"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

domingo, 8 de janeiro de 2017

TEMER DEMITE O SECRETÁRIO SANGUINÁRIO, MAS ESQUECE DE DEMITIR O MINISTRO MENTIROSO


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Ministro se omitiu e depois mentiu para justificar a omissão
Apesar de negar que o governo federal tenha recusado socorro ao sistema penitenciário de Roraima, o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, não atendeu pedido da governadora do estado especificamente para as prisões, há pouco mais de um mês. Nesta sexta-feira, mais de 30 presos foram mortos na Penitenciária Agrícola de Monte Cristo, em Boa Vista, quatro dias após outro massacre carcerário em Manaus, em que morreram 60 detentos.
Em 21 de novembro, a governadora de Roraima, Suely Campos, enviou ofício ao ministro da Justiça em caráter de urgência, solicitando “apoio do Governo Federal, bem como da Força Nacional” para os presídios do estado. Ela alegou ainda “grande clima de tensão”, e solicitou 180 pistolas para o sistema penitenciário, “que se encontra deficitário”.
Moraes negou a solicitação. “Apesar do reconhecimento da importância do pedido de Vossa Excelência, infelizmente, por ora, não poderemos atender ao seu pleito”, escreveu o ministro no documento.
NOVA VERSÃO – Entretanto, nesta sexta-feira, Moraes apresentou outra versão: disse que o pedido da governadora era somente para a segurança pública, e não para o sistema carcerário.
— Primeiro, o que foi solicitado pelo governo de Roraima foi o envio da Força Nacional para fazer segurança pública, e não o envio para o sistema penitenciário. Nós, inclusive, à época, mandamos uma comissão, e o pedido foi feito em virtude da questão da entrada maior de venezuelanos — declarou o ministro no Palácio do Planalto.
Além de pedir socorro ao governo federal, o governo de Roraima deu ao Ministério da Justiça detalhes de mortes e rebeliões recorrentes na Penitenciária Agrícola de Monte Cristo, que seriam coordenadas pela facção Primeiro Comando da Capital (PCC) em retaliação “à tentativa do Estado de retomar o controle do sistema penitenciário”.
INFORMAÇÃO COMPLETA – Há relatos de 14 fugas e 13 mortes — 12 presos que seriam da facção rival do PCC, além de um policial militar —, algumas por esquartejamento, decapitação e carbonização. Presos rivais foram separados e até transferidos de prisão, mas até um muro foi derrubado pelo PCC. Os fatos são narrados pelo secretário de Justiça de Roraima, Uziel de Castro Júnior, e anexados ao ofício da governadora ao Ministério da Justiça, em 21 de novembro.
De 16 de outubro a 21 de novembro, data do ofício enviado a Brasília, foram contabilizadas 13 mortes, todas com requintes de barbaridade, e 14 fugas. Ainda em agosto, após “cisão”, detentos do PCC fizeram “grave ameaça à vida” dos do CV, e por isso foram separados de ala.
Dois meses depois, em 16 de outubro, presos do PCC derrubaram o muro que apartava as facções, durante o horário de visitas da cadeia, e dez presos do CV foram decapitados e queimados. Isso levou à transferência de membros do CV para outra carceragem em Roraima, a Cadeia Pública de Boa Vista. Nos dias seguintes, sete presos do PCC foram transferidos para o sistema penitenciário federal.
ESQUARTEJAMENTO – Em 22 de outubro, um preso foi esquartejado. O mesmo aconteceu em 15 de novembro, na mesma ala. No dia nove e doze de novembro, 14 presos fugiram da cadeia. Em 16 de novembro, um policial militar foi morto em casa, com dois tiros na nuca, “sem a mínima possibilidade de defesa”, segundo o secretário de Justiça, que pontua que o ato foi “a maior demonstração de selvageria”. Já no dia 21 de novembro, data do ofício para o Ministério da Justiça, um detento foi encontrado decapitado. Fazendo apelo para que o governo federal desse socorro ao sistema penitenciário do estado, o secretário relata “baixo efetivo de agentes e policiais”.
Em nota, o Ministério da Justiça tentou explicar a mudança de versão de Moraes. A pasta afirma que em 11 de novembro, dez dias antes do pedido de socorro da governadora, o ministro teve um encontro com ela, que informou que iria pedir apoio do governo federal nos presídios do estado.
De acordo com a Justiça, Moraes explicou que a Força Nacional não pode atuar dentro dos presídios, e que o governo só poderia auxiliar em eventual rebelião ou eventos subsequentes. O ministério ainda diz que, na ocasião, foram liberados R$ 13 milhões para compra de equipamentos e armas nos presídios de Roraima.
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NOTA DA REDAÇÃO DO GLOBO
 – O Jornal Nacional fez uma cobertura perfeita e destruiu o que restava desse ministro, que devia ser proibido de dar entrevista, porque tem um cacoete horrível, fala mordendo as palavras. O pior é que ministro não pode ser mentiroso, mas ficou comprovado que Moraes não somente se omitiu, como mentiu acintosamente na entrevista coletiva para justificar a omissão. Além disso, afirmou que a situação estava sob controle e se omitiu de novo, ao cancelar a viagem a Roraima. Mesmo assim não será demitido. Temer já conseguiu se livrar do “sanguinário” secretário da Juventude, Bruno Júlio, mas o ministro Moraes é como Eliseu Padilha e parece ter estabilidade na função, digamos assim. (C.N.)

08 de janeiro de 2017
Eduardo Barretto
O Globo

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