Sem sofrer nenhum ‘panelaço’, boicotes do Legislativo ou intrigas da oposição como a presidente Dilma Rousseff, um prefeito do interior de São Paulo esboça um singelo sorriso no rosto. Isso porque um projeto de lei aprovado nesta semana pela Câmara Municipal de Sertãozinho aumentou o salário do prefeito em 7,6%. José Alberto Gimenez, mais conhecido como Zezinho (PSDB), passa a receber R$ 31 mil (antes, o salário era de R$ 28,8 mil).
E não há o que fazer, pois o reajuste acompanha a tabela do funcionalismo público. O aumento foi aprovado por unanimidade pala Câmara local. Pudera, o mesmo porcentual foi concedido aos servidores, vice-prefeito e aos secretários municipais.
Assim, o tucano Zezinho passa a ganhar mais que o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e que a presidente da República, Dilma Rousseff. O fato foi encarado com naturalidade pelos parlamentares do município. O presidente da Casa, Silvio Blancacco, também do PSDB, não vê qualquer polêmica envolvendo o valor salarial do colega e dos agentes públicos.
GREVE GERAL
Há 15 dias, a cidade de Sertãozinho parou. Os servidores municipais rejeitaram uma proposta salarial feita pela Prefeitura e cruzaram os braços. Apenas os casos de urgência eram atendidos na Unidade Básica de Saúde Central, as aulas nas escolas municipais e os atendimentos da Guarda Civil haviam sido suspensos por tempo indeterminado. Mas a greve durou só dois dias, pois os servidores aceitaram a contraproposta de 7,6% de reajuste.
A Ordem dos Advogados do Brasil apurou se o reajuste do salário do prefeito Zezinho era inconstitucional. De acordo com Joanilson Barbosa dos Santos, o aumento é legal, já que não ultrapassa o vencimento dos ministros do Supremo Tribunal Federal, que hoje é de R$ 33,7 mil.
Já que está protegido pelo ‘guarda-chuva da lei’, Zezinho deveria seguir o exemplo do colega de partido Chico Telles, do PSDB. Diante da crise econômica, o prefeito de Dois Córregos decidiu cortar o próprio salário.
26 de maio de 2015
Camila Tuchlinski
Estadão
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