Mulheres, não reclamem. Nunca se viu tanto homem, ao menos na tevê. Viva a Copa, que deixará saudades. Mas quem quiser se aprofundar um pouquinho no mundo masculino, troque a tevê pelo cinema, a fim de assistir ao filme espanhol O que os Homens Falam. Nele, cinco esquetes expõem as crises de meia-idade dos nossos queridos. A presença do argentino Ricardo Darín é a cereja do bolo, mas os demais atores são excepcionais também.
Divertido, inteligente e enternecedor. Quando cheguei em casa, ainda trazia um sorriso no rosto, tal é a leveza desse filme que desmistifica o macho alfa, revelando os homens como realmente são: falíveis, infantis e doces, até mesmo os cafajestes. Até eles.
A luta feminina pela conquista de direitos é legítima e necessária, mas criou uma atmosfera de campo de guerra – o homem passou a ser visto como o predador que deve ser combatido, o responsável por todas as infelicidades que nos atormentam. Se são, é porque damos a eles o protagonismo de nossas histórias românticas e eles acabam se transformando em inimigos íntimos, mas culpa, culpa mesmo, ninguém tem de nada. Tanto eles como nós somos igualmente cerebrais e emotivos. O que nos difere, talvez, seja o humor, que é a maneira como externamos nosso ponto de vista sobre o que acontece.
E aqui entro em campo minado, prestes a receber uma saraivada de insultos das minhas parceiras de gênero: considero o humor masculino mais interessante. Há quem diga inclusive que não existe humor feminino – quando ele funciona, é porque é masculino também. Pode ser. A mulher recorre à caricatura e ao exagero para tornar-se engraçada – somos as rainhas do drama, como se sabe. Já o humor masculino é reflexo de uma observação realista – eles extraem graça do inevitável, e isso me parece extremamente comovedor.
Homens riem de si próprios com economia, sem excessos. Puro charme. É isso que encanta nos personagens de O que os Homens Falam. Não são inflamáveis, e sim discretos, falam com poucas palavras, e também através de gestos e olhares sutis. O humor deles seduz (ao menos a mim) porque não é cênico, teatral, e mesmo quando existe a intenção de fazer rir, o fazem sem alarde – Woody Allen e Luis Fernando Verissimo têm isso em comum, para exemplificar. É um humor que não sei como adjetivar de outra forma, a não ser dizendo o óbvio, que é um humor masculino no que o homem tem de melhor: a desafetação.
Do cinema realista para uma tragédia grega contemporânea: a peça A Vertigem dos Animais antes do Abate, mais um projeto liderado por Luciano Alabarse, fica em cartaz no Theatro São Pedro de amanhã até domingo. A nossa bestialidade primitiva em cima do palco, a nu, com elenco, direção e música de primeira. Para adultos de estômagos fortes – masculinos ou femininos.
Divertido, inteligente e enternecedor. Quando cheguei em casa, ainda trazia um sorriso no rosto, tal é a leveza desse filme que desmistifica o macho alfa, revelando os homens como realmente são: falíveis, infantis e doces, até mesmo os cafajestes. Até eles.
A luta feminina pela conquista de direitos é legítima e necessária, mas criou uma atmosfera de campo de guerra – o homem passou a ser visto como o predador que deve ser combatido, o responsável por todas as infelicidades que nos atormentam. Se são, é porque damos a eles o protagonismo de nossas histórias românticas e eles acabam se transformando em inimigos íntimos, mas culpa, culpa mesmo, ninguém tem de nada. Tanto eles como nós somos igualmente cerebrais e emotivos. O que nos difere, talvez, seja o humor, que é a maneira como externamos nosso ponto de vista sobre o que acontece.
E aqui entro em campo minado, prestes a receber uma saraivada de insultos das minhas parceiras de gênero: considero o humor masculino mais interessante. Há quem diga inclusive que não existe humor feminino – quando ele funciona, é porque é masculino também. Pode ser. A mulher recorre à caricatura e ao exagero para tornar-se engraçada – somos as rainhas do drama, como se sabe. Já o humor masculino é reflexo de uma observação realista – eles extraem graça do inevitável, e isso me parece extremamente comovedor.
Homens riem de si próprios com economia, sem excessos. Puro charme. É isso que encanta nos personagens de O que os Homens Falam. Não são inflamáveis, e sim discretos, falam com poucas palavras, e também através de gestos e olhares sutis. O humor deles seduz (ao menos a mim) porque não é cênico, teatral, e mesmo quando existe a intenção de fazer rir, o fazem sem alarde – Woody Allen e Luis Fernando Verissimo têm isso em comum, para exemplificar. É um humor que não sei como adjetivar de outra forma, a não ser dizendo o óbvio, que é um humor masculino no que o homem tem de melhor: a desafetação.
Do cinema realista para uma tragédia grega contemporânea: a peça A Vertigem dos Animais antes do Abate, mais um projeto liderado por Luciano Alabarse, fica em cartaz no Theatro São Pedro de amanhã até domingo. A nossa bestialidade primitiva em cima do palco, a nu, com elenco, direção e música de primeira. Para adultos de estômagos fortes – masculinos ou femininos.
10 de julho de 2014
Martha Medeiros, Zero Hora
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