"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

domingo, 8 de janeiro de 2017

CONHEÇA AS NOTÍCIAS MANIPULADAS QUE A MÍDIA MAIS DIVULGOU EM 2016


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Foto da Reuters exibe a barbárie do Estado Islâmico
O que George Orwell teria feito de 2016?! Muitas das notícias mais promovidas pela mídia-empresa pró-establishment revelaram-se completamente falsas, como o ‘noticiário’ em dezembro de que estaria acontecendo um ‘holocausto’ em Aleppo Leste, sem nem fiapo de prova. Concebidas para ‘desestabilizar a Síria’, essas notícias falsas foram promovidas e repetidas e repercutidas mais agressivamente pelos mesmos veículos que ignoravam algumas notícias reais, realmente importantes, foram completamente ignoradas ou receberam cobertura pífia.
Na sequência, confira dez dos acontecimentos mais ativamente desnoticiados em 2016. Deixo ao leitor a tarefa de extrair suas conclusões sobre por que esses eventos não receberam a cobertura que com certeza teriam de receber.
GUERRA NO IÊMEN – Com a Síria sempre nas primeiras páginas, a guerra no Iêmen promovida e patrocinada pelos EUA foi simplesmente apagada do mundo. Atrocidades documentadas cometidas pela coalizão chefiada pelos sauditas foram eloquentemente ignoradas.
E a brigada ‘midiática’ do “Algo tem de ser feito e já!” tampouco deu qualquer sinal de interesse. Não redigiram uma palavra que fosse sobre a responsabilidade de proteger vidas civis no Iêmen – escreveu a Media Lens no dia 3/11.
LÍBIA EM RUÍNAS – No início de 2011, a Líbia foi notícia dos grandes noticiários, com ‘intervencionistas liberais’ a exigir que a OTAN implantasse “zonas aéreas de exclusão” para deter o novo Hitler, coronel Gaddafi. O filho de um acadêmico líbio aposentado que falou contra o regime de Gaddafi disse temer o pior para o pai e os irmãos, porque estavam “matando o próprio povo” e o massacre em Benghazi tinha “proporções de Srebrenica”.
A OTAN interveio, e a Líbia foi destruída. A transformação do país que tinha o mais alto padrão de vida em todo o continente africano, em “estado fracassado” destroçado por terroristas não pareceu ser tema digno de ser noticiado. Nas palavras de Leslie Nielsen no filme “Corra que a Polícia vem aí”, é um caso de “Não há o que ver aqui! Dispersando, por favor, dispersando”.
RECONCILIAÇÃO NA SÍRIA – Boas notícias vindas da Síria absolutamente não são notícias, não merecem cobertura, ou só valem cobertura pífia – principalmente se mostram autoridades sírias sob luz positiva. Mas fato é que o governo sírio implementou programas de trégua e reconciliação em e em torno de Homs e Damasco e também em outras partes do país.
Em julho, o presidente Assad ofereceu anistia a ‘rebeldes’ antigoverno que depusessem armas – e repetiu o movimento em outubro. Muitos rebeldes aceitaram o oferecimento e retomaram a vida civil. O fato de haver em andamento na Síria um processo de reconciliação deveria ser manchete de todos os noticiários em horário nobre. Pois não foi, porque praticamente sem exceção os grandes veículos da grande mídia-empresa trabalhavam furiosamente para mudar o regime na Síria!
DONOS DA RIQUEZA DO MUNDO – Apenas 62 famílias são donas de metade da riqueza do mundo. Com certeza, os canais de televisão e a mídia em geral deveriam ter divulgado com grande destaque o Relatório da Oxfam apresentado em Davos. A Oxfam International é uma confederação de 17 organizações e mais de 3 mil parceiros, que atua em mais de 100 países na busca de soluções para o problema da pobreza e da injustiça social.
O relatório deveria ter disparado debates sobre o quanto é urgente e necessário reestruturar a economia do mundo, para tornar menos desigual a distribuição da riqueza? Mas, não. A matéria praticamente submergiu em Davos.
ABSOLVIÇÃO DE MILOSEVIC – Em 2016, o político chamado de “Carniceiro dos Bálcãs”, cujos crimes de “genocídio” foram usados para promover a doutrina globalista de “intervencionismo liberal-democrático” foi declarado absolvido.
Como escrevi em agosto: “A conclusão do Tribunal Criminal Internacional para a ex-Iugoslávia, de que um dos homens mais demonizados da era moderna é inocente em todos os crimes mais nefandos de que foi acusado, realmente teria de estar em todas as manchetes em todo mundo. Mas, não. Até o Tribunal Criminal Internacional enterrou a sentença que absolveu Milosevic, num monumental relatório de 2.590 páginas do julgamento do líder sérvio-bósnio Radovan Karadzic – o qual, esse, sim, foi condenado em março por genocídio (em Srebrenica), crimes de guerra e crimes contra a humanidade.”
