"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

terça-feira, 26 de maio de 2015

O GOVERNO DILMA E O BESOURO


Ficou claro nesta segunda o quanto o governo depende do ministro Joaquim Levy. Os mercados abriram o dia dispostos a provocar fortes emoções, ainda movidos pela falta do ministro, na sexta, ao anúncio do corte do Orçamento. Todo mundo entendeu, obviamente, a coisa certa: o titular da Fazenda estava descontente e deixou claro que não é um daqueles que ficam de joelhos para manter o cargo.

Restou a Dilma montar uma operação para reforçar a posição de Levy. A coletiva do ministro, ao lado de Aloizio Mercadante, considerado uma espécie de porta-voz informal da presidente, teve esse caráter. Cabeças coroadas do governo se encarregavam, nos bastidores, de deixa claro aos agentes econômicos que Levy é uma opção para valer. E as coisas se acalmaram um pouco.

Ou por outra: a fonte da legitimidade democrática de Dilma, claro!”, é o voto que a maioria relativa lhe deu. Mas a única fonte de credibilidade é mesmo… Joaquim  Levy. É certo que isso põe a presidente numa situação muito delicada porque parte de sua base rejeita as opções do ministro da Fazenda. E, sem o devido respaldo político, também não se governa — respaldo de que necessitam as ações de Levy, que, se vai embora, deixa sem saída a equação. Só que, ele ficando, também parece não haver saída.

Tudo parece, e é, muito confuso e decorre do fato de que a segunda Dilma faz um governo de oposição à primeira Dilma, com a difícil tarefa de conservar a base social e a base política que endossaram o primeiro governo, que está sendo desmontado pelo segundo.

Dadas as leis da aerodinâmica política, esse besouro não voa. E, no entanto, alguns deles voam: pesados, desengonçados, sem graça, sem leveza, sem estilo.
Um besouro, enfim, que foi feito para não voar.

26 de maio de 2015
Reinaldo Azevedo

Nenhum comentário:

Postar um comentário