"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

domingo, 8 de janeiro de 2017

MUITO ALÉM DA REPATRIAÇÃO DE GRANA



O ministro Teori Zavascki precisará tomar cuidado com armadilhas jurídicas preparadas por defensores de delatores premiados na Lava Jato. Será que o supremo magistrado embarcará na tese de que o dinheiro sujo de propinas pagas por empreiteiras se torna automaticamente limpinho, desde que tenha passado pelo esquema mandrake de repatriação? Será que basta pagar multa e impostos (que pegam cerca de 30% do valor declarada) para que fique perdoada qualquer manobra com a dinheirama da corrupção político-empresarial?

Eis o desafio apresentado ao ministro Teori, nos meses de fevereiro-março, quando o responsável pelos inquéritos da Lava Jato no STF deve homologar as “colaborações premiadas” de 77 executivos da Odebrecht e de outros delatores menos ou mais votados. 
Curiosamente, muitos dos que aderiram ao acordo com a Super Receita Federal preferiram não repatriar o dinheiro - fruto de negociatas ou de “contribuições para campanha eleitoral” – transacionado com o famoso “Departamento de Operações Estruturadas” da Odebrecht.

A tese dos milionários defensores de implicados na Lava Jato é que, se houve crime, tudo já está perdoado pela delação combinada com a repatriação. O argumento é usado pela defesa do empresário Ronaldo Cezar Coelho, ex-banqueiro e ex-deputado federal pelo PSDB, que confirmou ter recebido grana da Odebrecht, na Suíça, como compensação pela ajuda financeira que havia dado para a campanha do senador tucano José Serra. Seria o caso dos investigadores da Lava Jato perguntarem ao irmão do delator, um famoso “juiz” de futebol: “Pode isto, Arnando Cezar Coelho?”...

Se o ministro Teori embarcar na genial tese defensiva, o Judiciário passará um recibo de que a roubalheira na Lava Jato compensou – e ainda vai gerar grandes lucros para os operadores financeiros dos esquemas. 
O dinheiro que está lá fora – acredita-se que grande parte sequer foi ou será efetivamente declarada – já está sendo muito bem empregado na compra de empresas brasileiras vendidas a preço de banana na corrupta Era PMDB, depois que a incompetente e também criminosa Era PT cumpriu a missão que quebrar todo mundo.

Só não enxerga a privataria quem for imbecil ou tiver levando muito para fingir que é cego diante de tanta sacanagem ululante. A maior parte do dinheiro roubado do Brasil costuma retornar para cá de várias formas. 
Os supostos “Investimentos Estrangeiros Diretos” são uma delas. A outra é o disfarce em “fundos abutres” que chegam velozes e furiosos para comprar participações acionárias em empresas. Os rentistas sem noção acham tudo isto “uma maravilha”, porque a bolsa sobe...

As perdas internacionais do Brasil são evidentes. Os compradores vêm associados a algum grande grupo “laranja”. Chegam chegando com o apoio das maiores instituições financeiras – especializadas em lavar e esquentar grana, sendo flagradas apenas por “acidentes”: são deduradas quando aplicam um golpe em algum empresário ou grupo muito poderoso. 
As armações são legitimadas via Bolsa de Valores. Tudo permitido pelos aparelhos de repressão financeira estatal: Banco Central, Comissão de Valores Mobiliários, Super Receita Federal e COAF.

É por isso que a Força Tarefa do Ministério Público Federal e os magistrados que auxiliam os ministros do Supremo Tribunal Federal devem ficar ligados nas malandragens e promover uma análise muito além dos procedimentos permitidos pela Lei de Repatriação (uma das “grandes obras” de Dilma Rousseff, a inesquecível Presidenta de quem a maioria gostaria de lembrar nunca mais). 
Os peemedebostas e comparsas seguem ganhando muito dinheiro e esperam faturar muito mais, até o fim do governo que não começa de Michel Temer.

A petelândia, que chupa o dedo e leva toda a fama de corrupta, fica pt da vida e começa a dar faniquitos nas redes sociais, chamando a atenção para “os perigos da onda de privataria” em Bruzundanga. 
É assim que o Brasil vai perdendo soberania, com a dilapidação do patrimônio e o extermínio de empregos diretos.

O País ainda não está liquidado, porque tem um potencial econômico incrível. No entanto, está em liquidação, sendo dilapidado a preço de banana e, pior ainda, com o dinheiro que o próprio Estado Ladrão rouba da sociedade brasileira, na ação do Crime Institucionalizado e sua Corrupção Sistêmica.

Só uma Intervenção Constitucional tem a chance de acabar com tamanha safadeza contra o Brasil e os brasileiros.
Releia o artigo de sábado: Intervenção e Educação para a Democracia

Estranha impunidade

Da ministra aposentada do Superior Tribunal de Justiça, e ex-corregedora do Conselho Nacional de Justiça, Eliana Calmon, uma estranheza manifestada em entrevista ao jornal Tribuna da Bahia:

“Nessa república louca que é o Brasil, temos aí o Executivo e o Legislativo altamente envolvidos nas questões da Odebrecht, de acordo com as delações no âmbito da Operação Lava Jato. 
Tem-se aí pelo menos uns 30 anos em que a Odebrecht ganha praticamente todas as ações na Justiça. O Judiciário nunca toma uma posição contrária à empresa? Será que o Judiciário é o mais correto dos poderes? 
Em todas essas inúmeras licitações que a Odebrecht já ganhou no Brasil nunca a Justiça encontrou nada suspeito sem que precisasse alguém denunciar".

Eliana Calmon também lança farpas na direção do Judiciário:
"É impossível levar a sério essa delação caso não mencione um magistrado sequer".
Se é pra tombar, tombei...





Vida que segue... Ave atque Vale! Fiquem com Deus. Nekan Adonai!

08 de janeiro de 2017
Jorge Serrão é Jornalista, Radialista, Publicitário e Professor.

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