AQUECIMENTO GLOBAL – 2016, segundo a ONU, é “muito provavelmente” o ano de mais altas temperaturas de todos os tempos registrados – o que significa que 16 dos 17 anos de mais altas temperaturas jamais registradas em todos os tempos, já aconteceram no século 21. Em julho, a NASA revelou que cada mês, de janeiro a junho em 2016, foi sempre, respectivamente o mês mais quente, em todo o planeta – desde o início dos registros modernos de temperatura no mundo, que começaram em 1880.
Pois apesar dessas evidências, a mudança climática mereceu apenas 2% do tempo dos debates presidenciais televisionados nos EUA. Certamente havia questões muito mais importantes para os candidatos – e para todos os canais de notícias no ocidente – a serem examinadas em 2016, que a ameaça que pesa sobre o planeta e todos os seres vivos, com o aquecimento global.
ESTADO ISLÂMICO – Potências ocidentais e aliados no Oriente Médio apoiam os terroristas do Estado Islâmico, segundo as gravíssimas revelações dos chamados Podesta e-mails. E aquele era, muito provavelmente, o tema mais decisivamente digno de ser noticiado.
Dia 14/8/2014, Hillary Clinton escreveu, “Temos de usar nossos quadros diplomáticos e de inteligência mais tradicionais para pressionar os governos de Qatar e Arábia Saudita, que estão provendo ajuda financeira e logística clandestina ao ISIL  e a outros grupos sunitas radicais na região”.
Em dezembro, o presidente Erdogan, da Turquia, disse ter provas de que o ocidente estava apoiando o Daech. Mas, como o e-mail de Hillary a John Podesta, também esse evento não recebeu a cobertura jornalística que obviamente merecia. Por que será?!
UCRÂNIA ‘DEMOCRATIZADA’ – Mais armas, menos manteiga: “Miséria crescente na Ucrânia leva a envenenamentos em massa”, foi tema de todas as manchetes em 2014, quando manifestantes antigoverno – promovidíssimos por líderes ocidentais – reuniram-se na praça Maidan. Mas o que se passa na Ucrânia desde então não é objeto de atenção dos noticiários de TV.
A realidade é que os padrões de vida na “Ucrânia democratizada” desandaram, com mais da metade da população vivendo hoje abaixo da linha da pobreza. Ah, e adivinhe: a corrupção também se alastrou. Mas por que falar muito de mais esse ‘caso de sucesso’, nos projetos ocidentais para ‘mudar regimes’ alheios?
CRISE NA SAÚDE BRITÂNICA – É devastador o impacto dos cortes do investimento do Estado nos hospitais na Grã-Bretanha – que estão à beira do colapso, porque o governo conservador já não mantém como é seu dever o Serviço Nacional de Saúde. O número de operações urgentes canceladas alcançou já nível recorde.
Centenas de bibliotecas públicas foram fechadas. Os cortes estão tendo impacto adverso sobre a vida de milhões de britânicos, mas ainda há dinheiro para as guerras, que são parte inseparável dos objetivos da política exterior neoconservadora. Em outubro, anunciou-se que a Grã-Bretanha reiniciaria o ‘treinamento’ de ‘rebeldes’ na Síria, sem que nenhum jornalista se interessasse pelo mau uso do dinheiro dos contribuintes britânicos.
“INTERVENCIONISMO LIBERAL” – Muito ouvimos falar de racismo em 2016, mas não houve atenção jornalística sobre o racismo presente em toda a política exterior ocidental. Estados Unidos, Grã-Bretanha e França teriam indiscutível direito de dizer quem ‘pode’ e quem ‘não pode’ governar país do sul global, lute ou não contra o racismo.
Imagine a reação se políticos sírios ou iraquianos se pusessem a ‘exigir’ mudança de regime na Grã-Bretanha… Por que ‘nós’ teríamos qualquer direito de intervir nos países ‘deles’, mas ‘eles’ não têm direito de intervir no ‘nosso’? Mas essa mortal forma de racismo não aparece sequer referida na mídia de notícias no ocidente.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
 – Uma matéria importantíssima enviada por Sergio Caldieri, sempre atento ao noticiário internacional. O autor, Neil Clark, é um dos mais destacados jornalistas independentes da Grã-Bretanha(C.N.)


08 de janeiro de 2017
Neil Clark
SputnikNews

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