relacionados à saúde ou alimentação e imitam programas americanos. Resultando num grande Crescimento da TV fechada logo no começo dos anos 2000, propositalmente criada para tentar escapar dos programas de apelação que a cada dia estavam mais e mais exagerados explícitos e infames.
23 de outubro de 2013Sidney Santos Joaquim é Jornalista

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