"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

NO RIO, FIM DA PASSEATA FOI A SENHA PARA O INÍCIO DA PANCADARIA NAZI LULISTA

Sindicato comunicou, às 19h40, que estava encerrado o protesto de professores. Aviso coincidiu com o momento em que os mascarados – convidados pelo Sepe – começaram a baderna


Com adesão muito abaixo do esperado pelo Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação (Sepe), o protesto da noite de terça-feira no Rio teve, até as 19h40, o formato de uma manifestação legítima. Os sindicalistas demarcaram com precisão, neste horário, quando deveria começar a pancadaria. O aviso dado pelos carros de som de que o protesto estava “encerrado” coincidiu com estrondos ao redor da Cinelândia, enquanto professores batiam em retirada, como se pressentissem o perigo. Às 20h15 a situação era a baderna usual, com bombas de efeito moral lançadas pela Polícia Militar, coquetéis e pedras jogados por manifestantes e correria generalizada.
 
A PM ficou concentrada nas vias ao redor da Cinelândia, mantendo distância dos manifestantes. A pancadaria começou quando um grupo liderado por mascarados começou a se deslocar em direção à Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), na Rua Primeiro de Março. Os manifestantes usaram os tapumes de madeira e metal, instalados para evitar depredações, como escudos para avançar contra os policiais. Em vários pontos do centro surgiram pequenos focos de incêndio. A fumaça do lixo queimado se misturava à das bombas de efeito moral lançadas pelos policiais. Logo o tumulto se espalhou por todo o entorno da Cinelândia, da Lapa e de vias em direção à Zona Sul.
 
Oficialmente, como já fez outras vezes, o Sepe diz não apoiar a violência e o vandalismo. Mas há uma semana o sindicato declarou “apoio incondicional” ao grupo Black Bloc – o que funcionou como uma carta branca para os manifestantes atuarem nos atos convocados pelos grevistas. O momento exato de “encerramento” pareceu um alerta para quem não estava a fim de participar do confronto – um “salve-se quem puder”. Não se pode dizer que os black blocs estavam “infiltrados” ou que se aproveitaram da manifestação. Ao longo da caminhada, os mascarados estavam lado a lado com os grevistas – ainda que, obviamente, grande parte deles não concorde com as práticas violentas.


 O apoio dado aos black blocs pelo sindicato, por ser “incondicional”, obviamente endossa o incêndio de uma viatura da PM, na Glória; a destruição dos pontos de ônibus no Centro; as depredações pelo caminho e a destruição até das barreiras instaladas para proteger a Biblioteca Nacional, entre outros prédios depredados.
 
O Sepe, controlado pelo PSOL e pelo PSTU, tem empurrado os professores para uma situação perigosa. Já houve o aviso da prefeitura de que haverá corte de ponto dos faltosos - embora a decisão de descontar os dias parados nos salários dos grevistas tenha sido suspensa na noite desta terça-feira pelo ministro Luiz Fux. A adesão, segundo o município, não passa de 10% desde duas semanas atrás. Entre os grevistas, há aqueles em estágio probatório, ou seja, aprovados em concurso mas ainda sem estabilidade. São estes os primeiros notificados, por telegrama, para justificar a ausência. O comunicado é emitido para os que atingiram 30 faltas consecutivas. Para os profissionais com estabilidade, a demissão é um processo longo, que depende de um trâmite administrativo complexo. Mas para os profissionais em estágio probatório não é necessária sequer justificativa por parte do gestor público.
 
A primeira leva de comunicados seguiu por telegrama na segunda-feira, para 1.800 servidores efetivados e 2.700 em estágio probatório. Os notificados têm, agora, até quinta-feira para apresentar em suas unidades a justificativa por escrito para as ausências. Em nota, a Secretaria Municipal de Educação informa que um dos requisitos para a efetivação dos concursados é a assiduidade – ou seja, quem fez greve pode já estar demitido a essa altura. As próximas etapas, a partir do recebimento das justificativas, são o julgamento de cada caso pela comissão de avaliação de estágio e, no caso dos funcionários com estabilidade, um processo no âmbito da Secretaria de Administração.
 
No início da noite, o ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), suspendeu a decisão da prefeitura do Rio de cortar o ponto dos grevistas. O ministro decidiu também convocar uma audiência de conciliação para resolver a questão. Os manifestantes festejam a decisão, que deixa a prefeitura de mãos atadas diante de um sindicato que não parece disposto a negociar.

16 de outubro de 2013
Pâmela Oliveira - Veja

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