Para se ter uma ideia, o slogan central das principais pré-candidaturas está centrado na “fazeção”: fazer mais e melhor. Tanto a presidente Dilma Rousseff quanto o governador Eduardo Campos trabalham nessa direção.
O repertório de denúncias começa a ser reaberto, a lembrar, com mais de ano de antecedência, as conhecidas querelas entre o principal partido da situação, o PT, e o principal partido da oposição, o PSDB. Mensalão contra “trensalão”.
Ao contrário do que seria de esperar, a sociedade parece esgotada. Não se anima com essa bateria de denúncias recíprocas. Há uma razão para tanto: a repetição cansativa de escândalos embrutece a sensibilidade.
O governo federal enfrenta contrariedade em sua própria base. É reativo, perdeu o comando da ação. A presidente ainda não se convenceu da necessidade de mudar o time que faz articulação política. Os governadores mais se assemelham a dândis na escuridão. Aguardam, com expectativa, as pesquisas para saber se deverão continuar a surfar na onda governista ou preparar o barco para novas travessias.
Já os parlamentares esperam que a presidente mude seu comportamento. Hora de cobrar as emendas para as bases. É bem verdade que o balcão das trocas foi aberto, mas talvez a moeda sonante ainda seja escassa para enfrentar uma semana decisiva: a que vai decidir sobre a derrubada dos vetos presidenciais.
Há quatro vetos que podem ser derrubados, o que significaria, neste momento, mais um tsunami de dissabores para a presidente Dilma.
SUCESSÃO
A disputa sucessória antecipada dá o tom. Pré-candidatos correm atrás de apoio dos partidos, inclusive o tucano José Serra, que começa a pôr obstáculos no caminho do correligionário Aécio Neves. Fala-se de tudo e com todos. Mas conceitos e programas ficam a desejar.
As oposições não encontraram rumo. Dilma, apesar da ojeriza que parece conservar sobre a classe política, continua como franca favorita, apesar de se saber que os opositores, hoje, somariam mais de 50% das intenções de voto. Ela teria algo como 40%. Segundo turno na certa. Claro, se a disputa contar com Dilma, Aécio, Serra, Marina e Eduardo Campos.
O que será difícil, levando-se em consideração que Lula ainda tem poder de influência sobre o governador pernambucano e Serra poderá recuar e vir a se candidatar a senador pelo PSDB. E não a presidente da República pelo PPS.
Procura-se um bode expiatório para a crise. Tucanos estão sob a mira do PT. Tudo vai depender dos resultados das investigações sobre o “affaire” dos trens. Que se espraia por algumas capitais do país, não se restringindo a São Paulo.
Mas o governo federal também é foco das pressões. O fato é que é refém de três ameaças que podem influenciar o processo eleitoral: o baixo crescimento do país, a volta da inflação e o cofre apertado.
(transcrito de O Tempo)
22 de agosto de 2013
Gaudêncio Torquato
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