"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

domingo, 8 de janeiro de 2017

ENTENDA COMO O JAPÃO VENCEU A YAKUZA, A MÁFIA QUE DOMINAVA SUAS PRISÕES


Resultado de imagem para prisões no japão
Agente penitenciário usa máscara, para não ser reconhecido
O presidente Michel Temer demorou, mas enfim deu sinal de vida, reuniu ministros, anunciou que vai construir presídios etc. e tal.  Muita conversa fiada, só para mostrar serviço. O que preciso ser feito é uma mudança rigorosa no combate à criminalidade, para enfrentar as grandes organizações criminosas que hoje dominam os presídios brasileiros.
MAS COMO FAZÊ-LO? Na verdade, o governo demonstra não ter a menor noção de como equacionar o problema. E sempre arranjará justificativas tipo não há recursos, as penitenciárias estão superlotadas, a polícia prende e a justiça solta, não é possível evitar o contrabando de armas, o desemprego leva ao crime, o sistema educacional está falido, e por aí em diante. Tudo conversa fiada, como dizer que a situação está sob controle.
Para enfrentar tão grave questão, o governo precisa partir de fatos concretos, que possam nortear as providências. E a primeira constatação a ser levada em conta é que o problema não é que a polícia prende e a justiça solta. Esse argumento é furado, as delegacias e cadeias estão cheias de integrantes dos PCCs da vida. Se não estivessem presos, os presídios não estariam dominados por eles.
PERICULOSIDADE – Partindo dessa premissa real e incontestável, a principal e óbvia providência é dividir os presos: os de menor periculosidade devem ficar em prisões dormitórios, com possibilidade de trabalhar fora. Os mais perigosos, que participam dessas organizações criminosas, em presídios de segurança máxima, sem a menor regalia, no estilo japonês, descrito nesta quinta-feira aqui na “Tribuna da Internet”, em oportuno artigo de Francisco Vieira.
Somente um sistema de absoluto rigor pode impor a ordem nos presídios brasileiros. E o primeiro passo é proteger os agentes penitenciários e preservar a identidade deles, como se fez (e ainda se faz no Japão) para quebrar a espinha dorsal da Yakuza, a sanguinária máfia que comandava o crime naquele país e hoje atua em países europeus e nos Estados Unidos. Detalhe: a Yakuza era muito mais organizada e perigosa do que o PCC e congêneres.
Se tivessem seguido o sistema japonês, os Estados Unidos já teriam se livrado das máfias que disputam hoje seu promissor mercado do crime, como a italiana, a albanesa, a sérvia, a mexicana, a colombiana, a chinesa, a russa etc. Mas o orgulho do “american way of life” não permite que os EUA sigam exemplos vitoriosos de outros países.
MODELO JAPONÊS – Já tínhamos citado diversas vezes aqui na “Tribuna da Internet” a excelência do modelo japonês, até porque não existe alternativa, conforme deixou claro o artigo de Francisco Vieira, ao descrever a metodologia lá aplicada.
No rigoroso sistema carcerário que o Japão teve de adotar, os presos não podem olhar para os rostos dos agentes penitenciários e são severamente punidos em caso de desobediência. Além disso, os agentes penitenciários e todos os funcionários, inclusive autoridades  visitantes – todos trabalham e circulam usando máscaras de cirurgia, para não serem reconhecidos.

DOMINANDO AS PRISÕES
 – A dominação dos presídios começa justamente pela cooptação dos agentes penitenciários, como o jornalista Virgilio Tamberlini mostrou aqui na “Tribuna da Internet”. É uma precaução simples, barata e inteligente, que deveria ser adotada aqui no Brasil (e em outros países, inclusive os Estados Unidos) em presídios que abriguem criminosos de alta periculosidade e integrantes de organizações criminosas, como o PCC (Primeiro Comando da Capital), que surgiu em São Paulo e se espalhou pelo país, o CV (Comando Vermelho) ou a FDN (Família do Norte), que comanda o crime no Amazonas e já se espalha para estados vizinhos.
O esquema funciona nos seguintes termos. Quando o agente penitenciário sai de casa, a mulher (ou parente) recebe um telefonema ameaçador, nesses termos: 
Seu marido saiu agora, de camisa azul… Daqui a pouco, você vai levar o menino ao colégio. Estamos de olho em vocês”.
É assim que os agentes são obrigados a se tornarem cúmplices, passando a levar drogas, bebidas e armas para dentro dos presídios  dominados pelas organizações criminosas, como já se viu no Carandiru, em Pedrinhas, em Manaus, em Boavista e em todo canto.
Justamente por isso, no Japão os presos não podem olhar para os agentes penitenciários efuncionários, que trabalham mascarados. Sem a cooptação dos agentes penitenciários, que lidam diretamente com os presos, não se consegue dominar os presídios. E fica mais difícil corromper os dirigentes das instituições penais. Simples assim.
RIGOR ABSOLUTO – É claro que criminosos de alta periculosidade não devem ter regalias nem receber visitas íntimas. Como se comportam como animais irracionais, não podem exigir direitos humanos. Seria uma contradição inaceitável. Quem merece direitos humanos é a vítima, não seu algoz. Se o criminoso demonstra ser um predador irracional, deve ser segregado do convívio social, como os japoneses fazem.
Sem dúvida, é complicado preservar a identidades dos agentes penitenciários, mas o Japão conseguiu fazê-lo e se livrou da Yakuza. No Brasil, o agente penitenciário precisa ser bem remunerado, trabalhar clandestinamente e ter proteção para a família. É a única maneira de enfrentar organizações que reúnem milhares de criminosos, como existem no Brasil. Mas quem se interessa? O ministro da Justiça, por exemplo, chega a ser patético, ao dizer que a situação não saiu do controle. Desse jeito, acaba ganhando o troféu de Piada do Ano. Mas ele é pago pelo povo para cuidar de problemas sérios, sua função não é fazer piadas.
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PS – Em 2015, só houve quatro homicídios no Japão, que tem 127 milhões de habitantes. No Brasil, com 206 milhões, foram mais de 58 mil. Pense nisso? O dinheiro que o Japão economiza gastando menos em segurança pública é investido em educação e saúde. 
É o exemplo a ser seguido. (C.N.)

08 de janeiro de 2017
Carlos Newton

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