A esquerda está empenhando todos os seus esforços para reconquistar as ruas. Ruas estas que ficaram vazias devido a leviandade e irresponsabilidade política dos supostos líderes do movimento pró-impeachment que, ou movidos por outros interesses ou por absoluta incapacidade de pensar a ação política em termos estratégicos, não foram capazes de antecipar os possíveis cenários após a aprovação do impeachment nas duas casas do parlamento.
Qualquer que fosse o cenário concebido, era imprescindível que se mantivesse a mobilização que levou milhões de pessoas às ruas, exatamente para assegurar que a vitória representada pela conquista do impeachment fosse assegurada de todas as formas. Mas em vez disso, essas lideranças optaram por esvaziar as mobilizações, havendo até mesmo boicote explícito, como o que foi feito pelo MBL na semana da manifestação de 31 de julho.
O impeachment foi conquistado mas não está assegurado, uma vez que o processo foi judicializado por meio do golpe contra a Constituição Federal praticado pelo Senado. Um golpe aplicado com a anuência do presidente do STF e com a concordância da advogada escolhida pelos partidos para defender a causa do impeachment. A incerteza voltou à cena, uma vez que não se pode antever com segurança que decisão será tomada pela suprema corte ante aos recursos impetrados contra o descumprimento da Constituição por parte dos senadores.
Nesse exato momento, os supostos líderes do movimento pró-impeachment tinham a obrigação de organizar novas manifestações em defesa da legalidade e da Constituição. Mas em vez diz, o que estamos assistindo é uma desmobilização geral, acompanhada pela perplexidade afetada de alguns desses supostos líderes que literalmente não sabem o que fazer, exceto se preocupar com suas medíocres ambições eleitorais. E enquanto isso, a esquerda faz seus exercícios de guerra revolucionária com suas milícias de black blocs, e ensaia a retomada das ruas usando da bandeira das Diretas Já.
O país nunca assistiu a um movimento de massas tão expressivo e tão vigoroso e com as dimensões do movimento pró-impeachment. Mas possivelmente nunca um movimento popular dessa envergadura teve à sua frente pseudo lideranças tão incapazes e inconsequentes, e que jamais estiveram à altura da real dimensão histórica do próprio movimento. Cometeram-se todos os erros que se pode conceber, e nenhum desses pseudo líderes teve sequer a dignidade de reconhecer o quanto erraram.
07 setembro de 2016
Paulo Enéas, Critica Nacional
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