"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sexta-feira, 9 de setembro de 2016

O ALFAIATE E A COSTUREIRA

Charge do Cerino (chargesdocerino.blogspot.com)


A sucessão de manifestações contrárias ao presidente Michel Temer atravessou o Sete de Setembro e entrará pelo fim de semana. Com o adendo de que o número de manifestantes não diminuiu, muito pelo contrário. Além de São Paulo e Rio, outras capitais engrossam os protestos.

Não se concluirá, ao menos por enquanto, que a voz das ruas chegará a decibéis capazes de abalar as estruturas institucionais do país. Mas é bom tomar cuidado, porque esses fenômenos costumam pegar, como se dizia tempos atrás, feito sarampo.

Será ilusão supor os protestos como resultado apenas de iniciativas do PT e forças afins, reação ao afastamento de Dilma Rousseff. Está no âmago da ocupação das ruas o protesto à tomada do poder pelas elites, assim como a indignação pela crise econômica e a falta, pelo Estado, de iniciativas em condições de minorar as agruras da população. Porque desde a reeleição de Madame nenhum resultado apareceu favorecendo a recuperação nacional.

TEMER – É verdade que ninguém supôs a ascensão de Michel Temer como solução para superar as dificuldades do dia a dia do cidadão comum, a começar pelo desemprego e a elevação do custo de vida. Mas como o ex-vice-presidente foi alçado ao patamar mais alto das responsabilidades públicas, azar o dele. Ainda mais por se haver ligado a promessas e programas que só beneficiam as classes melhor favorecidas.

Crescem as manifestações populares, reforçadas pela classe média igualmente submetida às dificuldades econômicas. Onde vão dar, fica difícil imaginar. Pode ser no crescimento da onda em favor de eleições diretas já. Também pode ser na impossibilidade de continuarem em vigor as arcaicas instituições legislativas, ou, pior ainda, as ameaças de retrocesso através da política econômica liberal.

Uma coisa parece certa: a sociedade não aguenta mais a roupa apertada com que as elites insistem em obrigá-la a vestir. Com Michel Temer de alfaiate, parece difícil, como foi com Dilma de costureira.


09 de setembro de 2016
Carlos Chagas

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