Estamos todos mortos, sim de vergonha, de falta de respeito ao erário público, da ausência de governabilidade, de lideranças políticas e acima de tudo de uma visão estadista para o Brasil. Vivemos o estágio mais glamouroso dos Brics - que em outras palavras sua conotação passa a ser a seguinte: Brasil, Recessão, Inflação e Corrupção.
Socorro da China que entrou de sola pisando fundo e querendo levar tudo de mais barato para, no porvir, trazer sua mão de obra e despejar nos canteiros de todo o País.
Ninguém duvida depois do forte ajuste fiscal que o Brasil foi corroído, carcomido e dilapidado na última década perdida, e como isso acontece num passe de mágica sucede por um conjunto inimaginável de erros, falta de fiscalização, supervisão, aliados à incompetência da visão de mercado e o esdrúxulo viés da inclusão social e fartura para todos indistintamente.
No dia que o crédito fácil acabou, que a indústria automobilística não teve a redução de impostos ou que a desoneração da folha ficou longe do seu padrão, as empresas começaram a pedir, lenta e gradualmente, recuperação judicial e o Estado Brasileiro está literalmente falido.
O Brasil precisa aprender, e rapidamente, a ser um País honesto, decente e moralmente capaz para os ambientes de negócios, no momento ímpar a sociedade vê com tristeza o Estado do bem estar social ser substituído pelo estado assassino. Sim, sem dúvida, quando deixa matar impunemente em vários cantos do País, quando não abastece de remédios as farmácias, ou priva do essencial serviço público sua população, tornando refém do mais perfeito golpe que sequestrou o Estado brasileiro em mãos de um grupo obcecado pelo poder,com sede e fome de corrupção.
Quem pagará a conta, mais uma vez: a sofrida classe média, com o desemprego em alta, inflação igualmente, balança comercial em queda, exportações reduzidas e uma crise moral e financeira sem antecedentes na longa retomada de uma democracia institucional.
Erramos e não foi um ponto fora da curva foram quase todos, pois não soubemos planejar, não aproveitamos a maré alta, nem os impostos com elevação da arrecadação, e fomos pioneiros em gastos supérfluos na ajuda aos países vizinhos, à gastança da copa do mundo, das olimpíadas, e nada mais se faz do que terminar com a produção e desavergonhadamente reduzir o nível da indústria nacional.
Distanciamos e muito dos americanos e dos europeus e hoje sentimos os reflexos desse divórcio. Nosso diálogo ficou restrito ao inexistente Mercosul, bancos públicos e privados endividados.
Para que se tenha uma ideia da macrocrise de 7 milhões de empresas nacionais, mais de metade está com restrição ou problema no acesso ao crédito. Enquanto isso, o BNDES não revela e não deixa qualquer cidadão saber o destino dos seus recursos.
Enfim a tragicomédia que assola agora a terra brasilis ao mesmo tempo que expulsa sua juventude mostra-se hospitaleira para receber todos aqueles vindos de países em guerra, com terremoto, ou epidemias constantes. Se não corrigirmos o rumo e programarmos reformas em todos os campos, e os mais afetados serão saúde e educação do corte de 70 bilhões.
A nossa população saberá exercer a verdadeira cidadania nas próximas eleições em 2016. Pena que faltem candidatos à altura de uma boa governança e de uma transparente democracia, exceto se importarmos políticos honestos e eticamente comprometidos com o interesse público, pois nosso horizonte de bons políticos enfrenta uma recessão e carência as quais afetam o futuro da Nação.
26 de maio de 2015
Carlos Henrique Abrão, Doutor em Direito pela USP com especialização em Paris, é Desembargador no Tribunal de Justiça de São Paulo.
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