"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sexta-feira, 9 de setembro de 2016

NÃO É PRECISO DEFENDER "DIRETAS JÁ", O QUE DEVEMOS EXIGIR É "CONSTITUINTE JÁ"


Resultado de imagem para fora temer
Todos pedem “Fora Temer”, mas ninguém pede “Volta Dilma”…
















Recebi inúmeras mensagens sobre as manifestações “Fora Temer”. Não vi nenhuma manifestação “Volta Dilma”. Mas isto é um detalhe. Os manifestantes são equivocados, mas não são loucos. Vi candidatos a prefeito e vereador em meio ao povo, como o patético Suplicy, que, para não passar em branco, teve a carteira batida. Deve ter concluído que o punguista que levou os seus caraminguás deve ser um fascista disfarçado. O fato é que Suplicy sempre faz das suas: desde deitar-se no chão e sair carregado como se fosse (ele próprio) um ataúde, como ser tungado em meio a uma garotada que não estuda, não pensa e não sabe o que diz – cujos palpites são sempre infelizes. Sou um permanente saudoso de Noel. Desculpem.
Muitos amigos que sinceramente respeito e admiro, admitem que esse é o momento exato de pedir “diretas já”. Impossível. Nenhum dos três grandes partidos – PT, PSDB e PMDB – por razões diversas vão defender esta causa.
SEM INTERESSE – O PT saiu do episódio do impeachment muito queimado e foi levado à UTI, onde lambe suas feridas, que são muitas. O PT, que levará uma tunda nas próximas eleições, sabe que perderia qualquer corrida presidencial, cabendo-lhe papel subsidiário no processo. PSDB tem uns cinco possíveis candidatos – e a defesa de eleições diretas produziria o esfacelamento do partido, que, pior ainda, não tem uma ideia clara do que faria na presidência. O PMDB é, hoje, o menos interessado nessa história de “diretas, já”. Como dizia brincando o meu velho mestre Manuel Maurício, as “tais massas” não teriam condições de levar o processo sem os partidos.
A versão 1983-1984 (das Diretas já) aconteceu numa conjuntura muito própria: todos os partidos, da direita à esquerda estavam unidos, governadores de estados vitais, como Brizola, Tancredo e Montoro, se engajaram, lideranças como Covas, Ulisses, Richa, entre outros, lideranças e nomes civis (Sobral Pinto, Faoro) estavam à frente do movimento.
Teríamos, nos dias atuais, gente desse quilate? Comparem: o governador do Rio de Janeiro, além de gagá, mal consegue pagar os funcionários; o de Minas vive acuado pelo Lava Jato; o de São Paulo, bem, é uma lástima. O inimigo era um só, as eleições indiretas e o estertor da ditadura, o que facilitou a união dos partidos.
LEGADO PETISTA – Claro, o Brasil está num beco sem saída. Comparo o legado petista à destruição da Síria. Agora mesmo vi que a Polícia Federal desencadeou uma operação contra fraudes nos quatro maiores fundos de pensão. Por isso, acho, no mínimo, curioso um conhecido meu me informar que o governo Temer é corrupto. Acho que esse amigo meu, que admiro, está sofrendo de demência senil, pois alterna risos, frases desconexas e raciocínios claros. A confusão mental é grave – e em geral desemboca no uivo final. Bem verdade que ninguém está livre disso. Mas isto é outra história.
Melhor que “Diretas já” talvez fosse melhor defender “Constituinte já”, além de mudanças de uma legislação superada, contraditória e equivocada. A mobilização tinha que ser nesse sentido, estabelecendo novas e modernas regras e leis voltadas para a vida política brasileira, cujos escombros são visíveis. A pressão popular tem que ser nesse sentido, embora as dificuldades sejam muitas e grandes.
NOTA NECESSÁRIA – Ouvi, gravei e transcrevo as palavras de uma militante petista, muito bonitinha (desculpe o escorregão machista): “Luto contra a direita porque sou de esquerda. Eles não são como a gente, porque nós somos de esquerda e eles são de direita. Somos de esquerda porque lutamos ao lado do povo. Eles odeiam o povo. Nós amamos o povo”. Tal ideário faria Lindenberg chorar de emoção.
Eu, na idade da menina, militava na Polop, participava de grupos de estudo da obra de Marx – e já tinha lido obras máximas da literatura mundial e brasileira. Digo isto não para me valorizar, nem para desvalorizar a jovem, mas para dizer a todos que o meu lema de vida veio de uma música do Paulinho da Viola, com quem – criança – joguei pelada nas ruas Fernando Guimarães: “a vida não é só isso que se vê – é um pouco mais”. Esse pouco mais é o que falta à maioria dos manifestantes petistas.
                              (artigo enviado pelo comentarista Mário Assis Causanilhas)

09 de setembro de 2016
Ronaldo Conde
Blog Penedo

Nenhum comentário:

Postar um comentário