Ao que tudo indica, começou a ruir a construção política na qual a República parecia acreditar – ou queria acreditar.
Qual seja: a de que a presidente Dilma Rousseff transferira o poder ao ministro Joaquim Levy, da Fazenda, e ao vice-presidente Michel Temer, e decidira sair de cena de fininho.
Claro que seria só por algum um tempo, afinal a eleita foi ela. O tempo suficiente para Levy cortar os gastos públicos e Temer apaziguar a base de sustentação do governo no Congresso.
Quando o sol voltasse a brilhar sobre o governo, Dilma estaria pronta para se reconciliar com o sucesso.
Assim seria se lhe parece. Não foi. Ou aparentemente não foi.
O tamanho do ajuste fiscal sugere que Dilma voltou antes da hora. Ou melhor: que ela não delegou a Levy o poder que se imaginava.
Levy quis fazer um ajuste muito superior ao que foi anunciado na última sexta-feira. Não fez porque Dilma não deixou.
Primeiro ela orientou seus ministros mais próximos – Mercadante, Nelson Barbosa, Rossetto – para que se opusessem às pretensões de Levy. Depois ela decidiu a parada a favor deles.
Temer virou um diretor de Recursos Humanos. Sua principal tarefa é distribuir cargos. Mas nada escapa à atenção de Dilma. A última palavra continua sendo dela. E ela não se furta a dar.
O que de fato mudou no modo de Dilma exercer o poder? Ela emagreceu.
Fechou a boca para não comer e não maltratar os subordinados.
26 de maio de 2015
Nenhum comentário:
Postar um comentário