"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

terça-feira, 26 de maio de 2015

ESPLÊNDIDAS TEIMOSIAS, CHEIAS DE AMOR AO BRASIL




Marcha do impeachment chega a Brasília quarta-feira
Há exatos trinta dias um grupo de jovens partiu de São Paulo, a pé, rumo a Brasília, onde deverá chegar no próximo dia 27. Feliz a Pátria que os gerou! Marcham por nós. Esplendidamente teimosos, têm as mochilas cheias de amor à sua terra, anseios por mudanças e sadia indignação contra a praga de gafanhotos que infestou os altos escalões da República. São simbólicos seus passos e admirável sua irresignação.
A imprensa os ignora. Cai sobre sua teimosia o silêncio dos acomodados e dos acumpliciados. No entanto, através das redes sociais, multidões os acompanham e chegarão com eles à capital federal, onde ensinarão civismo aos que não sabem o que é isso. Cobrarão das instituições o cumprimento do dever. Haverá, dia 27, o encontro da honra com a desonra. Do amor ao Brasil com seu oposto – a lascívia do poder. Representam-me ante os que deveriam me representar.
Se somarmos as três parcelas – tudo que se sabe, o que se suspeita, e o que tratam de manter oculto – há um camburão de motivos para que a omissão oposicionista seja ofensiva à dignidade nacional. Quando a oposição não faz o que deve, ou faz o que não deve, ou se muda para Nova Iorque, quebra-se uma das duas pernas da democracia. Em sua esplêndida teimosia, a pequena marcha que saiu de São Paulo pretende tirar o carro da oposição da vaga para cadeirante onde parece estar impropriamente estacionado.
LIBERAIS EM MAIORIA
São as pesquisas de opinião que comprovam: se você reunir os adeptos de posições liberais e conservadoras, você congregará bem mais da metade da população brasileira. Majoritariamente, amamos as liberdades e sabemos que há valores que devem ser preservados para o bem de todos. No entanto, não existe no STF um único ministro em sintonia com qualquer das duas posições. O PT ainda não completou seu serviço e ali já puxam, todos, para o mesmo lado. Não bastasse a dissonância com a opinião pública e com o Congresso, é comum ouvir-se nos votos de Suas Excelências libelos contra essas duas posições.
E não é só no STF que isso acontece. O estranho hábito de dar aulas à opinião pública se reproduz em boa parte da mídia, onde as palavras “conservador” e “liberal” são pronunciadas entre sorrisos tão maliciosos quanto parvos. O mesmo se reproduz com status professoral nas salas de aula do país. Têm, todos os mencionados e outros mais, a pretensão de agirem como corregedores das nossas opiniões. Mas nós temos, também, essa esplêndida teimosia do livre pensar.

26 de maio de 2015
Percival Puggina

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